DA REDAÇÃOUma comitiva liderada pelo pai da adolescente Liana Friedenbach, Ari Friedenbach, e pela mãe de Felipe Caffé, Lenice Silva Caffé, entregou a uma comissão de deputados estaduais paulistas o "Manifesto pela Paz com Justiça" em prol de mudanças no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Os adolescentes foram assassinados há cerca de duas semanas em Embu-Guaçu (Grande São Paulo), e, de acordo com a polícia, o mentor do crime é um jovem de 16 anos. A comitiva chegou à Assembléia por volta das 16 horas deste sábado, 22/11, após participar da passeata contra a violência que, segundo informações da Polícia Militar, reuniu cerca de 5 mil pessoas e saiu da Avenida Paulista - altura do Colégio São Luiz - em direção ao Legislativo paulista. Os manifestantes - a maioria jovens - se concentraram no pátio do estacionamento da Assembléia. Familiares e amigos do casal vestiam camisetas com uma foto de Liana e Felipe e a mensagem "paz com justiça". Eles entoaram o Hino Nacional e rezaram o "Pai Nosso". Atualmente, o ECA determina que o tempo máximo de internação para jovens infratores seja de três anos e a morte do casal colocou em evidência a discussão em torno da maioridade penal. A intenção dos manifestantes é que os deputados estaduais encaminhem ao Congresso Federal as reivindicações do grupo. Uma delas é a realização de um plebiscito para averiguar se a população brasileira quer ou não uma revisão do ECA.A comitiva, composta por deputados de todos os partidos com representação na Assembléia Legislativa, foi proposta pelo líder do PTB na Casa, deputado Campos Machado, autor de moção ao Congresso Nacional propondo a realização do plebiscito sobre a maioridade penal, e é coordenada pela deputada Rosmary Corrêa (PSDB). Integram o grupo, além de Machado e Corrêa, os deputados Conte Lopes (PP), Ubiratan Guimarães (PTB), Romeu Tuma (PPS), João Caramez (PSDB), Ana do Carmo (PT). Estiveram também presentes durante a entrega do documento os deputados estaduais Giba Marson (PV), Waldir Agnello (PTB), Vanderlei Siraque (PT), Orlando Morando (PL), Edson Aparecido (PSDB), Turco Loco (PSDB) e Rafael Silva (PL), além dos federais Luiz Antonio Fleury Filho (PTB), Luiz Antonio de Medeiros (PL) e Arnaldo Faria de Sá (PTB).O pai de Liana falou sobre a situação de insegurança vivida pela população e defendeu uma "justiça mais firme."Eis a íntegra do Manifesto:"Essa mobilização expressa um anseio social de paz com justiça.A sociedade está exausta de se defrontar com a violência e vive assombrada pela impunidade.Violência e impunidade é o que vivemos.Paz com justiça é o que desejamos.Nós estamos aqui para demonstrar que medidas necessitam ser tomadas para mudar esse quadro de violência social.Somos a favor de todas as políticas de inclusão social.No entanto, a questão social da violência não se encerra, apenas, em políticas de inclusão social.Desde tempos imemoriais, os desvios de conduta são punidos pela sociedade como forma de convivência social.A essência do Estado Democrático de Direito é a aplicação completa e eficaz da lei.A realização desse Estado Democrático não pode ser desprovida da aplicação firme das penas para os desvios de conduta social.Aplicar as regras punitivas de forma firme e severa não exclui qualquer política de inclusão social. Ao contrário, são esferas diferentes e uma não é excludente da outra.Para tanto, sugerimos a consulta à população sobre alterações das regras de punição de menores que pratiquem crimes graves.Desejamos a firme e efetiva aplicação das regras punitivas já existentes pelos órgãos competentes.Queremos dotar a nossa sociedade dos mecanismos que ela necessita para prevenir a barbárie e a violência. Isso se consegue com políticas de inclusão social. Mas, isso se consegue, imprescindivelmente pela aplicação firme e concreta de penas por descumprimento da ordem social.Não se trata da questão da violência contemporizando-a, parafraseando Martin Luther King.Paz com justiça. Justiça com efetividade e razão."