Opinião - Saramago: o eterno polêmico
Neste mês, aos 87 anos, morreu José Saramago, expoente da literatura de nosso século. Mas o que teria de tão especial nesse nome? O escritor nasceu em 16 de novembro de 1922, na aldeia Azinhaga, província do Ribatejo, ao sul de Portugal. Seus pais mudaram para a capital quando Saramago ainda não completara dois anos. Autodidata, ele exerceu diversas profissões, dentre elas, desenhista e tradutor.
Iniciou sua atividade literária em 1947, com o romance Terra do pecado, só voltando a publicar em 1966. Em 1975, tornou-se diretor-adjunto do jornal Diário de Notícias. Em plena ditadura salazarista (referência ao regime autoritário de Salazar, que governou Portugal entre 1933 e 1968), o escritor se filiou ao Partido Comunista.
Autor produtivo, Saramago publicou diários, romances, contos, peças teatrais, crônicas e poemas. Em 1980, alcançou notoriedade com o livro Levantado do chão, anos depois o sucesso se repetiu com Memorial do convento. Suas obras sempre dividiram a opinião pública, tanto é que em 1991, o livro O Evangelho segundo Jesus Cristo foi censurado pelo governo português, o que levou o escritor a se asilar em Lanzarote, nas Ilhas Canárias (Espanha), onde viveu até a sua morte.
Saramago foi considerado pelo crítico estadunidense Harold Bloom "o escritor de romances mais dotado de talento dos que seguem com vida, um dos últimos titãs de um gênero em vias de extinção". Um de seus livros mais conhecidos em todo o mundo Ensaio sobre a cegueira foi adaptado para o cinema em 2008, pelo diretor brasileiro Fernando Meirelles. A obra mostra a brutalidade do ser humano, que apenas vive para saciar seus instintos primitivos. Como boa parte de seus livros, neste, Saramago também foi alvo de polêmicas, e alguns críticos consideram que esta obra não aponta para nada no horizonte literário, mas apenas esmaga o leitor em fatos sucessivamente horríveis. Polêmicas à parte, em janeiro de 2010, Saramago relançou o livro A jangada de pedra, e direcionou toda a renda da edição para as vítimas do terremoto no Haiti.
Sempre polêmico, o escritor destinava sua criticas na maioria das vezes a assuntos ligados a política e religião. "Não se repara que a democracia em que vivemos é sequestrada, condicionada, amputada", disse ele durante um debate em Portugal. Saramago também defendeu Cuba e a fusão de Portugal com Espanha. Pode-se dizer que na contramão do que ocorre com boa parte dos grandes escritores brasileiros, como Machado de Assis, que teve reconhecimento póstumo, Saramago gozou em vida de prestígio literário único no Brasil e em muitos outros países " se bem que isso se deve ao mundo globalizado em que vivemos e também ao marketing exaustivo das editoras. Só o tempo mostrará a real importância das obras desse autor português, mas é certo que seus livros importam pelos valores intrínseco, estético e por que não dizer literário. Este homem polêmico também ficará marcado por sua liberdade de pensamento, mas a imortalidade de sua obra será avaliada pelo tempo.
Não me cabe discutir suas particularidades, já que este foi um homem um tanto contraditório e que entoou as frases de maior impacto dos últimos tempos, é certo que suas publicações mostram as feridas das relações humanas e suas complexidades. Não por acaso, Saramago foi o primeiro autor de língua portuguesa a receber o Prêmio Nobel de Literatura, em 1998. Creio que suas obras serão um legado para as próximas gerações e espero que os nossos escritores também sejam em vida tão reconhecidos quanto ele foi.
*Gilmaci Santos é deputado estadual e presidente do PRB no Estado. Também participa das comissões de Defesa dos Direitos do Consumidor e de Economia e Planejamento da Assembleia Legislativa.
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