Teve início nesta segunda-feira, 15/10, a Semana do Saneamento Ambiental na Assembléia Legislativa. O objetivo do evento é discutir a tramitação no Legislativo paulista de proposta (PLC 48) do governo do Estado que visa criar a agência de regulação do setor. Motivada pela Lei Federal 11.455/2007, que definiu exigências para o saneamento básico no Brasil, entre elas a criação de agências para fiscalizar e regular os serviços de saneamento, o PLC 48 recebeu 180 emendas e substitutivo.A qualidade da prestação de serviços nas regiões metropolitanas, nas quais estão os mais graves problemas relacionados ao lixo e à drenagem, bem como os maiores conflitos pela água, também é objeto de debate no encontro.A iniciativa é da Mesa Diretora da Assembléia Legislativa, por meio do Instituto do Legislativo Paulista (ILP). Na mesa de abertura estiveram presentes o presidente em exercício da Assembléia, deputado Waldir Agnello, o 1º secretário da Assembléia, Donisete Braga (PT), o deputado Rodolfo Costa e Silva (PSDB), e o diretor-presidente do Instituto do Legislativo Paulista, Roberto Eduardo Lamari. O tema debatido neste primeiro encontro foi "alternativas institucionais de regulação".O secretário-adjunto estadual de Saneamento e Energia, Ricardo Toledo Silva, fez uma exposição sobre os principais pontos do projeto do governo e, em seguida, Sérgio Pinto Parreira, presidente da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental " ABES, Seção São Paulo, falou sobre os objetivos da regulação, como prevenção e repressão ao abuso econômico, fiscalização da qualidade do serviço prestado e estabelecimento de canais de comunicação eficazes com a população. Ricardo Guterman, coordenador da Assessoria Técnica da Liderança do PT na Assembléia Legislativa, questionou alguns aspectos das agências reguladoras já existentes no país, o fato de que haja no projeto do governo do Estado uma junção entre saneamento e energia e a atribuição, para a agência reguladora, da política estadual de saneamento. Em sua opinião, é necessário o estabelecimento, com maior clareza, dos direitos e deveres dos atores envolvidos, um dos objetivos do substitutivo apresentado pelos deputado Donisete Braga. Rodolfo Costa e Silva apontou que a agência reguladora em pauta é diferente das demais existentes na medida em que vem regular um serviço público e municipal. "Se ela não fizer um papel democrático, não sobrevive", declarou. Donisete Braga disse ser favorável à criação da agência reguladora e que a apresentação do substitutivo não visa impedir a sua votação, mas estabelecer melhores condições para a questão da titularidade e da transparência, entre outras.Representando o prefeito de Taboão da Serra, Evilásio Cavalcante de Farias, que também é presidente do Consórcio Intermunicipal da Região Sudoeste da Grande São Paulo (Conisud), falou o secretário do município, Ricardo Rezende Garcia, destacando o fato de que os municípios não têm condições de absorver sozinhos o saneamento. Para ele, os órgãos de operação precisam ser fortalecidos, independentemente da regulação.Flávia Lefevre Guimarães, advogada, representante do consumidor no Conselho Consultivo da Anatel, membro da Comissão de Estudos da Concorrência e Regulação Econômica da OAB e membro do Instituto Ilumina, enfatizou a importância da promulgação da lei federal e a premente necessidade de lei estadual que esclareça a questão da titularidade. Esta lei, segundo ela, tem de estabelecer uma articulação real entre o órgão regulador e os municípios que, por sua vez, têm de ter voz e participação efetivas no órgão de regulação estadual.O encontro continuará no decorrer da semana e terá as presenças da secretária estadual de Saneamento e Energia Dilma Pena, do consultor jurídico Alaor Café, do prefeito de Diadema e presidente do Subcomitê Billings/Tamanduateí José de Fillippi Junior, do superintendente da CEF Rogério Tavares e do presidente da Associação Paulista de Municípios Marcos Roberto Casquel Monti.Discordâncias nos projetosDa assessoria da 1ª SecretariaTrês pontos divergentes entre o Projeto de Lei Complementar 48, do governo do Estado, que cria a Agência Reguladora de Saneamento e Energia do Estado de São Paulo (Arsesp), e o projeto substitutivo da bancada do PT sobre o mesmo tema, foram destacados pelo deputado Donisete Braga (PT), 1º secretário da Alesp, na abertura da Semana do Saneamento Ambiental. "A titularidade sobre os serviços, o tipo de conselho proposto e a transparência com relação à defesa dos usuários paulistas são pontos importantes que merecem ser debatidos com mais profundidade", defendeu Donisete Braga (PT.Sobre a titularidade dos serviços de saneamento básico - água, esgoto, lixo e drenagem -, Donisete Braga observou que o PLC do governo pode tirar a autonomia dos municípios. "O substitutivo que apresentamos prevê que a titularidade poderá ser exercida de forma conjunta pelos entes federados, no caso Estado e os municípios", observou o 1º secretário.Quanto ao Conselho, que na proposta do governo é de orientação, Donisete entende que deve ser deliberativo. "Assim ele poderá decidir sobre questões como o preço das tarifas a serem cobradas dos usuários", disse. Em relação à transparência, o deputado observou que a proposta do governo não prevê direitos e deveres dos usuários nem das empresas prestadoras de serviços, enquanto "o substitutivo do PT resgata e conceitua a transparência na criação da agência de regulação dos serviços de saneamento básico no Estado de São Paulo".A Semana do Saneamento Ambiental prossegue nesta terça-feira, 16/10, com o painel "Saneamento nas Regiões Metropolitanas". Na quinta-feira, 18/10, será apresentado o painel "Renovação dos Contratos de Concessão", e na sexta-feira, 19/10, encerramento com o painel "Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e Recursos para o Saneamento". Os painéis têm início às 9h, no Auditório Teotônio Vilela.dpbraga@al.sp.gov.br