CPI das Contaminações Ambientais ouve representantes de empresas autuadas pela Cetesb

Em alguns casos, a contaminação foi provocada por antigas indústrias que operavam no local
18/03/2009 20:25

Compartilhar:

Giuseppe Trincanato presta depoimento à CPI<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/03-2009/CPICONTAMINAmassafera_giuseppe07ROB.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Carlos Alberto Fuji<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/03-2009/CPICONTAMINAcarlosalberto04ROB.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

A CPI que apura casos de contaminação ambiental em São Paulo, presidida pelo deputado Rodolfo Costa e Silva (PSDB), ouviu nesta quarta-feira, 18/3, representantes de algumas empresas autuadas pela Cetesb e técnicos desta agência ambiental do Estado.

Os membros da CPI tomaram o depoimento de Giuseppe Trincanato, dono da empresa Tonolli do Brasil, produtora de chumbo em Jacareí. Em 2001, por decisão da justiça, a fábrica foi fechada em razão de uma grande quantidade de resíduos de reciclagem de bateria depositada de forma irregular no pátio da empresa. "Desde então, uma montanha de chumbo continua a contaminar a água do Vale do Paraíba", descreve a situação o deputado Rodolfo Costa e Silva.

O engenheiro da Cetesb Antonio Carlos Andrade disse que o levantamento feito pela agência ambiental demonstra que durante o período de atividade da fábrica de chumbo houve contaminação do solo e da água na área interna da empresa. Neste momento, a contaminação está contida, até certo limite, pois os resíduos estão cobertos, mas podem ampliar ainda mais a contaminação.

Giuseppe Trincanato disse que a empresa entrou em entendimento com a Cetesb e o Ministério Público para solucionar o problema do depósito irregular do material de reciclagem e chegou a planejar a construção de um aterro para depositar a escória. O acordo, entretanto, não teria ido adiante porque a prefeitura de Jacareí não deu sua aprovação à construção do aterro.

A ação civil pública contra a Tonolli do Brasil, que resultou na interdição da fábrica produtora de chumbo, foi promovida pela prefeitura de Jacareí e assumida pelo Ministério Público, que determinou o fechamento e remoção da escória para um aterro de classe 1. A empresa, no entanto, tem planos para dar destinação industrial ao material depositado. Segundo Trincanato, a Tonolli não dispõe de recursos para remover a escória para um aterro, mas poderia dar destinação industrial para esse material, caso lhe fosse permitido acomodá-lo numa área da fábrica coberta e com piso de 30 cm.

Trincanato explicou que as operações da fábrica de chumbo foram arrendadas para outra empresa, a Rotavi. Esta pretende, segundo ele, comercializar o resíduo para fins industriais e transferir os equipamentos que estão hoje em Jacareí para uma nova fábrica em Barra do Piraí, no Rio de Janeiro. Entretanto, a proposta precisa ser analisada pela Cetesb e pelo Ministério Público e autorizada pelo Judiciário.

O deputado Jorge Caruso (PMDB) perguntou a Trincanato se a Rotavi seria de propriedade de algum parente seu. Ele respondeu que não.



Contaminação em Jurubatuba

A CPI está analisando o caso de contaminação que envolve uma grande área próxima ao aquífero de Jurubatuba e que se estende pelas duas margens da avenida Nações Unidas, região de Santo Amaro, na zona sul da capital. Desde 1993, quando a Gillete apresentou uma autodenúncia de contaminação por etenos clorados em poços de sua unidade fabril, a Cetesb vem fazendo o acompanhamento em toda a área situada no entorno.

A Gillete identificou 14 poços profundos licenciados pelo DAEE. Entre esses, três estavam a jusante das plumas de contaminação originadas na área da Gillete. Os três poços destinavam-se ao abastecimento de água de um shopping center.

A CPI ouviu nesta quarta-feira os representantes do condomínio empresarial SP Market Center e da Sandvik do Brasil. Ambas são empresas vizinhas à unidade da Gillete, agora operada pela Procter & Gamble. A Cetesb autuou essas empresas e indicou a realização de estudos para comprovação de contaminação do solo e das águas subterrâneas.

A constatação da presença de etenos clorados em concentrações acima do padrão de potabilidadade levou à lacração de poços das empresas.

Segundo o gerente operacional do SP Market Center, Ronivaldo Tofani, a contaminação é resultante das operações da antiga fábrica da Caterpillar, que funcionou durante décadas no local. A utilização de solventes clorados pelo setor de preparação de óleo solúvel e pelo setor de pintura e produtos da fabricante de tratores seria a causa principal da contaminação naquela área.

Entretanto, segundo explicações do gerente da Sandvik do Brasil, Carlos Alberto Fuji, é possível que existam impactos ambientais causados pela própria empresa em atividades passadas realizadas naquela planta industrial. Ele destacou que no local funcionou uma metalúrgica que fazia engraxes e outras práticas que utilizavam solventes clorados.

Embora a contaminação esteja concentrada em áreas restritas dos terrenos dessas empresas localizadas próximas ao aquífero do Jurubatuba, a possível contaminação da água de poços profundos pode causar risco aos trabalhadores e usuários desses locais.

No caso do Shopping SP Marketing Center, o geólogo Carlos Frederico de Castro Alves, responsável pelos estudos do solo e da água no empreendimento, garante que não foi identificado risco potencial à saúde humana, considerando o uso atual do shopping. Ele explicou que os poços que apresentaram contaminação foram lacrados, que foi feita a remoção da fase livre identificada na área da chamada Praça de Cultura e que todas as solicitações feitas pela Cetesb foram atendidas pela empresa.

Os membros da CPI farão uma diligência ao local onde foi identificada a contaminação e visitarão algumas das empresas que foram autuadas pela Cetesb.

Os parlamentares ouviram também nesta quarta-feira o gerente geral da Saint-Gobain Glass, Luis Fernando Tironi, que falou sobre o caso de contaminação constatado na usina de vidro de São Vicente. A Cetesb apontou a existência de infiltração de óleo do lado externo do muro da fábrica, atribuída ao armazenamento de óleo combustível. O representante da empresa apresentou o histórico das ações do grupo empresarial e os planos para descontaminação da área, onde havia funcionado antes outra indústria que fazia uso em sua produção de compostos metálicos (não utilizados na produção de vidro), os mesmo identificados pelos estudos de solo.

Participaram da reunião os deputados Jorge Caruso (PMDB), José Bittencourt (PDT), Roberto Massafera (PSDB), além do presidente da comissão, Rodolfo Costa e Silva.

alesp