As composições florais de Josifa Aharony: uma janela aberta sobre a natureza

Acervo Artístico - Emanuel von Lauenstein Massarani
27/10/2004 14:00

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Josifa Aharony <a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/hist/josita.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Vaso de flores<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/hist/josifa obra.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

A pintura de Josifa Aharony é de contemplação da natureza, de uma natureza benévola, colorida e inevitavelmente próxima de um certo impressionismo tardio. Paisagens, naturezas-mortas, flores são os temas que caracterizam as seqüências dessa pintora sincera e conscienciosa. São temas sobre as quais trabalha com o intento preciso de homenagear a natureza que nos cerca e, contemporaneamente, com o íntimo e insuperável desejo de fazer reviver, de quadro em quadro, os frêmitos ou os sussurros que animam e sustentam cada menor fragmento do chamado "mundo visível".

A artista nos demonstra estar sempre à disposição da imprevisível vitalidade daquele mundo: fixa-o, toca-o e o retrata com a delicadeza e a habilidade de quem soube e continua a olhar, sem nenhuma prevenção, a grande tradição da pintura dos macchiaioli italianos.

A natureza de Josifa Aharony é caracterizada seja por uma escrupulosa sinceridade, seja pelo panteístico sentimento que a cor consegue exprimir substituindo-se ao desenho que a absorve e a engloba dentro de si, para transmitir emoções e sensações tão universais.

Pesquisadora incansável de novos valores plásticos que ela alcança através da sobreposição constante das cores, seu cromatismo é vivo, elástico e rápido. Em tal contexto compreende-se que a escolha da artista não abandone nenhuma tonalidade, mas assuma todas, aproximando-as eficazmente para suscitar um emotivo significado.

Tudo é emoção em suas telas: a cor que vai de um tom a outro até as mais sutis veladuras, o traço que, rápido e decisivo, constrói a composição floral, mesmo voando aqui e acolá numa livre progressão da pincelada e da espátula, o alternar das superfícies mais claras e das pontuações mais escuras que dão vida a uma evocação de profundidade. Suas composições, como em Vaso de flores, doada ao Acervo Artístico do Parlamento paulista, constituem uma janela aberta sobre a natureza, dentro de uma atmosfera altamente poética.



A artista



Josifa Aharony nasceu em 1942, na Romênia, e após a Segunda Guerra Mundial transferiu-se com a família para Israel. Na década de 1960 veio para o Brasil, onde instalou sua residência e seu ateliê. Formou-se em educação no Instituto Givat Hashiosha, em Israel; em artes plásticas na Fundação Armando Álvares Penteado, em São Paulo, e em psicanálise com pós-graduação na Universidade São Judas Tadeu, em São Paulo.



Durante muitos anos exerceu o magistério paralelamente às atividades artísticas. Foi professora e coordenadora no Colégio Ch. N. Bialik, SP (1961-1965); Colégio I. L. Peretz, SP (1979-1984-1990); Colégio Renascença, SP (1991); e diretora da Escola Israelense Gilboa, SP (1992). Ministrou cursos de pintura, desenho e escultura no seu ateliê Oficina Aberta, SP; na Salomon Shechter School, Westchester, Nova York (1994-1998); e em diversas escolas e galerias de arte.



Estudou cerâmica com o professor Armando de Moral Sedin (1960-1966), pesquisou expressões artísticas em Dusseldorf, Alemanha, (1967-1974-1975), ganhou uma bolsa de estudos do artista José Moraes no seu ateliê de serigrafia (1978-1982) e participou do ateliê de Francisco Silva e Francisco Gallotti (1982-1984).



Formou um grupo de artistas para trabalhar ao ar livre sob a orientação de António Victor (1985-1986); desenvolveu trabalhos com o artista Carlos Sorensen (1986-1988); freqüentou um curso sobre imagem no atelê O Porão, com o artista e poeta Sérgio Cláudio de F. Lima; participou de um grupo de aquarelistas sob a orientação do artista Ubirajara Ribeiro (1989-1990); realizou pesquisas e desenvolveu trabalhos de pintura e escultura em Nova York (1990-1992) e outro relacionado com postura surrealista (1993-1994); desenvolveu trabalhos em vidro com o professor Roberto Bonini sobre transparências (1994-1998).

Entre suas exposições individuais destacam-se: Espaço Cultural Sambra, SP (1987); Espaço Cultural do Hospital Santa Catarina, SP (1988); Espaço Cultural Alamir, Nova York, EUA (1990); Centro La Provence, SP (1991); The YN-YWHA of Mid-Westchester, Nova York, EUA (1997).



Participou ainda das seguintes mostras coletivas: Galeria Grossman, SP; Galeria Traço, SP; Galeria Capela, SP (1983); Galeria Capela, Ribeirão Preto, e Clube Literário de Bragança Paulista, SP (1984); Galeria Itaú, São Carlos e "Geração 80", Espaço Cultural Chap-Chap, SP (1986); "Atelier 393", Espaço Cultural Chap-Chap, SP (1987); "Sete Artistas, Sete Expressões", Franca, e Clube A Hebraica, Caracas, Venezuela (1988); Galeria Municipal de Jaú e Galeria Embu, SP (1989); Galeria Rubayat, SP, e em diversas galerias de Nova York, (1991); 5° Salão de Arquitetura e Decoração, SP, "Arte em Papel", SP, e "Cinco Artistas, Cinco Expressões", Centro de Convenções Rebouças, SP; Galeria Art Shop Finarte e 1a Exposição Arte em Seda (1982); Espaço Cultural da Igreja Messiânica, SP (1995); Clube Sírio-Libanês, SP (1996).

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