A escultura de Marilda Godoy se apresenta como uma arte de denúncia sem passar pelos canais obrigatórios do mundo da angústia, da expressão formal, do "maneirismo" contemporâneo. Ao contrário, ela respira uma vasta dimensão: figuras longilíneas ocupam o espaço em posições de ação. A figura humana não se desculpa por figurar, impõe-se com sua própria presença. A conduta artística dessa escultora, em manter integral adesão à sua impostação, envolvendo-a porém a própria natureza poética, nada sacrificou no altar da polêmica.

Encontramos-nos frente a uma original personalidade de artista, intermediária de diversas exigências de nosso tempo. Dessa situação nascem suas "figuras", onde a pesquisa formal não prevalece sobre a aceitação do peso humano de seus personagens.

Ao observarmos a obra escultórica de Marilda Godoy, verificamos que a escultora não demonstra ter perdido a relação com a viva realidade existencial. Nas suas figuras constatamos uma presença cubista sintética, de geometrismo físico, cuja acentuação revela uma tomada de contato com as idéias dos mestres do abstracionismo, como Klee ou Magnelli. Embora fundadas sobre bases clássicas, são concebidas com o máximo de liberdade, como expressão de um posicionamento, de uma atitude mental, de um estado de sensibilidade e inteligência.

Na escultura Sacerdotisa I, doada ao Acervo Artístico do Palácio 9 de Julho, a artista atinge, no perfil do corpo esguio de sua obra, uma profunda vitalidade inventiva envolvida com elegância e qualidade.

A Artista

Marilda Godoy nasceu em São Paulo no ano de 1952 e radicou-se em Campinas a partir de 1953. Desde criança, era notável seu dom pelas artes fazendo surgir, do giz escolar, figuras humanas. Em 1973, o artista Moretti Bueno, interessou-se por suas microesculturas em giz escolar que eram desbastados com a ponta de um alfinete.

Entre outros cursos freqüentou o Atelier de cerâmica Cássio Ribeiro, em Campinas, SP, sob cuja orientação desenvolveu a técnica "rakú" e esmaltação em cerâmica; o Atelier de Cristina Roese, onde a partir de 1998 aprendeu o processo de fundição em bronze e em alumínio, para suas esculturas em argila. No mesmo ano participou do curso modelagem e fundição em concreto, ministrado pelo artista Antonio Bergamasco.

A artista recebeu inúmeras medalhas, troféus e menções honrosas e participou das seguintes exposições individuais e coletivas: "Atelier Cássio Ribeiro", Campinas, SP; "Losango Caqui, Café e Cultura", Campinas, SP; "1º Arquivision", "Feira de Arquitetura, Construção e decoração do Brasil", Red Eventos, Jaguariúna, SP; "Galeria Coelho Mendes", "Grupo Individualidade", Boulevard Itu Shopping, Itu, SP; "Foyer do Teatro Municipal", São João da Boa Vista, SP; "Galeria de Arte Cristina Roese"; Campinas, SP; "Galeria Shopping", "Teu Nome é Mulher", Campinas, SP; Centro do Professorado Paulista, Campinas, SP; "Galeria Solar do Rosário"; "Grupo Interação", Curitiba, PR; "IX e XII Sindcon-Arte", "V Salão Nacional de Arte Contemporânea", Centro de Convivência Cultural, Campinas, SP; "Galeria de Arte da Emerj", "Escola de Magistratura do Rio de Janeiro", RJ; "IV Semana Fernando Furlanetto", São João da Boa Vista, SP; 1º e 2º "Viver com Arte", Souzas, SP; "Panorama da Arte Brasileira 2002", Palácio Iguaçu, Curitiba, PR; "8º Salão de Artes da Primavera", Itu, SP; "Museu Municipal do Folclore", Penápolis, SP; "V Salão de Belas Artes" Limeira, SP; "XV Salão de Artes Plásticas Francisco Cimino", Amparo, SP; "XV Salão de Artes Plásticas" Mogi Mirim, SP; "Salão de Belas Artes", Itu, SP (2002); VI Salão Nacional de Belas Artes e IV Salão Nacional de Arte Figurativa Moderna (2003).