Ato homenageia Florestan Fernandes

Não podemos ser cooptados pelas classes dominantes, diz Plínio
09/08/2005 17:56

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Familiares de Florestan Fernandes na primeira fila <a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/03-2008/solflorentan5714dav.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>  Florestan Fernandes<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/03-2008/FLORESTAN FERNANDES.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Ato em homenagem à memória do sociólogo Florestan Fernandes<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/03-2008/solflorentan5706dav.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> O evento serviu para refletir sobre a herança intelectual deixada pelo sociólogo, morto há 10 anos, bem como sobre seu exemplo de vida e militância, como foi assinalado pelo deputado Renato Simões<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/03-2008/sol florest.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

Por iniciativa do deputado Renato Simões, líder do PT na Assembléia, realizou-se na noite de segunda-feira, 8/8, um ato em homenagem à memória do sociólogo, escritor, educador, militante e deputado constituinte Florestan Fernandes, cuja morte ocorreu em 10 de agosto de 1995.

O evento serviu para refletir sobre a herança intelectual deixada pelo sociólogo, morto há 10 anos, bem como sobre seu exemplo de vida e militância, como foi assinalado por Simões, em especial diante da crise política que se abateu sobre o governo comandado pelo presidente Lula e pelo Partido dos Trabalhadores.

Estavam presentes, também, a viúva do sociólogo, Miriam Fernandes, e uma de suas filhas, que tem o mesmo nome da mãe, além do sociólogo Francisco de Oliveira, Plínio de Arruda Sampaio e de representantes de movimentos populares, como o MST, e das universidades públicas.

Três lições de Florestan

Em discurso, Plínio de Arruda Sampaio, candidato à presidência do PT de correntes de esquerda, apontou uma das principais concepções defendidas por Florestan Fernandes em seus escritos: que as elites brasileiras não têm mais nenhuma contribuição a oferecer ao processo civilizatório de nossa sociedade.

Em referência direta à crise vivida atualmente pelo PT, Plínio lembrou três lições deixadas por Florestan Franandes para enfrentar os adversários rumo ao socialismo. Em primeiro lugar, observou, "não se pode se deixar cooptar" (pelas classes dominantes), numa alusão à política econômica e de alianças políticas adotada por Lula em nome da governabilidade. Em segundo, enfatizou que, apesar dos fatos recentes, "não se pode permitir se liqüidar", assinalando assim que o PT, apesar da crise, não pode acabar Por fim, insistiu que é preciso "caminhar junto com o povo", de modo a manter o rumo correto para as mudanças que a população deseja.

Já o sociólogo Francisco de Oliveira assinalou que Florestan Fernandes foi o homem que, junto com outros intelectuais brasileiros, sistematizou a sociologia no Brasil e alinhou o seu legado à contribuição de homens como Caio Prado Júnior, Celso Furtado, Gilberto Freire e Sérgio Buarque de Hollanda.

Manifestaram-se também representantes do MST e das universidades públicas do Estado, além da advogada Zilá Abramo. Ao final do evento, Mirian Fernandes e a filha foram agraciadas com flores e foi executada e cantada pelos presentes a Internacional socialista. Florestan Fernandes, gritaram. Presente, responderam todos.

Biografia

Florestan Fernandes nasceu em São Paulo em 22 de junho de 1920. Oriundo de uma família humilde, chegou a trabalhar de engraxate no início da vida, não tendo podido estudar nos primeiros anos. Só mais tarde, por meio de curso supletivo, concluiu seus estudos iniciais. Em 1947, ingressou na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, tendo se graduado em ciências sociais. Em 1951 já tinha adquirido o doutorado, tendo sido alçado à cátedra no lugar do professor francês Roger Bastide.

Rapidamente Florestan se notabilizou como um analista arguto da realidade social brasileira, sempre comprometido com o ideário socialista, tendo produzido mais de 50 livros. Dentre seus livros principais destacam-se: A organização social dos Tupinambá (1949), Ensaios de Sociologia Geral Aplicada (1960), Educação e Sociedade no Brasil (1966), Sociedade de Classes e Desenvolvimento (1968) Integração do Negro na Sociedade de Classes (1978), além do clássico A Revolução Burguesa no Brasil, de 1975.

Em 1986, filiou-se ao PT, tendo sido eleito deputado federal e atuado na elaboração da Constituição de 1988. Submetido a uma transfusão, acabou contraindo hepatite B, o que o levaria mais tarde à morte, após um transplante mal-sucedido de fígado.

Durante seus últimos anos de vida, paralelamente à sua intensa atividade parlamentar, notabilizou-se por brilhantes artigos, de estilo inconfundível, publicados num grande jornal paulista, nos quais nunca deixou de representar e defender os direitos dos "de baixo", como costumava se referir à população excluída.

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