Da assessoria da deputada Ana MartinsComo parte das atividades da III Semana de Cultura Negra da Assembléia Legislativa de São Paulo, foi realizada no dia 25/11 videoconferência (Tribuna Livre) abordando assuntos alusivos ao Dia Internacional de Combate à Violência Contra a Mulher, comemorado anualmente em 25 de novembro.Segundo a líder do PCdoB na Assembléia, deputada Ana Martins, que coordenou a videoconferência, "a violência contra a mulher independe de idade, sexo, raça, etnia, classe social, religião, grau de instrução e orientação sexual".A deputada abriu o evento chamando a atenção das conferencistas para os índices alarmantes relativos à violência doméstica, que pode ser classificada como física, sexual e psicológica. De acordo com a pesquisa "A mulher brasileira nos espaços público e privado" realizada pela Fundação Perseu Abramo, com 2.502 mulheres de 187 municípios de 24 estados brasileiros, 33% delas já sofreram algum tipo de violência física e 11% já foram espancadas pelo menos uma vez na vida. Ou seja, no Brasil, uma em cada cinco mulheres já sofreu algum tipo de violência.TemoresA deputada Maria Lúcia Prandi (PT) apresentou outro dado relevante: 30% das mulheres brasileiras temem a violência doméstica, enquanto 17% têm mais receio do câncer de mama e de útero. Estes dados foram levantados por uma pesquisa feita pelo Instituto Patrícia Galvão, em setembro de 2004, e fazem parte da Campanha "Onde tem violência, todo mundo perde", lançada em 25/11, dirigida a homens e que conta com o apoio da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres do Governo Federal.A professora Suely Amaral, conferencista convidada pela deputada Ana Martins, disse que a estrutura da sociedade segmentada em gênero, raça, etnia e classe social contribui para a geração da violência. "Precisamos lutar para que os profissionais alertem as vítimas a não terem uma visão de túnel, isto é, não encarem o problema da violência como o único problema existente em suas vidas, enxergando-o sempre de um mesmo ponto de vista. Eles precisam ajudar as mulheres a verem o problema da violência por outros ângulos, ajudando-as a se fortalecer para sair do problema", defende a professora.A Coordenadora do Fórum das Mulheres de Santos, Vera Lúcia Oscar, disse que o grande desafio no combate à violência é a realização de um efetivo trabalho junto aos agentes da violência, ou seja, junto aos agressores. Ela propõe que as mulheres participem mais na construção das grades curriculares do ensino público.A delegada da 1ª Delegacia de Defesa da Mulher (DDM), órgão criado há 20 anos, Maria Teresa G. Rosa, abordou questões sobre a criação e o funcionamento das 125 DDMs, que estão distribuídas pelo Estado, sendo nove na capital paulista, 12 na Grande São Paulo e as demais espalhadas pelas cidades do interior. Segundo a Delegada, as DDMs foram criadas para que as mulheres se sentissem mais à vontade para denunciar a violênciaSegundo a delegada, o agressor, além de cumprir penas alternativas (serviços prestados à sociedade) deve receber atendimento psicossocial. Auto-estimaSilvia Matilde P. Ribeiro, do Centro de Integração da Mulher (CIM), afirmou que as situações cultural e educacional das brasileiras a relegaram a um papel secundário, tanto na estrutura familiar como na vida social, favorecendo a violência. Falou sobre o trabalho realizado pelo CIM que é o de prestação jurídica, social e médica às vítimas. "Nós trabalhamos para elevar a auto-estima das mulheres vitimizadas", informou. A vereadora de São Paulo, Flávia Pereira (PT), defendeu o fortalecimento dos movimentos populares que lutam pelos direitos das mulheres.A participação dos outros Estados contou com a presença da deputada Jussara Cony, da Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul. Ela defendeu, como forma de combater a violência, a criação de Centros de Recuperação para os homens agressores. Fez ainda uma justa homenagem à brilhante militante do Movimento Feminista pela Emancipação das Mulheres e membro da União Brasileira de Mulheres Loreta Valladares, falecida na madrugada de 24 de novembro em São Paulo.Segundo a deputada Ana Martins, o desafio da Secretaria Especial de Políticas Públicas para as Mulheres (SPM), criada pelo Governo Federal é obter a formulação e implementação de uma Política Nacional de Prevenção e Enfrentamento à Violência contra a Mulher.Para tanto, ela diz, "é preciso a implantação de Redes de Cidadania com serviços especializados de prevenção, atenção e proteção, entre eles Centros de Referência, Casas Abrigo, Delegacias Especializadas no Atendimento à Mulher (DEAMs), Defensorias Públicas e seus núcleos especializados; e ainda serviços de saúde, organizações não-governamentais (ONG's) de defesa dos direitos da mulher; estruturas e mecanismos institucionais, vinculados aos executivos, de articulação e implementação de políticas para as mulheres, como Conselhos Estaduais e Municipais de Direitos da Mulher; Institutos Médico Legais; Polícia Militar; e Corpo de Bombeiro".amartins@al.sp.gov.br