A liberdade dos artistas naif"s é ligada ao que eles representam como lhes apetece, e como eles amam. "Naif" na língua francesa significa ingênuo e, portanto, não tem o mesmo sentido do primitivo. Um ser aculturado pode ser ingênuo e ter um profundo grau de pureza. Rodolpho Tamanini Neto traduz com ingenuidade um universo onde se reencontram as paisagens familiares, as horas do dia, os homens, as plantas e as coisas.O artista envolve o observador com uma pesquisa estilística consolidada. Sua aproximação ao detalhismo e à exaltação dos valores tonais é de um artista com uma surpreendente experiência, o impulso à descrição se desenvolve dentro de uma sábia análise volumétrica.As imagens, nas quais as arquiteturas reclamam um papel preeminente, se desenvolvem pouco a pouco e se tornam representação pictórica de excelente nível. O estudo da luz e dos espaços sugere desenvolvimentos cada vez mais promissores. Tamanini parece ter nascido com a paisagem urbana e com ela demonstra ter um elo visceral, ele é capaz de colher o sentido das transformações de sua terra natal: São Paulo.Compreende-se perfeitamente a qualidade desse artista em toda as suas projeções. Meditando sobre a musicalidade das notas ou dos versos poéticos que aparecem espontâneos, ao observar suas obras, mais forte se torna sua interioridade artística.O seu prazer de vida se identifica com os espaços escondidos, além das imagens reais, dos centros urbanos, dos campos, das colinas e das favelas. Muito além daquela vida aparente, densa de significados e de consonâncias, o pintor prepara na tranqüilidade prazerosa dos infinitos, outras agradáveis e misteriosas harmonias.Poesia, espontaneidade e fantasia são evidentes em "Paz na terra", obra doada ao Acervo Artístico do Parlamento Paulista. Tamanini detalha a vida com minúcias do cotidiano e conforme ele próprio acentua: "são importantes para formar uma vida em obra ou uma obra em vida".O ArtistaRodolpho Tamanini nasceu em São Paulo em 1951. Artista autodidata, realizou diversas exposições individuais, entre as quais destacam-se: Mini Galeria USIS, SP (1971); Galeria no Sobrado, SP (1972); Espaço Cultural Caterpilar, SP (1973); Galeria Itaú, SP (1975); Espaço Cultural Clube Naval de Brasília (1976); Galeria do Instituto Brasil-Estados Unidos, SP (1977); Galeria Cravo e Canela, SP; Caixa Econômica, SP; Museu do Sol, Penápolis, SP (1980); Galeria Jaen-Jacques, RJ (1982, 1984 e 1988); Galeria Jacques Ardies, SP (1980, 1982, 1992, 1995 e 2001); Espaço Cultural Sambra, SP (1982); Espaço Cultural Mário Pedrosa, SMC, SP; Solar da Marquesa dos Santos, SMC, SP; Centro de Cultura Patrícia Galvão, Santos, SP (1998); Hall da Secretária de Estado da Cultura, Curitiba, PR; Espaço Cultural da Biblioteca Alceu Amoroso Lima, SP (1999); "Croquis e Resultados", Espaço Cultural da Biblioteca Alceu Amoroso Lima, SP (2001); Centro Cultural Bernardo Mascarenhas, Juiz de Fora, MG; Fundação Cultural São João Nepomuceno, MG (2002).Participou também de inúmeras exposições coletivas: Museu do Folclore, SP (1970); Chapei Art Show, Colégio Maria Imaculada, SP (1970 a 1995), Bilder aus Brasilien, Holtzinger Gallery, Munique, Alemanha (1971); Brazil Expo 73, Falais dês Painters, Bruxelas, Bélgica (1973); Brazilian Naive Painters, mostra itinerante, EUA (1971 a 1976); Brazilian Naive Art, Grinter Gallery, Miami, EUA (1978); "Arte Original Brasileiro", Bonis Hall, Manchester e Londres, Inglaterra (1980 a 1982); Panorama da Pintura Ingênua, Galeria Jean-Jacques, RJ (1981 a 1988); 8 Peintres Naïfs Brésiliens, Galerie Pro-Arte Kasper, Morges, Suíça e Marseille, França (1983 e 1985); Brasilianse Naivistike Malere, Lyngdy, Kunstforening, Copenhagen, Dinamarca (1986); "Dois Mineiros, Um Paulista", Galeria Jacques Ardies, SP (1987); "Arte Naif", Galeria Jacques Ardies, SP (1990); Brazilian Art Collection, IMF Visitor Center, Washington, EUA (1991); Brazilian Naive Art, Art Space Gallery, Atlanta, EUA (1992); Braziliam Naive Art, The Alternative Gallery, Kansas City, EUA (1993); Galeria Jacques Ardies, SP (1994); L"Ambre de Noel, Galerie Jacqueline Bricard, Lourmarin, França (1995); Museu d"Art Naif, Figueiras, Espanha (1999); "Arte Naif", Galeria Aliança Francesa, SP (2000); Galerie Megic Ve Dne, Budejovice, República Tcheca (2002); Galerie Futura, Praga, República Tcheca (2004); "Uma viagem de 450 anos", SESC Pompéia, SP; "A Hebraica", "Exterior/Interior", SP (2004).Suas obras encontram-se em inúmeras coleções particulares e oficiais e suas referências publicadas em catálogos e livros de artes plásticas nacionais e estrangeiros.