Foi lançada, em 18/10, a Frente Parlamentar pela Habitação e Reforma Urbana, por iniciativa dos deputados Mário Reali e Simão Pedro, ambos do PT. Estiveram presentes os deputados Roberto Morais (PPS), Barros Munhoz (PSDB), Maria Lúcia Prandi e Marcos Martins (ambos do PT), e representantes de diversas entidades do setor habitacional. Na abertura dos trabalhos, o presidente efetivo da Alesp, deputado Vaz de Lima, saudou a iniciativa de lançamento da frente.Mário Reali afirmou que há um "clima interessante para o avanço da discussão da questão ambiental", lembrando o lançamento pelo governo federal do PAC para a questão da moradia e do saneamento. A mesa de abertura dos trabalhos foi composta também por Inês Magalhães, secretária nacional de Habitação do Ministério das Cidades; Lair Krahënbühl, secretário estadual da Habitação; Evaniza Rodrigues, representante da União dos Movimentos de Moradia; e Nabil Bounduki, urbanista e professor da FAU/USP.Lair Krahënbühl destacou a intenção do governo estadual de viabilizar empreendimentos para pessoas com renda de até 3 salários-mínimos, em parceira com a Caixa Econômica Federal e de entregar casas populares com infra-estrutura que inclui lajes e aquecimento solar. O secretário comunicou a existência de estudos para a criação de um fundo garantidor das operações de crédito habitacional, com participação de recursos de instituições financeiras privadas.A necessidade de tornar "a habitação uma política pública perene" foi lembrada por Inês Magalhães, representante do Ministério das Cidades, para vencer o "desafio de dar acesso e condições dignas de habitação em futuro próximo", sendo que para isso será lançado o Sistema Nacional de Habitação de Interesse Popular, com a concessão de recursos também às cooperativas.Representante da União de Movimentos de Moradia, Evaniza Rodrigues destacou o papel da frente parlamentar de discutir a "construção de uma política habitacional e de reforma urbana". O urbanista Nabi Bounduki pediu a criação de um Fundo Estadual de Habitação, com controle da aplicação de recursos e afirmou que a questão do saneamento básico não pode ser esquecida.Maria Lúcia Prandi parabenizou a luta das entidades por moradia e afirmou que os recursos aplicados em habitação popular devem ser fiscalizados pela população. O deputado Marcos Martins solidarizou-se com a questão da reforma urbana e citou a realização em Osasco da Conferência Estadual das Cidades. Sidney Eusébio, da Central de Movimentos Populares, louvou a possibilidade de participação popular na questão da moradia e insistiu no direcionamento dos recursos para a população de baixa renda. O vice-presidente da área da Habitação Popular do Sinduscon, José Carlos Molina, citou que o déficit de moradias no Estado chega a 1,5 milhão de casas, e considerou que é necessária a redução da burocracia existente.A proposta de que qualquer loteamento habitacional destine 10% de sua área para construções de interesse social, foi feita por Nelson Saule, representante do Instituto Pólis, que espera a aprovação na próxima semana da emenda 14 à MP 387/07, que concede recursos do PAC para o Programa de Subsídio à Habitação de Interesse Social. "Leis há, mas faltam verbas", considerou Verônica Kroll, da União de Movimentos de Moradia, que também espera a aprovação da MP da Habitação, e defendeu o uso de ocupações de imóveis como forma de luta. Representante do Instituto Pólis, Patrícia Cardoso, considerou que a proposta do Executivo estadual, que cria o Sistema Paulista de Habitação e Interesse Social não contempla a população de baixa renda, pois permite o financiamento de moradias a pessoas com até dez salários-mínimos de renda familiar, defendendo revisão deste quesito. Ros Mari Zenha, pesquisadora do IPT, defendeu a construção de moradias populares com qualidade técnica, e citou a existência de estudos de materiais alternativos dos institutos de tecnologia. A necessidade de integração das políticas públicas de habitação, saneamento e meio ambiente foi lembrada por Nélson da Silva, representante da Federação Nacional dos Urbanitários da CUT.Na segunda parte do evento, aberta para colocações do público presente, lideranças populares reforçaram a necessidade de moradia digna para pessoas com renda inferior a três salários-mínimos, com infra-estrutura urbana e a regularização de lotes de ocupação. Foi proposta também a presença de representantes do setor imobiliário e de movimentos populares por habitação em reunião futura da frente. Os deputados proponentes da Frente Parlamentar pela Habitação e Reforma Urbana agradeceram a presença das entidades e informaram que a proposta de criação do Sistema Paulista de Habitação e Interesse Social será também discutida.