Esporte e cultura são uma coisa só


21/11/2003 18:47

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DA REDAÇÃO

"O esporte como fator de inclusão social" foi um dos temas tratados durante a II Semana de Cultura Negra promovido pela Assembléia Legislativa e pelo Grupo de Negros da Alesp, com apoio do Instituto do Legislativo Paulista. O painel desta quarta-feira, 19/11, contou com a presença do atleta olímpico da seleção brasileira de basquete Gilson Trindade de Jesus."Não se deve separar o esporte da cultura", disse Gilson, pois acredita que não há outra atividade que contribua tanto com a formação do jovem como o esporte.

Na verdade, o efeito das atividades esportivas e lúdicas para o desenvolvimento da noção de coletivo, de trabalho de equipe e de responsabilidade em relação ao outro foi enaltecida pelos expositores quase em uníssono. Mas, da mesma forma, também surgiram duras críticas à falta de investimentos. "Vivemos hoje um momento de apartheid social no esporte. Os clubes fecharam-se às práticas esportivas, reservando-as aos sócios." E os centros esportivos comunitários são poucos, quando os há. O que traz mais uma dificuldade para o jovem atleta: o transporte. Os centros de treinamento em geral são distantes de onde o jovem mora e estuda, e muitos acabam tendo que largar o esporte por não terem condições de arcar com a despesa de transporte.

O seminário foi conduzido pelo deputado Nivaldo Santana (PCdoB) e teve presentes os deputados Simão Pedro e Sebastião Almeida, do PT. Além de Gilson, Alexandre Machado, representando a Secretaria Municipal de Esportes, fez uma exposição da história do negro no esporte e na formação cultural do Brasil, lembrando que, até 1941, quando foi promulgada a primeira lei sobre esportes - sob a ditadura de Vargas, foi também editado o primeiro método para a prática da capoeira, ginástica - que também é jogo, luta e dança - tipicamente brasileira e com origem nas populações africanas trazidas ao país.

A representante da Fundação Cafu fez uma breve exposição sobre o surgimento da fundação e de suas finalidades - atrair os jovens no período em que não estão na escola para que tenham oportunidade de praticar esportes e obtenham noções de cidadania. O atleta Cafu - que homenageou seu bairro, o Jardim Irene, na periferia de São Paulo, ao erguer a taça do mundo de futebol - fundou a entidade numa tentativa de criar opções de esporte e lazer numa região que tem grande adensamento populacional e completa falta de tais atividades. O bairro tem 26 mil negros.

"Infelizmente, o Brasil ainda não contou sua história como deveria para seu povo", declarou Sebastião Almeida.

alesp