DA REDAÇÃOReunião da Comissão de Saúde e Higiene, presidida pelo deputado Waldir Agnello (PTB), nesta terça-feira, 30/3, recebeu o secretário de Estado da Saúde, Luiz Roberto Barradas Barata, que anteriormente foi recepcionado pelo presidente da Casa, Sidney Beraldo, no gabinete da presidência.O secretário compareceu à Assembléia atendendo a convite da comissão para apresentar as realizações de sua pasta no atual governo e os projetos que estão em andamento para trazer melhorias ao setor.Barradas disse que o ano de 2004 tem sido um ano feliz pelo fato de o Estado ter investido a totalidade da receita permitida pela Emenda Constitucional 9 em Saúde. Segundo Barradas, São Paulo acresceu R$ 700 milhões em recursos na área, o que vem possibilitando o término de 18 hospitais que estavam em obras. "Nossa política é reformar e ampliar os hospitais já existentes e construir outros para atender as diversas regiões da cidade e do Estado", afirmou. Citou como exemplo a conclusão da primeira fase do Instituto Dr. Arnaldo - antigo Hospital da Mulher, que será incorporado ao HC - e o aparelhamento de suas instalações com os mais novos equipamentos para atender os enfermos que exijam tratamentos caros, como os de câncer, de aids, e outros. O secretário falou das reformas dos Hospitais de Ferraz de Vasconcelos, do Hospital da cidade de Mirandópolis - que será transformado em hospital especializado em doenças infecciosas - e do 2.º Centro de Referência para o tratamento do Idoso na Zona Norte - que funciona em conjunto com o Hospital do Mandaqui.Santas-CasasCom relação aos hospitais filantrópicos, Barradas afirmou que há mais de 300 Santas Casas prestando serviços ao Sistema Único de Saúde (SUS) e, para fazer frente às demandas, o Governo Estadual destinou 100 milhões de reais a estas instituições. "O problema da crise dos hospitais filantrópicos é a defasagem entre o que o Ministério da Saúde paga e o que gastam as Santas Casas. A solução reside na correção dos valores da tabela - tarefa do ministério responsável pela área", declarou. De acordo com o secretário, o SUS não tem como atender a demanda, sendo que o governo Federal afirma que não tem verba para repassar ao sistema os R$ 11 milhões mensais necessários para mantê-lo. "O Governo do Estado inaugurou recentemente quatro hospitais e não recebeu nenhum recurso federal para realizar as obras - isso não acontece em nenhum Estado, só em São Paulo. Nosso Estado precisa ter um valor per capita maior para custear suas despesas, já que, além de ter 25% de população do país, pessoas de todos os lugares vêm se tratar aqui". Segundo Luiz Roberto, a solução para o problema da carência do setor consiste num aumento do aporte de recursos por parte do Ministério da Saúde. "Apesar de tudo, as doenças endêmicas estão controladas, a mortalidade infantil decresceu muito, a média de vida dos paulistas aumentou e o SUS tem se esforçado para atender, dentro de suas possibilidades, as demandas da Saúde", concluiu.Fundo de Compensação NacionalO deputado Ricardo Castilho (PV) perguntou se as pessoas de outros Estados que vêm para São Paulo fazer cirurgias dispendiosas poderiam trazer a verba de seus Estados de origem. O secretário respondeu que, nesse sentido, está sendo proposto um sistema de compensação, que funcionaria como o sistema de compensação bancário. Afirmou também que o ministro da Saúde, Humberto Costa, vem propondo a criação de um fundo de compensação nacional para resolver o problema. Pedro Tobias (PSDB) manifestou sua preocupação com o rigor com que a vigilância sanitária vem fiscalizando as Santas Casas. "Se os azulejos estão só até a metade da parede - o que acontece nestas instituições, já que foram construídas há muito tempo e funcionam bem até hoje - a vigilância manda fechar", reclamou. O secretário respondeu que, como os funcionários desse órgão são muito zelosos, às vezes exageram "um pouco".O que é SaúdeBeth Sahão (PT) questionou a utilização pelo Governo Federal de R$ 300 milhões em programas que não são destinados à Saúde. "Se pudéssemos recuperar esses recursos haveria verba suficiente para repassar às Santas Casas". O secretário disse que existe muita polêmica a respeito do que se considera ser atributo do setor de Saúde. " Por exemplo, distribuição de leite é ação da Saúde? E a distribuição deve ser acompanhada de assistência médica - isso é ação da Saúde? Merenda escolar é Saúde? A maior parte dos Estados diz que sim. Já que há confusão em relação ao assunto, precisamos aprovar uma lei que diga o que é da Saúde e o que não é", finalizou Luiz Roberto Barata.Participaram da reunião, além dos deputados citados, Rodolfo Costa e Silva (PSDB), Ricardo Tripoli (PSDB), Analice Fernandes (PSDB), Vinicius Camarinha (PSB), Paulo Sérgio (Prona), Maria Almeida (PFL), Luis Carlos Gondim (PL), Sebastião Almeida (PT) e Ênio Tatto (PT).