Sam pinta por uma necessidade primitiva. Ele encontra sua motivação exterior no próprio ato em que se manifesta e se materializa o gesto. Suas pinceladas não bloqueiam as formas na estabilidade de uma estrutura de desenho-luminosidade, mas fragmentam o tecido matérico numa quantidade de traços e de manchas que encontram unidade e harmonia no movimento geral da composição.Na possibilidade comunicativa da cor e na gestualidade que identifica traço, forma, imagem e linguagem numa única síntese operativa, o artista encontrou a verdade de sua mensagem, que não pede somente para se liberar por necessidade própria, mas aspira ser aceita num diálogo onde a pintura deseja ter a substância do dom e o significado de um rito antigo.Neste sentido, sua pintura está ligada às tradições da cultura popular pela qual nenhuma graduação, nem de mérito, de substância ou de procedimentos, é possível entre arte, artesanato e metier.Para escapar de uma clausura interior e da monotonia da vida reclusa, Sam se lançou nestes últimos anos à pintura com paixão. Sua natureza sensível despertou para um novo caminho e ali encontrou um fértil campo de ação.A obra Subindo o Rio Mississipi, doada ao Museu de Arte do Parlamento de São Paulo, nos transmite, através de um cromatismo envolvente, a atmosfera fluida e noturna criada pelas antigas embarcações que subiam o maior rio americano.O artistaSam, pseudônimo artístico de Samuel Pinheiro da Silva, nasceu em São Paulo, em 1958. Após concluir o ensino fundamental, foi durante anos metalúrgico em empresas da capital. Morou no Jardim São Bernardo e, posteriormente, na Vila São José, onde se iniciou na pintura e instalou o seu ateliê. De 1999 a 2001, como reeducando, prestou serviços junto à Secretaria de Recuperação de Bens Culturais, Artísticos e Ambientais, onde se especializou no restauro de móveis e edificações antigas. Paralelamente, no Parque da Água Branca, sede daquela secretaria, exercia atividades artísticas, expondo ao ar livre e dando aulas de pintura a pessoas da terceira idade.Atualmente, além de pintar quadros, tem se dedicado a pintar grandes murais em edificações públicas no interior do Estado, inspirando-se em motivos da natureza. Realizou diversas exposições no Parque da Água Branca e no Espaço Cultural da Funap (Fundação de Amparo ao Preso) e tem programada uma mostra individual para o Espaço Cultural V Centenário da Assembléia Legislativa.Possui obras em varias coleções particulares e no acervo do Museu de Arte do Parlamento de São Paulo.