Latorre imprime na escultura a inquietação e o sofrimento interior do ser humano

Museu de Arte do Parlamento de São Paulo
25/07/2006 16:40

Compartilhar:

Clique para ver a imagem " alt=""Figura Alegórica" Clique para ver a imagem "> Latorre<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/03-2008/Latorre.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

Inspirando-se na realidade social de nossos dias, Latorre, além de escultor e pintor, transforma-se em atento sociólogo e cuidadoso psicólogo que, após acurada meditação, velado por um sofrimento interior, imprime à matéria que modela a linfa essencial de seu trabalho e de suas considerações.

Autor de fisionomia artística própria, em suas esculturas se reconhece o traço de uma experiência solitária, uma experiência que o artista conduz dia a dia em colóquio com a realidade de sua pesquisa plástica. Suas obras delineiam o constante dissídio com a matéria e seu empenho para individuar as raízes profundas do interesse pelo ser humano. Ao impostá-las no espaço, a luz que as envolve confere a elas uma singular realidade de volume.

No plano da linguagem formal, se adverte uma coerência e uma íntima reflexão sobre o núcleo mais escondido da realidade humana. A essencialidade é um traço distinto de sua obra, mas da síntese de suas figuras pode-se ver como do fundo se vislumbra uma urgência obscura, quase uma revolta na esfera noturna do individuo.

O mundo que nos cerca é mais do que inquieto e conturbado e Latorre o interpreta com a linguagem de sua áspera e corroída escultura. Suas últimas obras transmitem um sentido de inquietação que lembra Edward Munch na pintura e Alberto Giacometti na escultura.

A dramaticidade de sua obra é tão mais evidente porque não se exprime através de gestos abertamente provocadores, mas por intermédio de uma tensão contida e comprimida mediante olhares que convergem em direção a um ponto que não deve ser tragicamente inalcançável, mas conscientemente levado em consideração como um fim para o qual a humanidade deve olhar confiante.

Embora suas figuras possuam maior importância psíquica que espacial, na obra "Figura Alegórica", doada ao Museu de Arte do Parlamento de São Paulo, o artista estabelece, de um lado, um elo intuitivo entre o movimento e o volume e, de outro, entre o tempo e o espaço.



O artista



Latorre, pseudônimo artístico de José Paulo de Latorre, nasceu em Manduri (SP), em 1959. Iniciou-se na pintura como autodidata em 1974. Nos anos seguintes, trabalhou em Avaré (SP) como artista gráfico, criando marcas, logotipos, publicações, embalagens, ilustrações e catálogos (1976 a 1979).

Bacharel em pintura, escultura e gravura pela Faculdade de Belas Artes de São Paulo (1982), especializou-se em artes visuais pela Universidade São Judas Tadeu (1998). Desde 1983 é professor do Centro Universitário de Belas Artes (antiga Faculdade de Belas Artes) nos cursos de bacharelado em artes visuais (desenho e pintura), design gráfico e design de produto.

Em 1981, recebeu o 3º Prêmio no Salão de Artes da Faculdade de Belas Artes, com a obra a "Bola", adquirida pelo então ministro da Cultura; e, em 1982, no mesmo Salão, o 1º Prêmio de Aquisição na categoria de "Pintura".

Em 1990, abriu a Escola de Artes Visuais de São Paulo, destinada ao desenho experimental. Desde 1996, mantém seu próprio ateliê, onde dá cursos de desenho, pintura, escultura, ilustração e projetos gráficos. Participou ainda como jurado no XIX, XXIII e XXIV Salão de Artes de Rio Claro (2001, 2005 e 2006).

Suas obras encontram-se em coleções particulares e no Museu de Arte do Parlamento de São Paulo.

alesp