DA REDAÇÃOIniciativa de caráter inovador, o Parlamento Jovem abriu espaço para uma ousadia própria da juventude: Fábio de Sá e Silva, que é surdo, foi escolhido presidente pelos deputados jovens. Fábio pertence ao minoritário Partido dos Direitos Humanos e se elegeu com projeto que torna obrigatória a presença de um intérprete de libras (linguagem de sinais) em órgãos e instituições públicos e privados que façam atendimento público. Do mesmo partido, Dennis Rocha de Lima, que se locomove em cadeira de rodas, foi escolhido vice-presidente. Com isso, os jovens deram um recado ao Parlamento e à população: está na hora de a sociedade repensar o papel dos portadores de necessidades especiais em todos os setores. A eleição da jovem Mesa Diretora foi uma das principais etapas de uma cerimônia em que a diplomação e o juramento solene marcaram a entrada de 94 alunos do ensino médio no mundo formal da política. Ao tomar posse de seus mandatos, nesta sexta-feira, 14/11, na 5ª edição do Parlamento Jovem, estudantes paulistas assumiram o compromisso de, como parlamentares por um dia, discutir os problemas do Estado e apresentar propostas para temas como a violência, a alfabetização de adultos, a inclusão social e os direitos dos portadores de necessidades especiais. Na presidência dos trabalhos, o deputado Vanderlei Macris (PSDB) diplomou os deputados jovens, assessorado pelo 1º secretário, Emidio de Souza (PT), e pela 4ª secretária, Maria Lúcia Prandi (PT). Em nome dos 93 diplomados (houve uma ausência), a deputada jovem Raquel de Oliveira, eleita pelo Partido da Natureza, leu o juramento.A chapa Renovação Jovem, encabeçada por Fábio de Sá e Silva, foi eleita com 82 votos, quase uma unanimidade. Dennis Rocha de Lima foi eleito vice-presidente, Filipe Falcão (Partido da Habitação) é o 1º secretário e Giovanna Mabellini (também do Partido dos Direitos Humanos), 2ª secretária. A chapa adversária, Democracia Jovem, constituída apenas por mulheres, teve oito votos. Três deputados se abstiveram de votar. Proclamado o resultado, o deputado Vanderlei Macris anunciou a presença do deputado jovem Diego Milão, que presidiu o PJ 2002, para transmitir o cargo ao novo presidente."Aqui o jovem pratica a cidadania, aprende e se prepara para o futuro", disse Macris, ao comparar o Parlamento Jovem a uma grande escola de cidadania. "O Parlamento de São Paulo é de vocês, jovens paulistas", finalizou.Deputados e jovens deputadosPara o ex-deputado César Callegari, um dos propositores do PJ, juntamente com a deputada Célia Leão (PSDB), o evento é um grande exemplo para o país, neste ano em que se completam os 180 anos da instituição do Parlamento no Brasil. "Todo o processo que envolve a preparação do Parlamento Jovem sinaliza a construção de um conjunto de novos valores para a sociedade brasileira", ressaltou."Os jovens não só fazem o futuro, mas garantem o presente", afirmou a deputada Célia Leão, acrescentando que "todos que aqui estamos participamos de um esforço coletivo, ajudando a construir um país melhor".Para o 1º secretário Emidio de Souza, é muito importante trazer para dentro do Parlamento a inquietude da juventude, que permeia todas as questões que afligem nosso tempo: insegurança, saúde, educação. "Os deputados paulistas devem refletir sobre as propostas que vocês hoje fazem", ressaltou. Se para os parlamentares experientes o PJ revigora a prática parlamentar, para os estudantes que se tornam deputados jovens o evento é importante por incentivar a participação ."A partir de minha primeira participação no PJ, em 2000, melhorei muito meu engajamento político na sociedade", confirma o deputado-jovem Leandro Martinez, reeleito pelo Partido da Agricultura. Para ele, é importante mudar a imagem negativa que os jovens têm da política: "Os jovens estão desinteressados pela política porque pensam que todo mundo que milita nesse meio é bandido. Temos que mudar essa imagem."Escolhido líder do Partido da Juventude, pelo qual se elegeram seis deputados, o deputado-jovem André Luiz Antoniel apresentou projeto que visa à erradicação das drogas nas escolas. "Depois que conheci a Assembléia Legislativa, seu funcionamento, comecei a me interessar mais por política, a política correta", disse. "O Parlamento Jovem é um grande aprendizado e precisa ser mais divulgado, pelos próprios deputados, nas escolas", completou.Com 33 deputados eleitos, a maior bancada do PJ 2003, o Partido da Educação escolheu para liderá-los Lucilena Bueno, que apresentou projeto criando programa para a prática da cidadania nas escolas. "O estudante tem o dever de praticar ações sociais em sua escola, em sua cidade, em seu país. Meu projeto quer incentivar essa ação cidadã nas escolas", explicou.