Opinião - A luta contra o crack é de todos nós


27/07/2011 10:14

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Temos visto, recentemente, uma força tarefa para a conscientização sobre os males causados pelo crack e também diversas medidas para promover o combate a essa droga que tem devastado especialmente a juventude pobre de nosso país, já que o acesso à referida substância, derivada da cocaína, é bem mais acessível por ter baixo preço (uma pedra custa cerca de 10 reais).

Mas a droga não fica estrita a nenhum grupo em particular. Ela está entranhada em classes mais altas, chega também às mulheres e crianças, se apresenta entre empresários e universitários. E, claro, o crack não poupa nenhum dessas categorias de sua terrível destruição.

Quando assumiu a presidência da república, a presidente Dilma se comprometeu a enfrentar o crack. Passados alguns meses de sua gestão temos assistido ao início da investida. Por meio de campanhas publicitárias, promovidas pelo governo federal através do Ministério da Justiça, são exibidas cenas de pessoas desfiguradas e transtornadas, sem domínio de suas ações e com suas faculdades mentais destruídas. As cenas chocam sim. Mas, talvez, nem revelem a realidade que as pedras de fato geram na vida de homens e mulheres dominados por ela.

Os especialistas afirmam que o crack pode viciar logo após a primeira experiência. Também dizem que nove em cada 10 usuários ficarão dependentes. Ou seja: não pode não haver chance para aquele que se diz apenas curioso em relação aos efeitos proporcionados pela ingestão do crack, que é extremamente danoso.

O crack causa dependência, lança a pessoa no crime e na prostituição, destrói a auto-estima, a família, as perspectivas e objetivos de vida. Ele mata os sonhos, projetos. O crack joga seu usuário literalmente na sarjeta e coloca sobre o usuário uma sentença de morte! Em matéria publicada recentemente pela revista VEJA, lemos que um em cada três usuários morre, em média, após cinco anos contínuos do crack. Isso é espantoso!

Ele traz ainda um enorme prejuízo ao país, que perde força de trabalho e jovens, que se tornam reféns da droga. Isso, sem falar na desestabilização das famílias, na destruição do caráter do indivíduo, e nas perdas deflagradas pelo uso da droga e em sua vida profissional e sentimental e, como disse anteriormente, na auto-estima. Muitas vezes o usuário acaba praticando delitos para sustentar o vício.

Toda a investida contra o crack é necessária e são bem-vindas matérias nos meios de comunicação, campanhas, debates e esclarecimentos sobre a droga. Tudo isso é fundamental. Porém, acredito que já deveríamos ter começado há muito tempo. As primeiras notícias sobre a droga surgiram há mais de 10 anos e hoje temos um número espantoso de viciados. Sem contar as vidas que se foram.

Existe, na cidade de São Paulo, a Cracolândia, reduto dos usuários e traficantes, que ficou conhecido pelo domínio da droga, ao invés de as autoridades se empenharem em seu combate.

No mês de junho, recebi, em meu gabinete, o diretor da ONG Amor Exigente, Miguel Tortorelli. Essa instituição, há 26 anos, atua na auto e mútua ajuda aos dependentes químicos e promove apoio e orientação aos familiares dos viciados. Nessa reunião decidimos iniciar um trabalho para ampliar as discussões sobre o crack e demais drogas, com audiências públicas com especialistas, técnicos e profissionais envolvidos com o assunto, além de trazer a sociedade (pais, educadores, médicos e jovens) para participar dos debates e buscarmos, juntos, soluções para enfrentar o problema das drogas em nosso Estado.

Temos que acreditar, enfrentar, trabalhar. Afinal, acredito que a luta é de todos nós!



*Dilmo dos Santos (PV) é deputado estadual e presidente da Assembleia de Deus Madureira em Piracicaba

alesp