Às vésperas das comemorações do Dia Internacional da Mulher, a Assembleia Legislativa realizou, na última quinta-feira, 5/3, a primeira edição do Prêmio Maria Miguel, organizado pela Associação de Mulheres da Zona Leste (Amzol), e que homenageou dez mulheres de destaque em diferentes áreas de atuação, entre elas a atriz Geórgia Gomide. O evento teve início às 19h30, no Auditório Franco Montoro, com apoio do deputado Simão Pedro (PT) e participação de representantes da Amzol, da União Brasileira de Mulheres (UBM) e do Sindicato dos Trabalhadores dos Correios (Sindcesp), além dos vereadores Alfredinho (PT), Jamir Murad (PCdoB) e da deputada Vanessa Damo (PV), que completou a mesa. Após apresentação do prêmio e depoimentos de quem conviveu com Maria Miguel, em meio à bossa nova, aplausos e poesia, o coordenador do evento Luciano Lima falou sobre o papel dos homens na luta das mulheres e afirmou que devemos buscar, acima de tudo, a igualdade entre os sexos. "Devemos começar praticando isso em casa com nossas companheiras", afirmou Luciano, que ainda ressaltou o escasso número de mulheres que atuam na política nacional. Mulheres premiadas A premiação foi dividida em dez categorias, tais como saúde, educação, projetos e pesquisa, e voluntariado, entre outras. Na categoria artes, recebeu o Prêmio Maria Miguel, aos 71 anos, um dos ícones da dramaturgia brasileira, Geórgia Gomide, que foi uma das estrelas da extinta TV Tupi e ainda atuou em diversas peças de teatro. Na categoria política, foi a vez da mais jovem vereadora da capital paulista, Juliana Cardoso (PT), eleita com 30.607 votos aos 29 anos de idade, após passar pela São Paulo Turismo (SPTuris) e pela Secretaria do Verde e Meio Ambiente. Outra mulher que recebeu o prêmio, dessa vez na categoria ONG, foi Mônica Arruda, presidente da Americamama, cujo objetivo é capacitar voluntárias para prevenção e tratamento de câncer de mama, através de cursos, encontros, simpósios, eventos e orientação médica. Também foram premiadas a professora de educação infantil Inês Menezes Maria; a cientista social Ana Paula de Santana Correia; a auxiliar de enfermagem aposentada Cecília Machado de Souza; a psicóloga Maralúcia Bueno; a militante social Neide Fátima Martins Abatti; a farmacêutica Tomoe Fátima Yamamoto; e a sindicalista Hélia Lucia Nascimento, falecida em 2004 e que recebeu homenagem póstuma, sendo o prêmio entregue ao seu marido Washington Luiz Gomes da Silva e à sua filha Fernanda do Nascimento da Silva. Poetisa e lutadora Mineira de Conselheiro Lafaiete, Maria de Lurdes Miguel tornou-se referência na luta pelos direitos da mulher. Mudou-se para São Paulo em meados da década de 70 e participou de inúmeros Clubes das Mães, onde discutia a condição da mulher no dia-a-dia, bem como os problemas dos bairros, organizando ações comunitárias, movimentos e atos públicos, que ficaram conhecidos como "Assembleias das Panelas Vazias". Em 1987, participou da criação da Amzol, em uma igreja no Itaim Paulista, na presença de mais de 150 mulheres. Aos 60 anos entrou na escola para ser alfabetizada e revelou-se uma ótima poetisa, além de ser uma das militantes mais ativas da associação. Morreu em março de 2005, aos 88 anos, e hoje não apenas dá nome ao prêmio, como serve de inspiração para inúmeras mulheres. Em verso ela se descreve: "(...) Sou o resto que sobrou da alegria e do amor. Sou tudo de bom, de sonho, de céu... Sou apenas Maria Miguel (...)."