Os esmaltes de Maria P. Carvalho testemunhos de uma tensão espiritual

Emanuel von Lauenstein Massarani
07/11/2003 14:00

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Artista Maria P. Carvalho<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/hist/MPCarvalho71103.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Obra Outono serrado<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/hist/Arvore71103.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

Maria P. Carvalho percorre os caminhos da arte de há muito. Seus primeiros trabalhos foram a óleo e, atualmente, segue na direção de uma nova forma de representação estética: o esmalte sobre cobre.

Artista independente, inteiramente afastada das polêmicas sócio-politico-culturais, se mostra sensível àqueles valores de pesquisa visual que implicam em novas experiências estéticas. Separada assim da crise de valores tradicionais, encontrou uma saída natural no processo de transformação que comporta necessariamente a busca de uma nova representação.

Escultura e pintura ao mesmo tempo, suas gravações sobre cobre são trabalhos policromáticos onde a figuração se liberta de toda atitude de inquietação, para encontrar uma nova solicitação estética que acentua com maior plasticidade a resposta entre linha, forma e volume. Ela interpreta, com um novo sentido de modernismo, uma realidade que na semelhança exaure qualquer estimulo de busca de novas formulas espaciais.

Maria P. Carvalho sabe conferir a seus esmaltes sobre cobre o valor de escultura, gráfica e pintura contemporaneamente. Sobre um desenho amplo, construído e concebido abstratamente, coloca suas paisagens cujo valor é cromaticamente exaltado pela luminosidade do metal que resplandece sobre as nuances escurecidas existentes ao fundo.

Encontramos na artista uma notável segurança gráfica, um gosto singular pela matéria, uma certeza cromática invejável. Especialmente na natureza a artista grava em suas obras um significado messiânico. A simbologia, a mensagem e a exigência de proteger e preservar a natureza é direta e evidente.

Sua relação com a realidade natural exclui qualquer intervenção externa, não consente duvidas, incertezas e ambigüidade frente às imagens. Suas paisagens não constituem tão somente excelente representação de florestas, colinas, caminhos, são sobretudo documentos e testemunhos além da realidade que representam, de uma tensão espiritual rara em nossos dias.

Cuidadosamente elaborada, a obra "Outono serrado", doada ao Acervo Artístico da Assembléia Legislativa, traduz um estado de espírito, no âmbito de um sentido recolhimento poético.

A Artista

Maria P. Carvalho nasceu em 1940 no Rio de Janeiro. Fez cursos de joalheria na Escola de Joalheria Bell'Arte de São Paulo e no The Art League School, Alexandria, EUA; de esmalte na Casa da Fazenda do Morumbi e na The Art League School, Alexandria, EUA; de gravura em metal no Clube de Artes de Leda Watson, Brasília, DF, e na The Art League School, Alexandria, EUA.

Participou de inúmeras exposições individuais e coletivas no Brasil e no Exterior, destacando-se entre elas: "El Arte de Brasília" na Galeria Áries Rafael Matos. Lomas de Chapultepec, México (1988); Metalwork'98 Rockville Arts Place, Rockville, EUA (1998); "Metalwork 2000", The Target Gallery, Alexandria, EUA (2000); "A Arte do esmalte sobre metais", Estação Júlio Prestes, São Paulo; "Casa da Cultura" em Santo Amaro e Espaço Cultural Citibanck, SP; "Metalwork 2002", The Target Gallery, Alexandria, EUA (2002); "A Arte do esmalte sobre metais", Casa da Cultura de Santo Amaro; "Art Dez, Fome Zero", Casa da fazenda, SP; "Primavera nas cores", Espaço Cultural Citicorp, SP e 5eme. Rencontres Internacionales de l'Émail", Morets França (2003).

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