Ato público pede a retirada de tropas da ONU do Haiti


20/08/2008 21:14

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David Josué<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/08-2008/DAVID JOSUE 01.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

Passados mais de quatro anos da intervenção militar no Haiti, deputados, representantes da sociedade civil e um membro delegado do Haitian Lawyers Leadership Network fizeram nesta quarta-feira, 20/8, um balanço da atuação das tropas da ONU no país caribenho logo após a deposição do presidente Jean-Bertrand Aristide.

Segundo Marcos Sokol, membro do PT, as três promessas básicas feitas para o envio das tropas brasileiras não foram cumpridas: permanência por seis meses, renovável por igual período, convocação de eleições e ajuda internacional anual de US$ 1 bilhão. "As tropas estão há mais de quatro anos no Haiti, não houve o restabelecimento democrático, nem a ajuda internacional de US$ 1 bilhão". Sokol falou ainda que ninguém consegue mudar uma situação como a que ocorre no Haiti sem a ajuda financeira internacional, e que as tropas são mantidas no país a um custo de US$ 575 milhões anuais. "Bastaria que essa verba fosse gasta com infra-estrutura e o país estaria bem melhor", concluiu Sokol.

Para o advogado haitiano membro do Haitian Lawyers Leadership, David Josué, as tropas estão cometendo violências e criando situações que tornam a vida no Haiti pior do que era antes da intervenção. Quando perguntado se a retirada das tropas não poderia recrudescer a violência que acontecia na época da deposição de Aristide, Josué disse que as tropas têm de criar mecanismos antes da sua retirada para que isso não aconteça. Entretanto, David Josué quer que essa retirada comece o mais rápido possível e escreveu uma carta para o presidente Lula pedindo exatamente isso e explicando os motivos do pedido. A carta foi entregue há mais de um ano e até agora não obteve resposta.

Durante o ato foi feita a exposição de um filme sobre a violência cometida pelas tropas da ONU em Cite Soleil, que resultou na morte de 30 pessoas, a maioria com tiros na cabeça, sinal de execução. "Independente de quem tenha cometido a violência, a responsabilidade é das tropas brasileiras, que coordenam as ações das tropas da ONU no Haiti. Além disso, tudo indica que o motivo da intervenção foi uma resposta às manifestações do povo de Cite Soleil pedindo a volta de Aristide", comenta o narrador do filme.

Convocaram o ato os deputados Adriano Diogo e José Candido, ambos do PT, e representantes de movimentos populares como a Central de Movimentos Populares, o Movimento Negro Unificado, Setorial do Combate ao Racismo etc.

alesp