Vítimas de pedofilia sofreram discriminação, afirma prefeito de Porto Ferreira


22/06/2010 21:14

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José Bruno preside CPI da Pedofilia<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/06-2010/CPIPEDOFILIA22jun10Mauri.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Maurício Rasi e José Bruno<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/06-2010/CPIPEDOFILIA22jun10MauricioSpontonRasiMAU.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

Vítimas que passam a ser discriminadas pela sociedade, agressores que acabam ganhando a solidariedade da comunidade. Essa perversa inversão de papéis, que aconteceu em Porto Ferreira, envolvendo a denúncia de adolescentes que teriam sofrido abusos cometidos por políticos e empresários locais, foi relatada pelo prefeito Maurício Rasi, ouvido nesta terça-feira, 22/6, pela CPI da Pedofilia, presidida pelo deputado José Bruno (DEM).

Antes de eleger-se prefeito em 2005 (e reeleger-se em seguida), Rasi foi o delegado que, em 2003, presidiu a investigação para apurar a denúncia de que adolescentes de 13 a 16 anos eram agenciadas para participar de festas em que mantinham relações sexuais com vereadores e empresários. Doze acusados tiveram mandado de prisão preventiva expedido, e 11 deles foram cumpridos.

"Num primeiro momento, houve revolta e ameaças de linchamento na cidade. Cerca de 20 dias depois, as vítimas começaram a ser tratada como objetos, como se tivessem provocado a prática daqueles crimes", disse Rasi. Por outro lado, segundo ele, a acusação foi perdendo força e os denunciados passaram a ser vistos como vítimas, até mesmo pela mídia.



Inversão de valores



"Não é possível jogar um caso desses para baixo do tapete só para que a cidade mantenha sua imagem, para rejeitar o que a população considera publicidade negativa", observou a deputada Beth Sahão (PT), relatora da CPI.

Tanto ela quanto Rasi consideram o caso de Porto Ferreira emblemático e impulsionador de novas medidas e formas de encarar o combate à pedofilia. No entanto, a inversão de posições destacada pelo prefeito se reafirma com a volta dos acusados às atividades normais, depois de cumprirem penas abrandadas pelo Tribunal de Justiça (as condenações de primeira instância foram mantidas). As vítimas continuaram enfrentando preconceitos e dificuldades para se reinserir socialmente.

"Como prefeito, já em 2005, conseguimos no máximo uma ação assistencialista. Algumas das meninas já tinham atingido a maioridade, outras estavam grávidas. Conseguimos qualificar algumas jovens e colocá-las no mercado de trabalho da cerâmica, tradicional na cidade. Mas não foi possível resgatar a identidade da maioria das meninas", avaliou o prefeito.

Rasi detalhou aos deputados algumas iniciativas tomadas pela prefeitura de Porto Ferreira, durante sua gestão, para combater a violência doméstica e a pedofilia. Entre elas estão casas de acolhimento, estudo e qualificação profissional para inclusão social dos jovens. Mas ele reconheceu que a falha no suporte e acompanhamento psicológico, por parte do Poder Público, prejudica as ações que visam mostrar às vítimas da pedofilia a existência de um caminho além do trauma.

alesp