A Comissão de Cultura, Ciência e Tecnologia, presidida pela deputada Célia Leão (PSBD), realizou discussão, na tarde de 15/6, sobre a situação atual e os desafios futuros do Observatório de Tecnologia e Inovação (OTI).Marcos Rocha De Avó, pesquisador de Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), formado em administração pela Faculdade de Economia e Administração da USP, falou sobre a iniciativa do observatório, que há três anos busca levar benefícios para o Estado de São Paulo.O projeto-piloto do OTI visa ao diagnóstico e à análise de tendências de quatro setores industriais: telecomunicações, álcool combustível, autopeças e móveis. Sua missão é subsidiar processos de tomada de decisão com foco na demanda por tecnologia (necessidades da sociedade), visão de longo prazo, redes de especialistas e competências, abordagem, sistêmica da tecnologia, relações com o mercado, a economia e a sociedade. Dentre os atuais projetos, há um estudo sobre "barreiras não-tarifárias para exportação de açúcar e álcool", que teve como motivação a redução de oferta de combustíveis fósseis, o que incentiva o desenvolvimento de técnicas baseadas em recursos renováveis. Esse estudo foi concluído e constatou a carência de sistemas de gestão de qualidade do processo produtivo na cadeia sucroalcooleira, a necessidade de atualização da norma técnica da Agência Nacional do Petróleo para álcool combustível. Segundo Marcos Rocha, a legislação dos países importadores não é conhecida pelos agentes do setor sucroalcooleiro "Há desconhecimento dos programas de investimento dos principais países competidores no segmento de álcool combustível e falta coordenação entre agentes da cadeia produtiva."Outro projeto apresentado é o que desenvolve tecnologia para substituir lâmpadas incandescentes e fluorescentes entre 5 e 10 anos. No Estados Unidos, os investimentos anuais para esse projeto são de US$ 60 milhões, na Coréia do Sul, US$ 20 milhões, e na China, US$12 milhões. "No Brasil, não há investimentos neste setor. O objetivo do OTI é identificar oportunidades (nichos de atração) e fazer recomendações no país e no Estado de São Paulo", explicou.Entre os dias 26 e 29 de abril de 2005, o OTI promoveu um workshop internacional com o título de "Sistemas de Apoio à Formulação de Ações Públicas de Ciência, Tecnologia e Inovação". O workshop teve participação de 17 entidades nacionais e 8 internacionais, como Inglaterra, Hungria, África, Tailândia, Coréia do Sul, Estados Unidos e União Européia. No encontro foi possível notar que 25% da legislação da União Européia depende da Ciência e Tecnologia e que todos os países olham sistematicamente para o futuro. Então a OTI viu como desafio alcançar os outros países nesse quesito, intensificando a interação entre formuladores de políticas de Ciência, Tecnologia e Inovação e especialistas nessa área. "O objetivo é a construção conjunta das melhores soluções, compatibilização de linguagens, usar a mídia como aliada na disseminação dos debates para o grande público, intensificar inserção do Brasil nas discussões internacionais sobre o assunto e adotar práticas de avaliação", disse Marcos.De acordo com a Conceição Vedovello, representante da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), "enquanto a ciência e a tecnologia não forem prioridade de governo, estaremos dando tiros para todos os lados e desperdiçando vontade e recursos. É preciso olhar o futuro, fazer com que as políticas convirjam, fazer esforço para juntar interesses e não perder oportunidades".Para Marcos Rocha, se o país não observar o papel da tecnologia, pode ficar apenas com a sobra. "Temos potencial, mas se permanecermos reféns da falta de incentivo, não aproveitaremos a competência do país".Estiveram presentes no encontro os deputados Adriano Diogo (PT), Carlos Neder (PT) e Geraldo Bispo Gê Tenuta (PTB).