Contee aponta conglomerados econômicos e desnacionalização no ensino privado

Diretor da Fapesp diz que instituição com fins lucrativos não podem fazer ensino superior de qualidade
28/09/2011 19:05

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Celso Giglio (2º dir.) presidiu a reunião<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/09-2011/CPIEnsinoSuperiorRobNomeada.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Deputado Simão Pedro <a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/09-2011/CPIEnsinoSuperiorRobdepSimaoX.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Vitor Sapienza e Adilson Rossi<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/09-2011/CPIEnsinoSuperiorRobdepsSapienzaeAdilsonRossi.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

Madalena Guasco Peixoto, coordenadora-geral da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino (Contee), ouvida nesta quarta-feira, 28/9, pela CPI do Ensino Superior Privado, avaliou que a presença de conglomerados econômicos, em acelerada formação, e o processo de desnacionalização das instituições privadas no Brasil desencadeiam problemas da maior gravidade para a qualidade da educação no país. "O capital especulativo quer valorizar suas ações no mercado financeiro para dar lucro aos seus acionistas. Não estão preocupados com a melhoria dos quadros brasileiros. Pior que isso, quando desnacionalizado, o capital não se importará com o crescimento de nenhuma nação soberana", afirmou.

Para ela, o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (Sinaes) significou um avanço para algum controle dessas instituições, mas ainda é insuficiente, pois é preciso regular o ensino privado no Brasil. "Elaboramos uma proposta de reforma do ensino superior, que redundou no Projeto de Lei 7.200/2006, que limita a 30% a participação de capital estrangeiro nas instituições de ensino. O projeto, porém, está parado no Senado", disse.

Respondendo a pergunta do deputado Simão Pedro (PT) sobre a situação dos trabalhadores nas instituições privadas, a coordenadora da Contee, entidade que representa os sindicatos dos professores e técnico-administrativos da educação privada de todo o país, disse que, em várias regiões do Estado, ao professor sobra a possibilidade de trabalhar no máximo em duas instituições, referindo-se, a propósito, à recente compra da Uniban Brasil pela Anhanguera Educacional. Ela afirma que a formação de conglomerados e a desnacionalização das empresas tem consequências sobre as relações de trabalho e dificultam a organização dos trabalhadores. "Muitas vezes o professor dá aula em Mato Grosso do Sul, mas se reporta ao RH da instituição sediada em São Paulo".

Vitor Sapienza (PPS) considerou a gravidade do diagnóstico feito e sugeriu que a Contee pressione o Congresso Nacional para que instale CPI para investigar os problemas.



Baixo envolvimento em pesquisas



O presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), convocado para falar na mesma reunião, foi representado pelo diretor científico do órgão, Carlos Henrique Brito Cruz. Ele informou que em São Paulo as universidades públicas são responsáveis por 95% das pesquisas financiadas pela Fapesp e que, além de serem poucas as pesquisas desenvolvidas no ensino privado, o número instituições que as promovem também é limitado. "Segundo dados mais recentes, menos de 30 instituições privadas envolveram-se com atividades de pesquisa, num universo de mais de 100", disse.

Carlos Henrique Brito Cruz, que também foi reitor da Unicamp de 2002 a 2005, manifestou opinião de que, inclusive com base em dados de países da Europa, América do Norte e Ásia, não há instituição com fins lucrativos que faça ensino superior de qualidade. Ele também criticou o Ministério da Educação: "não está certo o MEC se desonerar do ensino superior no Estado só porque aqui há a USP, Unicamp e Unesp. O jovem de São Paulo paga imposto do mesmo jeito que os contribuintes dos outros Estados".

A diretora-superintendente do Centro Paula Souza, também convidada para falar à CPI, foi representada na reunião por Mariana Fraga Soares.

Celso Giglio (PSDB) presidiu a reunião que contou com a presença dos deputados Simão Pedro e Geraldo Cruz, do PT, Vitor Sapienza (PPS) e Adilson Rossi (PSC).

alesp