Os 90 anos da Sociedade Rural Brasileira (SRB) foram comemorados em sessão solene realizada no plenário Juscelino Kubitschek na manhã desta segunda-feira, 22/6. O presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo, deputado Barros Munhoz, abriu a solenidade destacando que poucas são no Brasil as entidades que atingiram essa idade.
Requerida pelo deputado Davi Zaia (PPS), a sessão solene reuniu quase todos os presidentes da entidade das últimas duas décadas. Na mesa de trabalhos, estavam três deles, o atual presidente Cesário Ramalho da Silva, o ex-ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, e o secretário estadual da Agricultura e Abastecimento, João de Almeida Sampaio Filho. Alencar Burti representou a Associação Comercial de São Paulo, considerada a entidade mãe da aniversariante e que tem entre seus associados muitos membros da Sociedade Rural Brasileira.
Contra o preconceito
O presidente Barros Munhoz disse que fez questão de participar da abertura da solenidade por ter orgulho da Sociedade Rural Brasileira e daqueles que passaram por ela. "São Paulo e o Brasil devem muito a vocês, pela defesa do patrimônio e do futuro deste país". Ele também criticou as autoridades econômicas e fazendárias do governosfederal pelo preconceito com que trata o setor agrícola.
Barros Munhoz disse que, enquanto bancos e montadoras recebem incentivos fiscais, o setor agropecuário tem sérios obstáculos para ser atendido em suas demandas creditícias ou tributárias. Em relação ao Legislativo paulista, o presidente declarou: "Peço desculpas aos senhores pela nossa frágil atuação com relação à agricultura". Ele comprometeu-se a trabalhar para que o setor tenha o reconhecimento que merece.
Sociedade da convicção
O presidente da Sociedade Rural Brasileira, Cesário Ramalho da Silva, agradeceu aos deputados Davi Zaia e Barros Munhoz pela homenagem e ressaltou que a entidade que representa deu muito mais ao país do que recebeu dele. "Esta é a sociedade da convicção, não da conveniência", declarou Silva, acrescentando que a SRB se constitui na entidade pensante da agricultura brasileira.
Cesário Ramalho da Silva falou sobre os principais desafios vividos pelo setor agrícola, uma combinação, segundo ele, de custos elevados, impostos e entraves de natureza ideológica colocados por ativistas ambientalistas. O presidente da SRB disse que é preciso cuidar da Amazônia, mas que agricultores e pecuaristas não podem ser confundidos com grileiros e desmatadores que atuam na região.
"O maior desafio do agronegócio é crescer de forma sustentável", sintetizou o presidente da SRB, destacando que é preciso sensibilizar a sociedade com relação à importância da agricultura e da pecuária para a economia do país. O setor responde por 30% do PIB brasileiro e por 30 milhões de empregos.
"A terra representa apenas uma parte da produção agrícola", disse Silva ao sublinhar a importância de outros fatores de produção presentes no agronegócio, um setor moderno que depende de quatro elementos básicos: tecnologia e promoção de desenvolvimento e pesquisa; defesa sanitária; política de defesa da renda agrícola; e políticas de infraestrura e transportes.
Ex-presidentes
Os ex-presidentes da Sociedade Rural Brasileira Flávio Teles de Menezes, Pedro Camargo Neto, João Sampaio Neto e Roberto Rodrigues também fizeram pronunciamentos dirigidos aos conselheiros, associados e convidados.
Flávio Telles de Menezes, em nome do conselho da SRB, disse que a entidade, que não recebe recursos públicos, manteve ao longo das nove décadas uma linha de conduta baseada na defesa da agricultura e da pecuária, "atividades mais antigas do país e que têm sido a coluna vertebral da economia brasileira".
Pedro Camargo Neto ressaltou o papel da entidade na defesa das idéias que sustentam a importância da agricultura para a economia do país e falou sobre a necessidade de uma parceria firme e consistente entre o setor e as autoridades governamentais.
João Sampaio Neto disse que o espírito que domina a Sociedade Rural Brasileira não é o do corporativismo e do individualismo, mas sim o da defesa do bem comum.
Roberto Rodrigues, ao dizer que as instituições são aquilo que as pessoas que as integram fazem delas, lembrou que a SRB é presidencialista e, por isso, é fruto da capacidade de seus líderes. "Os presidentes da SRB colocaram no cenário da agricultura brasileira o que há de mais moderno e perfeito", disse ele.
Debate amplo
O deputado Davi Zaia concluiu as homenagens afirmando que a Sociedade Rural Brasileira reflete também a história da agricultura no Estado de São Paulo. "Se o Estado tem a agricultura que possui hoje é em razão da importância histórica desta para a nossa economia, inclusive determinando a origem da industrialização".
Zaia reconheceu as dificuldades vividas pelo setor no tocante à fragilidade das políticas de crédito e à falta de apoio governamental. Entretanto, exaltou o otimismo que faz parte da natureza dos produtores agrícolas como motores para a continuidade da atividade.
O parlamentar disse que a Assembleia Legislativa está aberta para debater as questões que dizem respeito ao setor, como, por exemplo, as discussões sobre o Código Florestal. "Temos a obrigação de fazer um amplo debate, ouvindo os diversos setores da sociedade. Só assim poderemos garantir o equilíbrio entre posições divergentes e a manutenção do desenvolvimento econômico, bem como a garantia do emprego e da renda para o conjunto da população".