A CPI que investiga supostas irregularidades na privatização da Eletropaulo na Assembléia, presidida pelo deputado Antonio Mentor (PT), colheu nesta terça-feira, 13/5, o depoimento de Antoninho Marmo Trevisan, presidente da BDO Trevisan, Auditoria, Advisory Services e Tributos, empresa que participou como consultora do processo de venda da estatal. O empresário veio acompanhado por seu sócio Luiz Nélson Araújo, que coordenou o trabalho de avaliação da Eletropaulo. Em resposta à indagação do relator João Caramez (PSDB) sobre a ação que corre na Justiça questionando o valor do patrimônio da Eletropaulo, também vendido no processo de privatização, Trevisan afirmou que não houve ilegalidade na venda desses bens. O contador e empresário explicou que se faz muita confusão entre venda de patrimônio e venda de uma empresa. Para ele, "uma empresa é algo vivo, inclui um princípio de continuidade. Se ela, enquanto empresa, não gera lucro, seus bens patrimoniais têm pouco valor". Respondendo a outra indagação do relator, Trevisan falou que sua empresa não participou da elaboração do modelo de privatização da Eletropaulo. O contador afirmou também que a privatização atendeu às determinações legais tanto federais como estaduais. Segundo esclareceu ainda Trevisan, sua empresa fez o que se denomina Serviço A, ou seja, avaliou o fluxo de caixa futuro da Eletropaulo à época (no ano de 1997), em que se iniciou o processo de licitação para a privatização da estatal. Trevisan esclareceu que o fluxo de caixa futuro é uma avaliação dos lucros futuros que dada empresa pode gerar e baseia-se em metodologia de origem inglesa, adotada mundialmente. "Em todos os continentes é adotada essa mesma modelagem, aceita tanto por compradores como por vendedores (de estatais que são privatizadas)", disse ao referendar o método utilizado na avaliação feita pela BDO Trevisan. Próximas oitivas A CPI aprovou na mesma data cinco requerimentos de autoria do deputado Jonas Donizette (PSB). Dois deles convocam Eduardo Anunciato, secretário-geral do Sindicato dos Eletricitários do Estado de São Paulo, e Antonio Ganin, superintendente de Fiscalização da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), para comparecerem à CPI para prestar esclarecimentos sobre o processo de privatização. Dois requerimentos solicitam documentos pertinentes ao assunto à Aneel e ao Conselho Regional de Engenharia (Crea/SP), e um pede ao Conselho Regional de Contabilidade (CRC/SP) para avaliar se seria possível a este órgão fazer perícia nos balanços da AES Eletropaulo desde 1998, qual o prazo e o preço para sua realização. A reunião teve ainda a participação dos deputados Enio Tatto (PT), José Bittencourt (PDT), Jonas Donizette (PSB), Fernando Capez (PSDB) e Aldo Demarchi (DEM).