A polícia, a droga e a universidade

Opinião
25/08/2005 18:43

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Deputado Afanasio Jazadji<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/03-2008/afanasio.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

Em 30 de outubro de 2002, o casal Manfred e Marísia von Richthofen foi assassinado no bairro do Brooklin, em São Paulo. Foi detida a estudante Suzane, de 19 anos, filha do casal. Auxiliada pelos irmãos Daniel Cravinhos, seu namorado, e Cristian Cravinhos, ela havia levado adiante o plano de assassinar os pais, que dormiam na casa da família. Todos os três foram logo presos para aguardar o julgamento.

Em 28 de junho deste ano, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) concedeu habeas-corpus para que Suzane fosse libertada. A imprensa mostrou que, dentro de seu inocente ursinho de brinquedo, a moça escondia uma pistola. Mas o advogado de Suzane, um dos mais caros do Brasil, pôde juntar essa "vitória parcial" à sua galeria de "troféus". Só resta saber se Suzane e os dois cúmplices serão absolvidos pelo júri.

Na época daquele crime, chamou a atenção o fato de Suzane ter-se tornado agressiva, após começar a namorar Daniel e consumir maconha na Faculdade de Direito que ela freqüentava, a da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC). O educador e escritor Içami Tiba, chegou a ser processado pela Reitoria da PUC, então comandada por Antonio Carlos Caruso Ronca, por ter dito, em entrevista a uma rádio, algo já bastante conhecido pelo público: é comum o uso de maconha na PUC e essa droga pode ter contribuído para as atitudes de Suzane. Três anos depois, o tema volta ao debate, agora com a prisão de um aluno como traficante de drogas, dentro da própria PUC.

A prisão ocorreu em flagrante, no campus da Rua Monte Alegre, no bairro de Perdizes, na Capital. Dois policiais entraram num dos prédios da universidade e levaram o rapaz. Felizmente, a reação da PUC, desta vez, foi de firmeza e equilíbrio, o que pode levar essa tradicional instituição a superar um antigo problema. Por determinação da nova reitora, Maura Veras, as faculdades da PUC passaram a promover debates entre alunos para condenar o uso de drogas e deixar bem claro que, em casos como aquele, a polícia tem o direito de invadir o ambiente estudantil. Ou seja: a legislação brasileira não estabelece territórios livres, em que indivíduos criminosos, como traficantes de drogas, ficam sob proteção.

Assim, apenas um pequeno bando de jovens irresponsáveis da PUC ensaiou um movimento para condenar a reitoria e a polícia, tentando estabelecer uma relação entre esse caso de tráfico de drogas e a invasão da mesma PUC por forças policiais, em 1977, época do regime militar, quando de uma reunião da União Nacional dos Estudantes (UNE) naquele recinto. Nada a ver. A droga é um dos grandes males do mundo moderno. Está provado que até mesmo algumas drogas mais leves, caso da maconha, influem nas atitudes e na saúde dos viciados.

O Brasil, infelizmente, está entre os países em que mais cresceu o consumo de maconha, cocaína, crack e anfetaminas. Só existe um modo de combater tudo isso: os pais têm de educar melhor os filhos e a polícia precisa combater com rigor os traficantes, que agem em todas as partes.

Afanasio Jazadji* é radialista, advogado e deputado estadual pelo PFL

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