Qual será a notícia do dia? A próxima lista? Quando desligamos nossos televisores nos interrogamos: qual será as cenas do próximo capítulo? Desses sobressaltos tem vivido a conjuntura política brasileira. Momentos de crise para aqueles que enxergam o mundo positivamente, servem principalmente para encontrarmos soluções e, através delas, as mudanças necessárias.

Não preciso dizer que a Revolução Francesa, a Independência norte americana, inclusive a Guerra de Secessão que confrontou internamente uma nação, a Revolução Socialista na Rússia czarista do início do século, e, principalmente a Segunda Guerra Mundial que reconstruiu a Europa de um contexto cinzento da primeira metade do século originando o Mercado Comum Europeu, são provas de que contextos negativos do presente podem constituir processos de reconstrução que nos levam a mudanças verdadeiras.

O Brasil não pode se amesquinhar neste momento, suas lideranças à parte de disputas, devem se subordinar ao essencial da política que é a meta de melhoria do bem comum, méritos a revelação dos fatos, da indispensável apuração e rigorosa punição, mas é necessário enxergar além. Vencemos vários estágios de desenvolvimento apesar das mazelas sociais, garantimo-nos como democracia, estabelecemos uma concepção de Estado e de modelo econômico dentro de algumas imperfeições, mas estamos próximos hoje em dia às realidades dos países desenvolvidos.

A crise política não pode obstruir o país, precisa servir para alcançarmos as mudanças esperadas, milito em um Partido político que procura ser o fiel da balança neste momento delicado da história brasileira, o Partido Popular Socialista busca neste momento figurar no cenário político como alternativa objetiva de mudanças.

Um exemplo disso é a retomada da discussão do sistema de governo estabelecido, o presidencialismo é um instituto que embora seja oriundo da república e da democracia vicia uma série de relações entre público e privado e principalmente macula a função do legislativo como Casa Política, hoje o Parlamento se reduz na visão do Executivo a um simples ente produtor de leis, o sistema parlamentarista precisa voltar a discussão da grande reforma federativa que precisamos passar.

A Federação precisa ser remodelada, no bojo do Parlamentarismo, o remanejamento de tributos está completamente equivocado, é centralizado na União, os Estados ficam com o pires na mão o que prejudica ainda mais as relações entre Poder Executivo Federal e Estadual e o Poder Legislativo, o município vive em estado de penúria ao contrário do que se apregoa os maiores exemplos de federação como o sistema neozelandês e canadense.

A crise no Judiciário, as distorções no sistema de saúde, o sistema prisional medieval, o excesso de uso das Medidas Provisórias pelo Executivo, a ausência de uma codificação unificada que garanta a segurança legal das questões ambientais, demonstram que algo precisa ser corrigido, a luz de todo este conceito a reflexão nos leva a rediscutir o modelo constitucional estabelecido, a um ano da eleição que define o novo parlamento precisamos repensar o texto constitucional de maneira mais ampla, a convocação de um parlamento constituinte casa com o momento de sede de mudanças.

Precisamos buscar caminhos neste momento e a mudança tem que ser agora.





*Arnaldo Jardim é deputado estadual pelo PPS.