Revelador de uma maturidade expressiva, tudo na obra de Chris Biondi reflete otimismo. Passando pelo abstrato e pelo informal e sem privar suas obras do peso cromático e tocável, a artista achou seu ponto de encontro, onde as coisas têm sua origem.

No seu "compacto" cromático está evidente a sua emotividade. Seu temperamento livre e ancestral age sobre o fator psicológico cor-espaço, cuja carga se concretiza na dinâmica intuito-emoção. Frente à trama, permanecemos esperando uma deflagração das formas, lá onde as cores regurgitam e têm a suave ondulação do magma.

O que aflora na pesquisa da artista é, sem dúvida, a seriedade de intenções. Precisamente elaborados, seus papéis aquarelados possuem um conceito cromático bem nutrido. Com técnica aprimorada, suas aquarelas são elaboradas com sensível espontaneidade e articuladas em chave bem pessoal. Elas mostram diluídas colorações sustentadas por espessuras que movimentam os planos e enriquecem os volumes.

Chris Biondi não se satisfaz em nos apresentar meras combinações, mas ama dissertar transfigurando, usando maturidade e um profundo sentido de estilo, faz arte verdadeira. Na busca da linguagem pictórica, a artista se move em direções diversas e grava suas raízes numa personalidade poética. Uma vontade férrea e a própria vocação lhe proporcionaram, desde logo, uma perfeita autonomia.

A artista possui todos os instrumentos para trabalhar no campo da arte. As obras O Canto do Amor, O Prazer da Busca e a Alegria do Encontro, Piso sobre as Folhas do Outono e Na Sutil Beleza do Outono que me Invade (2002), doadas ao Museu de Arte do Parlamento de São Paulo e realizadas em aquarela sobre papel de arroz, possuem extraordinária vitalidade e são coerentes, conseqüentes e reveladoras de uma alma poética.

A artista

Chris Biondi, pseudônimo artístico de Anna Christina Trucco Biondi, nasceu em 1938, em São Paulo. Formou-se em Artes Plásticas pela Faculdade de Belas Artes de São Paulo. Realizou diversos cursos no campo das artes: aquarela com Diana Mártire (1988), desenho e pintura com Ida Zami (1989 e 1990), xilogravura com Cezira Carpanezzi (1992), modelo vivo com Silvia Fairbanks (1993), pesquisa em xilogravura, técnicas mistas sobre papel no ateliê Cezira Carpanezzi (1993 a 1996), arte contemporânea e cinema europeu no Institut de Langue et Culture Françaises, Paris, França (1997), terra cera com fibras com Viga Gordilho (2000), contempoarte com Waldo Bravo (2001) e pesquisas sobre papel no ateliê Ida Zami (2002).

Participou de inúmeras exposições individuais e coletivas, destacando-se entre elas: "Luzes e Sombras", Paço das Artes de São Paulo (1990); "Caminhos", Paço das Artes de São Paulo (1992); "Experimentos" (técnica mista sobre papel d"Antigona), Espaço Cultural São Paulo (1995); "Fráfilforte", Espaço Cultural do Merlin, São Paulo (1996); "Madeira e Papel", A Arte da Natureza, Galpão das Artes, São Paulo; Galerie Les Migrateurs, Paris, França (1997); "Figurações do Abstrato", Espaço Cultural Onorato, São Paulo (1999); "Artuel", Salão Internacional de Arte Contemporânea, Beirute, Líbano; Espaço Cultural V Centenário, Assembléia Legislativa (2000); "A Busca da Beleza", Espaço Cultural Solarium, São Paulo (2001); 2ª Bienal de Arte Ciência e Cultura da UEE, São Paulo, e Petite Galerie L"équipe, São Paulo (2002); Galeria Hebraica, São Paulo; e "Panorama", Espaço Cultural Ida Zami, São Paulo (2003).

Possui obras em diversas coleções particulares no Brasil e no exterior e no Museu de Arte do Parlamento de São Paulo.