A CPI constituída para investigar irregularidades na privatização da Eletropaulo recebeu, nesta quarta-feira, 21/11, o ex-presidente da AES Eletropaulo, Eduardo José Bernini, para prestar depoimento. Indagado pelo presidente Antonio Mentor (PT), Bernini, economista e atualmente membro dos Conselhos de Administração da AES Eletropaulo e da AES Tietê, explicou sua participação no processo de privatização da Eletropaulo, quando coordenou os trabalhos de reestruturação administrativa da empresa, o que incluiu saneamento financeiro e aprimoramento do relacionamento com o público, buscando maior transparência. Ele ressaltou que a avaliação da Eletropaulo foi feita por dois consórcios avaliadores contratados pelo governo estadual, que era o acionista majoritário, e que não participou do processo. Bernini discorreu sobre os componentes que formam a tarifa, que é fiscalizada pela empresa reguladora, a Aneel, lembrando que parte é composta por tributos públicos, como o ICMS " cujo valor varia entre os Estados " e que 80% dela remunera o custo da geração e transmissão. Afirmou que as empresas de energia brasileiras tiveram prejuízos durante o racionamento havido entre 2001 e 2002, que gerou queda de 25% no fluxo de caixa, mas disse que o valor cobrado dos consumidores segue as políticas de mercado e também que a Eletropaulo tem uma das menores tarifas do país. Às perguntas de Jonas Donizette (PSB), Bernini reafirmou seu papel de gestor das empresas operacionais, e comentou a negociação da dívida da Eletropaulo, o preço obtido no leilão e sua boa lucratividade atual. O relator da CPI, João Caramez (PSDB), indagou sobre os investimentos da Eletropaulo. Bernini relatou que, desde 2003, foi priorizada a manutenção e a realização de treinamentos de pessoal focados na rede de transmissão, e que, mesmo se a empresa não tivesse sido privatizada, as tarifas tenderiam a ser reajustadas como foram. Ele considerou também que outro colapso energético está descartado, e que o país deve aproveitar melhor seus sítios de geração de energia para torná-los sustentáveis econômica, política e ambientalmente.Estiveram presentes à reunião, além dos deputados citados, Carlinhos Almeida (PT), Aldo Demarchi (DEM) e Edson Giriboni (PV).