Aconteceu nesta terça-feira, 26/5, o primeiro Seminário de Negócios de Beleza, Cultura e Turismo Brasil " África, uma iniciativa do deputado José Candido (PT). A pauta de trabalho, além de outros temas, objetivou definir a realização de audiência pública que trate do assunto; discutir formas de inclusão de profissionais étnicos nos quadros de apresentações artísticas e nos materiais de promoção de feiras e eventos; apresentar a resolução do Ministério Público sobre a participação de 10% de negros em desfiles; discutir a elaboração de proposta de políticas públicas para o turismo cultural afro e o empreendedorismo no Estado de São Paulo; e buscar entendimento entre as empresas do setor de beleza e cosmetologia, a Secretaria de Turismo e entidades representativas da comunidade afro para viabilizar o acesso de um número maior de profissionais e consumidores aos eventos. O deputado José Candido, coordenador do SOS Racismo na Assembleia e presidente da Comissão de Direitos Humanos, destacou que os negros, que representam mais de 50% da população, enfrentam muitas dificuldades que os impedem de avançar. Citou ainda fatores como a falta de autoestima e de oportunidades, causados pelo pouco acesso à educação. "Esta pauta de trabalho nos dará discernimento para fazermos uma política pública de entendimento. Precisamos conquistar o respeito que nos é devido", concluiu o deputado, que vê o turismo étnico como uma fonte de valorização à cultura negra, que permeia de forma intensa a diversificação da população brasileira. Cosmetologia Francisco Henrique Silvino, presidente da Associação Nacional de Turismo Afrobrasileiro (Antab), vê a cosmetologia como um dos nichos mais atrativos da economia e a diversidade étnica como um elemento importante dentro do segmento. Associando esta realidade à vocação de São Paulo para o turismo de negócios, Silvino sugeriu que "as empresas que organizam feiras de negócios destaquem a beleza brasileira". Ampliando suas considerações, o presidente da Antab afirmou também que, através de roteiros turísticos que contemplem a cultura afrobrasileira, podem ser criadas referências culturais aos turistas que vierem às feiras de beleza, pois eles podem conhecer um pouco da cultura e da história do negro em São Paulo. Silvino destacou que a cosmetologia voltada ao negro é um avanço, pois até recentemente os produtos de estética e beleza voltados a esse público eram importados. "Hoje há uma relação entre estes produtos e a área ambiental, uma vez que muitos deles usam ervas e outras matérias naturais na sua elaboração", ressaltou. A Antab já promoveu 12 seminários em diversos Estados estudando a implantação do turismo étnico. Gastronomia Celso Santos, da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), após destacar que três das vocações turísticas de São Paulo (negócios, compras e saúde) se relacionam perfeitamente com a cosmetologia, vê a atividade turística como integradora e mencionou a gastronomia como exemplo. "Não dá para imaginar a gastronomia brasileira sem a participação afro", afirmou Santos, lamentando que há uma grande carência de restaurantes afrobrasileiros. Rota da Liberdade Envolvida na produção de um mapa cultural afrobrasileiro, a Secretaria de Estado de Esporte Lazer e Turismo, representada pela assessora de imprensa Bernardete Augusto, apresentou o projeto turístico Rota da Liberdade, desenvolvido no Vale do Paraíba, um importante foco de cultura negra que abrange também o litoral norte e a região da Serra da Mantiqueira. "Este projeto envolve várias manisfestações culturais como, por exemplo, o jongo e a congada", explicou. O seminário teve a presença também da delegação angolana representante da Development Workshop que, segundo Luis Albino, veio buscar no Brasil a experiência de mecanismos participatórios; e de um grupo de nigerianos, trazidos por Otunba Adenuke Aderonmu, do Centro Cultural Africano.