Fórum Legislativo em Ribeirão Preto reúne representantes do agronegócio


10/11/2003 21:50

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Ribeirão Preto foi sede do Fórum Legislativo de Desenvolvimento Econômico Sustentado realizado no último sábado.<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/hist/rpretocidade.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

DA REDAÇÃO

O Fórum Legislativo de Desenvolvimento Econômico Sustentado realizou no último sábado, 08/11, sua décima terceira reunião na sede da Associação de Engenharia e Arquitetura Agronômica de Ribeirão Preto (AEAARP), que contou com vários representantes do setor de agronegócio.

O presidente da Assembléia Legislativa, Sidney Beraldo, abriu o evento ressaltando que o Fórum foi criado em razão da importância de se debater o desenvolvimento sustentado. "O Fórum conta com dois conselhos, o primeiro é composto por parlamentares que presidem comissões temáticas e o segundo é constituído por representantes da sociedade", explicou o presidente.

Beraldo lembrou que o Fórum tem caráter permanente e tem realizado reuniões em todas as regiões administrativas de São Paulo, para avaliar as vocações econômicas de cada uma. "O Legislativo quer estimular a criação de agências de desenvolvimento regional em todo o Estado."

Ribeirão Preto é, de acordo com o presidente, uma importante região de agronegócio, sobretudo, o sucroalcooleiro. "Além de incentivar o desenvolvimento econômico desse setor, o objetivo do Fórum também é o de idealizar ações sociais que possibilitem o crescimento da inclusão social", disse Beraldo, que concluiu a abertura esclarecendo como e com que finalidade são utilizados o Índice Paulista de Responsabilidade Social e o Plano Plurianual.

Agência de Desenvolvimento do Noroeste Paulista

O prefeito de Ribeirão Preto, Gilberto Maggioni, afirmou que o Poder Público não gera renda ou emprego, mas é um gerador de vetores para isso. "Temos que nos dispor a implementar esses vetores independente de bandeiras partidárias. Dessa forma, criamos a Agência de Desenvolvimento do Noroeste Paulista (ADNP), em parceria com as regiões de Barretos e de Franca", informou o prefeito.Maggioni afirmou que a ADNP deverá discutir os assuntos de interesses comuns às três sedes administrativas e solucionar problemas dessas regiões. "Nossa agência teve atenção especial do Ministério da Saúde, que destinou três milhões de reais para o Centro de Referência do Hospital das Clínicas de Ribeirão."

O deputado Arnaldo Jardim (PPS) disse que o Fórum deverá diminuir a distância entre o Parlamento e a sociedade paulista. Afirmou que o modelo atual de desenvolvimento está esgotado e que é preciso nova forma de o Estado administrar, como, por exemplo, por meio das parcerias público privadas (PPP). "O desenvolvimento sustentado deve ocorrer com distribuição de renda e preocupação com a conservação ambiental."

O líder do PPS apontou que a Região de Ribeirão tem muitos problemas com a queimada e que recentemente a Assembléia aprovou uma lei que busca resolver essa questão. "É com sustentabilidade ambiental e social que a economia cresce sem ficar ao sabor de constantes mudanças na política."

Rafael Silva, deputado do PSB, reforçou as palavras de Beraldo e de Jardim e completou, dizendo que a Região de Ribeirão precisa conhecer melhor seus problemas. "A alta violência que atinge esta região está ligada à falta de oportunidade econômica. É fruto também da frustração dos jovens." Para o deputado, a região tem o benefício de ter um forte setor de agricultura, "pois este setor representa a alimentação que, por sua vez, é a garantia de paz", declarou Rafael Silva, referindo-se à importância do combate à fome para a inclusão social que possibilite a redução da criminalidade.

Agronegócio e preservação ambiental

André Aligheri, diretor da CIESP, afirmou que o papel de sua entidade é contornar as dificuldades do setor econômico. "Percebemos que o ramo de equipamentos médico-odontológicos possuía grande potencial de crescimento nesta região e, assim, importamos 800 milhões em equipamentos para o setor e contamos com futuro investimento do BNDES para incrementar os negócios."

O diretor ressaltou que, com o apoio do Sebrae e da Agência de Promoção do Ministério das Relações Exteriores, foi possível a participação em feiras internacionais do setor que, hoje, exporta cerca de 700 mil dólares.

Genésio Paula Silva, presidente da AEAARP, enfatizou que é preciso facilitar para as empresas o acesso a investimentos. "Entretanto, não se pode deixar de lado a questão ambiental. Esta região pertence ao Comitê da Bacia do Rio Pardo que pretende sanear, em 10 anos, todo o esgoto produzido. Para isso foram criados onze projetos que estão paralisados porque o Fehidro não dispõe de recursos", lamentou Paula Silva, reivindicando a aprovação do projeto de cobrança pelo uso da água, que se encontra com a tramitação parada na Assembléia. "Sua aprovação permitiria a geração de recursos para a recuperação das bacias poluídas."

Reivindicações de prefeitos e empresários

O representante da cidade de Monte Alto (pertencente à Bacia do Turvo), reforçou as palavras de Paula Silva sobre recuperação de bacias hidrográficas e apontou preocupação com o turismo, afirmando que sua cidade possui o maior museu de paleontologia do cone sul, mas que não conta com divulgação.

Irineu Monteiro, da Federação Agrícola do Estado de São Paulo, explicou que a Faesp passou a ter novo enfoque, encarando o produtor rural como empresário de fato. "Os sindicatos rurais orientam os agricultores a manter a legalidade de seus negócios", disse Monteiro, informando sobre outra novidade do setor, o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural, que deverá instalar um núcleo em Ribeirão, em breve. A reivindicação de Monteiro é a reativação do Instituto Agronômico de Campinas -segundo ele, uma instituição líder em pesquisa agropecuária. Laércio Zucoloto, da Associação Comercial de Ribeirão Preto, pleiteou a implementação do pólo empresarial do agronegócio, que para ser efetivado precisa da internacionalização do aeroporto de Ribeirão, de extensão do gasoduto que passa pelo centro do Estado, de cursos de especialização para o setor e de recursos que possibilitem maiores investimentos em equipamentos.

A prefeita de Cajuru, Benedita Margarida Nascimento, comentou a experiência de sua cidade, que criou uma organização não- governamental voltada ao desenvolvimento. "O Instituto Cajuru de Tecnologia procura reunir os municípios da região em torno de um planejamento voltado à criação de micro-regiões, com embasamento no incentivo de atividades que possam crescer economicamente."

Também participaram do evento os prefeitos de Serrana, Valério Galante, de Cravinhos, José Carlos dos Santos, de Cássia dos Coqueiros, João Reis Silva, e de Serra Azul, Wilson dos Santos.

Beraldo está otimista

Ao final do evento, o presidente Beraldo concedeu entrevista para falar sobre as reivindicações apresentadas na reunião. Segundo o presidente, o Fórum tem preocupação com a questão ambiental, sobretudo no que se refere à escassez de água.

Sobre as queimadas, Beraldo lembrou que sua proibição de impacto poderia afetar a mão-de-obra. "Portanto, o projeto prevê a redução gradual dessa prática. Nesta região, em cinco anos, as queimadas deverão ter diminuído em 70%."

Beraldo declarou que o Estado está pronto para atender à expectativa dos representantes do agronegócio. "O PPP prevê a internacionalização do aeroporto, que o Centro Paula Souza deverá aprimorar cursos de especialização de mão-de-obra e a Agência de Fomento deverá financiar futuros investimentos empresariais, por meio da Nossa Caixa", finalizou o presidente.

alesp