Mandado de segurança barra imprensa na CPI da pirataria


11/11/2003 22:02

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Deputado federal Júlio Lopes <a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/hist/Pirataria1.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Deputados que integram a CPI federal <a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/hist/Pirataria2.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

DA REDAÇÃO

Mandado de segurança assinado pelo Ministro Cezar Peluso, do Supremo Tribunal Federal, impediu, na manhã desta terça-feira, 11/11, o acesso de câmaras de televisão, gravadores e máquinas fotográficas ao depoimento que o empresário Law Kin Chong, dono do Shopping 25, deu à CPI federal que apura a pirataria.

Os deputados demonstraram indignação com o fato, afirmando que Law obteve uma regalia que não foi concedida a nenhum dos juízes federais acusados de pertencer ao esquema de venda de sentenças investigado pela Operação Ananconda. " Vivemos hoje um episódio que nos remeteu aos tempos da ditadura. Na ocasião, era a ditadura das armas, hoje é a ditadura da caneta", afirmou o deputado federal Wagner Rubinelli, referindo-se à proibição.

A CPI, em uma ação surpresa, saiu para realizar diligências, acompanhada de policiais federais e do GOE - Grupo de Ações Especiais da polícia paulista. Uma equipe da Secretaria da Fazenda também se juntou à ação, que teve como objetivo verificar quatro locais em que Law mantém negócios. As diligências se concentraram na Rua Barão de Duprat e em um depósito localizado na rua do Bucolismo, quando foram apreendidos vários produtos fruto de contrabando e verificada a existência de várias irregularidades.

Os deputados da CPI que não acompanharam as diligências permaneceram no prédio da Assembléia para colher o depoimento de Law Kin Chong, que se declarou totalmente disposto a colaborar com os parlamentares. Inquirido sobre seus negócios, Law, que é considerado pela polícia federal um dos maiores contrabandistas do país, afirmou só trabalhar com incorporação e administração de shopping, e disse não ter sido condenado em nenhum dos processo movidos contra ele.

A história de Law é antiga: a revista Isto É publicou, em julho de 1998, matéria em que faz um retrato do chinês naturalizado brasileiro. A matéria cita inclusive os títulos recebidos por Law. Projeto de autoria do então vereador Hanna Garib, aprovado pela Câmara Municipal, concedeu-lhe em março o título de cidadão paulistano.

Segundo Júlio Lopes, também membro da comissão, o depoente é pessoa que possui uma ampla rede de influências, " basta este mandado para comprovar com quem estamos mexendo", afirmou. Law Kin Chong deverá ser ouvido novamente pela CPI, que espera o resultado das diligências para reunir material que possa comprovar as ligações de Law com o contrabando.

Máfia chinesa

O deputado Wagner Rubinelli indagou de Law se ele tem sofrido pressões da máfia chinesa e se tem ligações com o contrabandista Eleutério da Silva, Lobão. Law respondeu que não, porém confirmou sua amizade com Hanna Garib e com Célio Scapaticio, advogado de Lobão. Também negou que conheça funcionário do Porto de Santos e que tenha presenteado alguma autoridade.

O relator Josias Quintal inquiriu Law sobre sua relação com o delegado Bellini. O depoente afirmou conhecê-lo superficialmente, mas admitiu que comprou brinquedos para o delegado fazer doações de Natal e que, eventualmente, almoça com Bellini no Restaurante do Árabe.

Law disse que desconhece a expressão 'a última carruagem vai passar', frase dita por Bellini a Law durante ligação feita em 21 de janeiro de 2003, às 19h15. Em outra ligação, em 17 de dezembro de 2002, às 17h48, Bellini recomendou cuidado, o que Law afirmou referir-se a precauções contra seqüestro e assaltos.

O presidente da CPI, deputado Luiz Antonio de Medeiros, declarou que Law mentiu em seu depoimento, contraditório a informações de outro depoente, e que poderia prendê-lo por perjúrio, mas que não o faria para não intervir no trabalho de investigação que a polícia já está fazendo para apurar as denúncias contra Law.

Law deverá ser novamente ouvido, da próxima vez em Brasília, bem como sua esposa, Hwu Su Chin Law, que não compareceu nesta terça, encaminhando atestado médico.

alesp