Resultado de releituras a obra de Martins de Porangaba ressalta sua exuberância e sua riqueza interior.

Emanuel von Lauenstein Massarani
13/04/2004 14:00

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Obra Canteiro de Obras<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/hist/MARTIS PORANGABA3.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Martins de Porangaba <a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/hist/Martins de Porangaba.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Obra Entre as Flores<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/hist/Martins de Porangaba 1.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

Expressão de uma história, a arte de Martins de Porangaba atinge, tanto nas suas formas mais acabadas quanto nos esboços, uma dignidade hierática que nos obriga estabelecer um laço de parentesco com a arte pré-histórica e a dos povos primitivos. Ela nos lembra a simplicidade das formas arquitetônicas da arte negra e nos leva, enfim, até as fontes da iconografia indígena.

Movido por leis íntimas que ditam suas harmonias, as obras desse artista são resultados de leitura e releitura, onde sucessivamente extrai e acrescenta elementos, onde ressaltam sua exuberância e sua imensa riqueza interior

A obra de Martins de Porangaba pode ser interpretada de duas maneiras: como figurativa, se considerarmos o tema, como abstrata, se considerarmos a escritura pictural. De um lado, efetivamente, o assunto é a forma imaginária, uma livre inspiração em torno do tema da cidade, do campo, das profissões e das paisagens. Por outro lado, a pincelada é influenciada pela pintura gestual.

Determinando uma dupla atmosfera de alegria e dramaticidade, é o expressionismo que domina seus quadros antes de tudo. Esses estímulos interiores, materializados por uma forma gráfica original, traduzem não somente o ritmo da linha superficial, como também a pulsação da obra. Essa materialização tem sua origem num movimento inconsciente do traço, obtido pelos negros mais ou menos intensos que sublinham figuras e volumes, constituindo a estrutura arquitetônica da composição.

"A natureza da cidade de Porangaba - assevera o crítico José Neinstein - sua topografia, seus volumes, suas formas e cores constituem um manancial de onde Martins extrai seu vocabulário pctórico e seu repertório de formas. A árvore, a mulher, o menino - do círculo familiar imediato - o auto-retrato, portanto o homem, mais o pássaro, a flor, a estrada, a casa, a lua, o sol, o automóvel, o violão, o cavalo e todas as demais formas correlatas proveêm de Porangaba".

Não há dúvida que a presença da cidade de Porangaba, torrão natal de José Carlos Martins, ao qual está tão visceralmente ligado a ponto de ter-lhe incorporado o nome ao seu próprio, é tão fundamental em sua obra que só é possível entendê-la amplamente a partir dessa ligação indissolúvel. Assim são as três telas do artista que fazem parte do Acervo Artístico do Palácio 9 de Julho: "Vida de Interior", doada pelo Instituto de Recuperação do Patrimônio Histórico no Estado de São Paulo, "Canteiro de Obras", oferecida por esse crítico e "Entre as Flores", pelo seu próprio autor.

O Artista



Martins de Porangaba, pseudônimo artístico de José Carlos Martins, nasceu na cidade de Porangaba, São Paulo, em 1944. Iniciou seus estudos artísticos como autodidata em 1953. Em 1967, ingressou na Associação Paulista de Belas Artes, onde freqüentou, a partir de 1970, o curso livre de modelo-vivo. Estudou gravura com Paulo Mentem e modelagem com Olinda Dalma. Conviveu e trabalhou com vários artistas, entre os quais Paulo Mentem, Menacho e Mário Zanini.

Recebeu inúmeros prêmios em 1981, entre os quais: Prêmio Aquisição no XIV Salão de Arte Contemporânea de Piracicaba; Medalha de Bronze, no XVIII Salão de Artes Plásticas do Embu; 1º Prêmio no II Salão de Arte Contemporânea de Marília (Prêmio Deputado Cunha Bueno); Rosa de Bronze no Salão da Associação Paulista de Belas Artes; IV Salão Nacional de Artes Plástica; II Salão Paulista de Artes Plásticas e Visuais; e I Salão Nacional de Artes Plásticas de Novo Hamburgo, RS (1981).

Começou a expor em 1971, participando de vários salões, exposições coletivas e individuais: Salão da Associação Paulista de Belas Artes onde recebeu Menção Honrosa (1979) e Medalha de Bronze (1980). Esteve presente ainda em inúmeras exposições coletivas e individuais no Brasil e no exterior, notadamente, nos Estados Unidos, Portugal e Japão. Desde 1980 orienta um curso de pintura na Escola Panamericana de Artes, em São Paulo.

Suas obras fazem parte de importantes acervos nacionais e de várias coleções particulares da Inglaterra, Portugal e França, notadamente na Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo.

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