O ímpeto direcional e a inquietude das diagonais de Jandyra Waters

Museu de Arte do Parlamento de São Paulo
10/05/2011 10:16

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Convergências<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/05-2011/CONVERGENCIAS.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Jandyra Waters<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/05-2011/ARTISTAjandyra.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

Enquanto Mário Schenberg destacava que o aspecto marcante da obra de Jandyra Waters não é somente o simples geometrismo, mas a sua utilização para a tensão de um conteúdo de tendência esotérica, Theon Spanoudis ressaltava que: "as composições construtivistas dessa artista são como que instantâneos de movimentos convergentes no centro da tela, que de um instante para outro, irão fugir com o ímpeto das diagonais, no espaço cósmico, nos dissolvendo no nada do imponderável e do misterioso".

Houve um momento na história da arte em que a abstração parecia se confundir com o geometrismo que teve em Ben Nicholson e Mondrian seus precursores. A partir de 1945, a arte abstrata se encontrou face a uma opção entre as disciplinas fixas da geometria e a liberdade do movimento gestual.

Jandyra Waters alcançou uma sorte de contemplação do espaço geometricamente definido até a identificação da forma com a estrutura. A intensidade de percepção se manifesta através de um rigor do projeto que insere o seu trabalho no horizonte de um concretismo animado por espirituais ressonâncias e líricas pulsações.

A sua concepção "metafísica" do conhecimento perceptivo obteve justo reconhecimento pela serenidade extrema que a distingue. Por outro lado, seu cromatismo, aplicado dentro da maior perfeição, com tintas acrílicas e contrapondo zonas de diferentes luminosidades opacas, consegue alcançar um resultado de equilíbrio sério e bem construído.

Tanto o seu construtivismo, quanto sua fase abstrata anterior são completamente originais e inconfundíveis. Sua técnica aprimorada e seu hábil virtuosismo foram destacados pelo crítico José Geraldo Vieira, que em 1967 assinalava: "a nova pintura sendo uma equipartição geométrica do espaço, incorpora nesse espaço também um sistema cinético de cores manipuladas em tal sentido que do conjunto resultam vários emblemas e, às vezes, originais siglas".

A cor de Jandyra Waters perde a estrutura física para se tornar luz. Em substância, resolve o problema da cor-luz ampliando-o ao trinômio luz-forma-cor. Em realidade, foi o mesmo problema de Mondrian, mal compreendido por muitos abstracionistas que fizeram obras abstratas, acadêmicas ou escolásticas, desprezando a geometria. Destruir a estrutura física da cor é uma ação mais intelectual do que de sensibilidade. A pintora desenvolve sua ação dentro desse problema fundamental, levando vida à geometria em sua representação natural.



Na obra "Convergências", doada ao Museu de Arte do Parlamento de São Paulo, Jandyra Waters explora o ímpeto direcional e a inquietude das diagonais, o que dá à sua estrutura o dinamismo e o movimento perpétuo do fugaz, ao contrário de outros abstracionistas eminentemente estáticos.





A Artista



Jandyra Waters nasceu em Sertãozinho, São Paulo. Começou a sua vida artística após estabelecer residência na Inglaterra, logo após a II Grande Guerra Mundial, onde estudou na Country Concil Art School de Londres. No seu retorno ao Brasil, continuou seus estudos com o Professor Takaoka (pintura), André Osze (escultura), Grassman e Darel (gravura) e Clóvis Graciano (mural). Cursou, também, história da arte na Universidade de São Paulo.

Participou de inúmeras exposições particulares e coletivas, destacando-se entre elas: Salão Paulista de Belas Artes (1956 e 1957); Salão Paulista de Arte Moderna (1957, 1958, 1962, 1963, 1964, 1965, 1966, 1967 e 1968); Salão de Arte de São Bernardo do Campo (1961, 1962, 1963 e 1964); IX Salão de Artes Plásticas, Rio Grande do Sul (1962); Salão de Arte de Santo André (1962); Salão Paranaense de Belas Artes, Curitiba; Galeria Aremar, Campinas (1963); Clube dos Artistas e Amigos da Arte, São Paulo (1964 e 1969); Galeria K. L. M., São Paulo; Museu de Arte Contemporânea, Campinas (1966); Galeria F. Domingo, São Paulo (1967 e 1971); IX Bienal de São Paulo; XXII Salão Municipal de Belas Artes, Paraná; Salão de Arte Moderna, Brasília (1967); Galeria USIS - Consulado Americano - São Paulo (1969); Auditório Itália, São Paulo (1970); "Abstratos e Geométricos" - Paço das Artes - São Paulo (1971); Pocket Gallery, São Paulo (1972); Galeria Kompass, São Paulo (1973); "Panorama da Arte Atual Brasileira - MAM - São Paulo (1975); Centro de Artes Porto Seguro, São Paulo (1978); Museu de Arte Contemporânea de São Paulo (1979); Galeria Ars Artis, São Paulo; "Arte Transcendente" - MAM - São Paulo (1981); "Brazilian American Cultural Institute, Washington, Estados Unidos (1983); Kourus Gallery, Nova Iorque, Estados Unidos; Itaú Galeria, São Paulo (1984); Espaço Cultural Projeto, São Paulo (1987 e 1992); "Sedução dos Volumes" - MAC - São Paulo; Galeria Lúcia Dantas, São Paulo (1992); Instituto S. Tadeu, São Paulo (1995); Prêmio Quota de Arte, São Paulo (2000).

Possui obras em importantes acervos particulares e oficiais, tais como: Museu de Arte Moderna de Campinas; Fundação Armando Álvares Penteado; Museu de Arte Moderna de São Paulo; Museu de Arte Contemporânea de Skopke, Iugoslávia; Museu de Arte Contemporânea da USP, São Paulo e no Museu de Arte do Parlamento de São Paulo.

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