Em reunião que marcou a retomada dos debates promovidos pela Frente Parlamentar das Hidrovias neste segundo semestre, o deputado João Caramez (PSDB), seu coordenador, avaliou como bastante satisfatórios os resultados que a frente tem alcançado. Convidado a realizar uma explanação sobre o trecho hidroviário Tietê-Paraná, Frederico Bussinger, diretor do Departamento de Hidrovias da Secretaria dos Transportes, após frisar que o mundo enfrenta quatro grandes crises (energética, congestionamentos urbanos, escassez de alimentos e ameaças ambientais), disse que a hidrovia se apresenta como uma alternativa ante essas dificuldades. Na semana em que se comemora de forma oficial a preservação do rio Tietê, Bussinger destacou vantagens que as hidrovias apresentam em comparação aos modais rodoviário e ferroviário. Ele mostrou dados referentes a tempo de viagem e custo de frete entre Jataí/Rio Verde e Santos, que conferem vantagens ao sistema hidroviário. Diferenciando rios de hidrovias, o diretor afirmou que "o velho Tietê era navegável antigamente, mas possuía trechos de difícil transposição". Segundo ele, foram necessários investimentos em eclusas, canais, terminais e outros equipamentos para transformá-lo em um leito navegável. A hidrovia Tietê-Paraná, atualmente com cerca de 600 quilômetros navegáveis, recebeu em 50 anos, sem contar o gasto com as eclusas, investimento de R$ 2 bilhões, conforme declarou Bussinger. Ele ressaltou que, por vezes, alguns pequenos investimentos resultam em grandes resultados. Hidroanel Segundo expôs Bussinger, a cidade de São Paulo é "privilegiadíssima", já que é banhada pela represa Billings e os rios Tietê, Pinheiros e Taiaçupeba. Por isso, poderia planejar a criação de um hidroanel viário, assim como já se investe nos rodoanéis e ferroanéis. Por fim, citou exemplos de outras grandes cidades, como o caso de Paris, que faz seu transporte de materiais da construção civil em barcaças. A platéia também se manifestou: Adriano Murgel Branco, ex-secretário estadual dos Transportes discordou dos dados referentes aos custos apresentados por Bussinger. Ele observou também que há pelo menos 60 anos se discute o uso múltiplo das águas no Estado. Murgel pontuou que o governo do Estado perdeu o controle da malha ferroviária e alertou que o fato de 93% do transporte de cargas ser feito por rodovias levará a um colapso do sistema. Outro manifestante reclamou da falta de planejamento estratégico que suplante alternâncias de governos e pediu mais apoio da União. Caramez, ao final dos debates, reafirmou ser o Parlamento o canal de interlocução entre a sociedade e o Executivo. "Esses grandes desafios têm de ser trazidos para debate nesta Casa", concluiu o parlamentar.