Preocupação com meio ambiente é unânime e uma das principais questões a serem resolvidas

Seminário sobre energia
01/10/2007 20:30

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Ana Cristina Pasini, diretora do Departamento de Avaliação de Impacto Ambiental da Secretaria do Meio Ambiente do Estado<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/03-2008/RES SOLIDO TD Ana Cristina Pasini  MAU.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

Segundo a diretora do Departamento de Avaliação de Impacto Ambiental da Secretaria do Meio Ambiente do Estado, Ana Cristina Pasini, atualmente, a secretaria dispõe de muitos mecanismos reguladores e regras bem claras para a atividade de co-geração de energia a partir do bagaço da cana. Com relação à palha da cana, Ana Cristina enfatizou que o cumprimento da lei que proíbe sua queima é cobrado de forma clara nos licenciamentos concedidos pela secretaria. "Vejo com bons olhos a solução para o problema da queima da cana", disse. Boas práticas ambientais agregam valor ao produto e a secretaria tem uma visão bastante objetiva quanto ao controle da cadeia produtiva com o objetivo de evitar a monocultura. "A diversidade possibilita segurança quando um ou outro fator de controle falha", avaliou. Segundo a especialista, a secretaria vai proceder a uma avaliação ambiental estratégica sobre os impactos futuros para o meio ambiente advindos da co-geração de energia e resíduos da agroindústria canavieira. Essa avaliação irá possibilitar uma visão mais global e menos apaixonada do tema e deverá considerar aspectos sociais e econômicos.

Para o presidente da Cogen, Miroel Woloswki, estamos no início de uma nova década da co-geração através da biomassa. De acordo com Woloswki, verifica-se uma mudança de cultura, com a profissionalização do setor e com a discussão de conceitos, que anteriormente restavam jogados nos escaninhos. Em sua avaliação, se o potencial de São Paulo não for bem aproveitado, sua dependência crescente em relação à energia de outros Estados só tende a aumentar.

Segundo Woloswki, é necessário encontrar um meio adequado de aproveitar a disponibilidade de biomassa e o potencial de exportação e bioeletricidade de São Paulo. O presidente da Cogen citou ainda alguns pontos importantes que deverão ser solucionados para que a previsão de um aumento significativo de geração de energia comece efetivamente. Entre eles, elegeu a adequação de conversão, a licença ambiental e a regulamentação dos preços como itens prioritários.

Transformando fuligem e fumaça em luz

O presidente da Única, Marcos Sawaia Jank, falou da posição privilegiada do Brasil com relação à cultura da cana, que em nosso país tem quase 500 anos, do etanol, com 30 anos, e de cinco anos de experiência de geração de energia elétrica para a rede. O fato de termos saído na frente, nos dá uma vantagem muito grande com relação a energias renováveis produzidas nos outros países. "Estamos agora num estágio de transformar fuligem e fumaça em luz". Marcos fez uma previsão de que a co-geração possa produzir, já em 2012, 10 mil MW de energia elétrica, o que equivale a 15% das necessidades brasileiras de energia, que está sendo desperdiçada no campo. "Com a substituição das caldeiras de baixa pressão das usinas mais antigas pelas de alta pressão, o rendimento aumentará e o percentual de energia será maior ainda. Tudo isso com tecnologia nacional, com uma energia limpa e renovável e no coração do sistema".

Marcos falou também da política de preços do governo, que não deve ser uma questão de tarifa, mas de mecanismos de incentivos, como a eliminação da incidência do PIS/Pasep e da redução do ICMS para 7%. Ao falar da matriz energética brasileira, o presidente da Única classificou-a como uma das mais limpas do mundo - 45% de energia renovável, enquanto que a média mundial é de 14%.

O coordenador de energia da Secretaria de Saneamento e Energia do Estado de São Paulo, Jean Cesare Negri, ao fazer o encerramento das palestras reuniu as principais preocupações do setor, já citadas pela maioria, e disse que o etanol é a marca de São Paulo, como a energia eólica é do Ceará e do Rio Grande do Sul, e o gás, do Rio de Janeiro. "Utilizar os resíduos da cana para produzir energia é juntar a fome com a vontade de comer, uma sinergia entre a produção e a utilização dessa energia limpa". Mas o setor precisa de regras claras e previsíveis e de muito planejamento, finalizou Jean.

O seminário teve o apoio da Secretaria do Estado do Meio Ambiente, da Secretaria do Estado de Energia e Saneamento, da Fiesp e do Cogen, e terá continuidade no dia 17/10 próximo com o tema "Aproveitamento Energético do Lixo Urbano".

alesp