Prêmio Santo Dias 2011 é entregue em sessão solene a cinco vencedores

Comissão de Direitos Humanos organizou homenagem a todos que lutam por justiça e liberdade
06/12/2011 15:45

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Apresentação do Coral do Teatro Popular Olho Vivo <a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/12-2011/SantoDiasJAT0167.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Cerimônia de entrega do Prêmio Santo Dias <a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/12-2011/SantoDiasJAT0150.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Luciana Dias e Sebastião Neto <a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/12-2011/SantoDiasJAT0199.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Coral do Teatro Popular Olho Vivo <a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/12-2011/SantoDiasJAT0152.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Prêmio Santo Dias é entregue na Assembleia <a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/12-2011/SantoDiasJAT0153.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

A Comissão de Defesa dos Direitos Humanos entregou nesta segunda-feira, 5/12, em sessão solene aberta pelo presidente da Casa, Barros Munhoz, e conduzida pelo presidente da comissão, Adriano Diogo (PT), o prêmio Santo Dias 2011 " 15ª edição a cinco vencedores: Movimento Mães de Maio; Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (Condepe); irmã Michael Mary Nolan; pastor Ariovaldo Ramos dos Santos; e Centro de Defesa dos Direitos Humanos de Campinas.

A sessão teve a presença dos deputados Carlos Bezerra (PSDB), Leci Brandão (PCdoB), José Candido (PT) e o deputado federal José Mentor (PT).



As entidades



As Mães de Maio são um movimento da Baixada Santista responsável por uma verdadeira peregrinação de mães na busca de explicações sobre o assassinato de seus filhos, mortos principalmente no período que se seguiu aos ataques da organização criminosa PCC, em maio de 2006. Na Baixada, as mortes acontecem até os dias de hoje, e todos os casos permanecem arquivados sem solução, e muitos sequer sem investigação. O movimento luta ainda pela federalização da investigação dos crimes, na esperança de solucioná-los.

O Condepe é conhecido por sua atuação expressiva em defesa dos direitos humanos no Estado de São Paulo. Trata-se de um órgão do Estado, controlado pela sociedade civil. Michael Mary Nolan, irmã de Santa Cruz de São Paulo, é advogada de direitos humanos, voltada ao trabalho com prisioneiras estrangeiras. O pastor batista Ariovaldo Ramos trabalha no Serviço de Evangelização para a América Latina e está preocupado com o crescimento de igrejas neopentecostais, com pregações superemocionadas e investimentos em mídia, o que diverge da orientação das igrejas evangélicas tradicionais. O Centro de Defesa dos Direitos Humanos de Campinas é uma entidade civil, sem fins lucrativos, fundada em 1978, que desenvolve atividades de atendimento a vitimas de violação dos direitos humanos.

Ao receber o prêmio, Débora Silva, representante das Mães de Maio, teve dificuldade em se pronunciar por conta da emoção. Ela agradeceu sobretudo à Comissão de Direitos Humanos e a Adriano Diogo, que na sequência anunciou a presença do jornalista Renato Santana. Ele publicou diversas matérias na Tribuna de Santos, denunciando os assassinatos e teve que sair do Estado de São Paulo. Atualmente trabalha em publicação na defesa de indígenas que lutam contra a invasão de suas terras.



Santo Dias





Ele que nomeia o prêmio foi o primeiro homenageado na solenidade que não se resumiu à entrega da premiação. Em sua parte inicial, sucederam-se várias homenagens a todos que lutam contra a repressão, a escravidão, a tortura, o extermínio, enfim, contra tudo o que avilta os direitos humanos.

Operário da extinta Sylvania, Santo Dias era militante da Pastoral Operária e foi morto pela Polícia Militar, em frente ao local onde trabalhava, quando distribuía panfletos convocando operários para uma greve.

Eram os anos de chumbo da ditadura militar e, em outubro de 1979, pouco depois da edição da Lei da Anistia, Santo era um dos líderes de uma greve que reunia cerca de 6 mil metalúrgicos em São Paulo. O PM Herculano Leonel o baleou pelas costas. Santo tinha 37 anos e deixou dois filhos e esposa.

Sua morte acirrou a pressão popular pelo fim da ditadura, tornando Santo um ícone da luta contra o regime militar. Milhares de trabalhadores foram ao seu velório na Catedral da Sé, em missa de corpo presente rezada por Dom Paulo Evaristo Arns, na presença de líderes da oposição, como Hélio Bicudo, Luiz Eduardo Greenhalgh, Perseu Abramo, Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva.

Sua filha Luciana Dias (com 12 anos à época da morte de Santo) compareceu à sessão solene para lembrar a trajetória do pai. Ela disse que a luta era de toda a família e que sua mãe foi uma verdadeira guerreira por conseguir impedir que Santo fosse enterrado em vala comum. A jovem informou que a história de Santo e da classe operária nos anos 1970 é contada no livro Santo Dias, da editora Cortez.

Cícero Umbelino e Clodoaldo Santos recitaram literatura de cordel em homenagem a Santo Dias.



Sócrates, Mandela e Palestina





Entre poesia, música e literatura de cordel foram homenageados o ex-jogador Sócrates, responsável pela democracia corintiana, que permitiu maior liberdade de expressão ao time, resultando numa relação harmoniosa entre diretoria, técnico e jogadores e, em decorrência, uma fase de vitórias para o clube. O coral do Teatro Popular União e Olho Vivo cantou em memória ao jogador e médico, falecido no domingo, 4/12, por complicações hepáticas.

Símbolo de luta do povo afrodescendente, Nelson Mandela foi lembrado por Leci Brandão (PCdoB), uma vez que se passam 20 anos da visita do líder africano ao Brasil. Ele esteve preso anos a fio por sua luta contra o apartheid (regime de segregação racial) na África do Sul, instituído em 1948, o ano em que a ONU apresentou a Declaração Universal dos Direitos Humanos. Mandela se tornou presidente de seu país após o fim do regime segregacionista. O coral Luther King entoou, em vários dialetos, o hino da África do Sul.

Outra coincidência citada referente a 1948 é a criação do Estado sionista, que ocupou as terras da Palestina, confinando o povo local em guetos. Mohamad Al Kadri falou em favor da luta pela desocupação da Palestina e contra o que chamou de terrorismo de Estado. Segundo ele, a luta dos palestinos é como a de todos que se apresentaram na solenidade, é a luta pela liberdade.



Marighela e Haiti



Após o marinheiro Marcelino receber 250 chibatadas, a bordo do encouraçado Minas Gerais, liderados por João Candido, a tripulação promoveu em 22/11/1910 o movimento contra o açoitamento, que ficou conhecido como a Revolta das Chibatas. A referência ao nome de João Candido foi para lembrar os 42 anos do assassinato de Carlos Marighela, igualmente afrodescente e que foi um dos maiores representantes da luta armada contra o regime militar brasileiro, instituído após o golpe de 1964. Um vídeo sobre o guerrilheiro foi apresentado.

Claudio Silva, do SOS Racismo " órgão da Assembleia Legislativa ", leu nomes de desaparecidos políticos constantes no documento Direito à Verdade e à Memória.

O Haiti é um país de população constituída, em sua grande maioria, por negros. Segundo Barbara Corrales, do Comitê Defender o Haiti é Defender a Nós Mesmos, o povo haitiano precisa de médicos e professores, não de soldados. Ela pede a retirada das tropas da ONU do país.

alesp