Amazônia, capital EUA?

OPINIÃO - Giba Marson*
16/07/2003 16:00

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A grande reserva econômica e ambiental do país exige defesa e exploração sustentável. Sem um projeto nacional, o Brasil está desatento ao que ocorre naquelas vastidões de florestas, águas, biogenética e desmedidas riquezas minerais, como denunciam estudiosos, administradores e militares.

A população da Terra ultrapassou a marca de seis bilhões de pessoas. A cada segundo, o rio Amazonas despeja no oceano Atlântico seis bilhões de litros de água doce. Isto é, um litro de água por segundo para cada habitante da Terra. Em um minuto e meio são 90 litros de água por pessoa, quantidade mais do que suficiente para suprir as necessidades básicas de um dia. Neste milênio, a água doce potável - essencial para a vida e que começa a escassear em algumas partes do planeta -, será disputadíssima e, quem sabe, motivo de futuras.

A Amazônia dispõe de um quinto da água do planeta. O seu subsolo abriga riquezas minerais incalculáveis que só a partir da década de 70, com o advento dos satélites, começaram a ser conhecidas e mapeadas pelos países ricos; os mesmos que dominam a tecnologia espacial e já destruíram há muito sua biodiversidade em nome do progresso.

Hoje, há uma pressão imensa desses países ricos, organizados no grupo dos sete países mais desenvolvidos (o G-7, constituído por Estados Unidos, Canadá, Inglaterra, França, Alemanha, Itália e Japão), pela internacionalização dos recursos naturais da Amazônia que, segundo campanha que desenvolvem junto à opinião pública mundial, pertenceriam à humanidade - não aos nove países sul-americanos que abrigam a floresta amazônica, com seus rios, em seus territórios. A ofensiva pela internacionalização da última grande área disponível no planeta para ocupação humana e exploração econômica está cada vez mais agressiva, exigindo reação conjunta dos países pan-amazônicos.

Em 1995, o governo dos EUA decidiu que ameaças aos direitos humanos e ao meio ambiente em qualquer parte do mundo são passíveis de intervenção militar por parte de suas Forças Armadas. Sem meias-palavras, em 1995 o general norte-americano Patrick Hughes afirmou publicamente: "Se o Brasil quiser fazer um uso da Amazônia que ponha em risco o meio ambiente dos Estados Unidos, precisamos interromper esse processo imediatamente". Declaração que se somou à palavra do vice-presidente Al Gore: "Ao contrário do que os brasileiros pensam, a Amazônia não é deles, mas de todos nós". E da secretária de Estado, Madeleine Albright, a mesma que definiu como "intervenção militar humanitária" os bombardeios aéreos contra a Iugoslávia, na campanha de Kosovo: "Quando o meio ambiente está em perigo, não existem fronteiras". O desmatamento na Amazônia, segundo interpretam atualmente os norte-americanos, afeta o clima mundial e, especialmente, o meio ambiente no sul dos Estados Unidos.

*Giba Marson é deputado estadual pelo PV

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