A "memória" urbano - rupestre de Valdo Costa cria um clima de envolvente mistério

Emanuel von Lauenstein Massarani
26/06/2003 16:44

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Obra Os meninos<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/hist/QuadroValdoCosta.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Valdo Costa<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/hist/valdocosta1b.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

A obra de Valdo Costa não retrata tão somente as aparências de uma realidade visível, ela se abre também sobre visões de uma alma dilacerada pela rudez da existência. Filtradas por seu olhar as imagens que a humanidade ali projeta reaparecem despolhadas de sua coerência e quase convulsionadas por sua angustia.

Esse processo introspectivo não desmistifica somente os motivos tradicionais da imagem mas revela o desespero do homem ocidental. O quadro de Valdo Costa é dominado por minúsculas figuras negras estilizadas e sobrepostas. São desenhos que fazem surgir, até mesmo nos mínimos recantos da tela, os fantasmas que pululam em seu espírito.

Sua mão restitui a imagem com a espontaneidade dos desenhos infantis torcidos ou obsessivos, próprio dos "graffiti", com a força deformadora dos expressionistas, com a inventividade dos surrealistas mais imaginativos, enfim, com a genialidade dos longínquos artistas que ornamentaram as cavernas pré-históricas.

As alusões subjetivas sobre acontecimentos contemporâneos dão às suas obras um poder de convicção irrecusável: visões de guerra, sátira social, medos, decadência e morte. O tema permanece presente ao longo da elaboração da obra, cuja trama complexa compõe uma verdadeira e ampla narração onde as etapas se imprimem, uma após outra, sobre a tela.

O primeiro extrato é próximo do conceitual onde o artista, numa sucessão de operações, recobre progressivamente a matéria policrômica através de pinceladas e espatuladas fortes e expressivas.

A obra "Os meninos", doada ao Acervo Artístico da Assembléia Legislativa, foi elaborada segundo o processo contínuo de cobertura da massa. O visível e o lisível constituem, na obra de Valdo Costa, uma memória urbano-rupestre do 3º Milênio, enquanto que a superfície do quadro, impregnada pela amalgama cromática de suas camadas, cria um clima de envolvente mistério .

O Artista

Artista plástico, poeta e músico, Valdo Fernando Costa nasceu em 1968, em Três Lagoas (MS). Cursou pós graduação e especialização em Língua Portuguesa na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. Começou sua vida artística no ano de 1988, quando participou da gravação do Programa ¨A cidade faz o show¨, da TV Cultura, pintando telas ao vivo e concedendo entrevistas. Organizou a Associação dos Artistas Plásticos de Ilha Solteira. Participou do seminário de história da arte, organizado pelo Sesc de Birigui, e do curso de história da arte do Brasil realizado pela Secretária de Cultura de Ilha Solteira (2000).

Participou de diversas exposições, destacando-se entre elas: ¨Pintura Impressionista¨, no Centro Cultural SEIS de Ilha Solteira; Salão de Artes de Presidente Prudente; UNESP de Ilha Solteira (1988); 16º Salão de Artes Modernas de Aracaju; Galeria Acaiaca, Curitiba (198 ); Casa da Cultura de Ilha Solteira; 1º Encontro de Grupos Musicais de Ilha Solteira (1990); Expoart em Araçatuba, São Paulo (1991); Salão Interestadual de Artes Contemporânea; Casa da Cultura de Ilha Solteira (1992) Centro Cultural da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, juntamente com o artista Edson Teiji Hirae; Agência Banco do Brasil em Ilha Solteira (1994); ¨10 anos de Artes Plásticas¨ na Casa da Cultura de Ilha Solteira; Mapa Cultural Paulista (1998).

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