A serviço da arte e de uma causa nobre, Ryszard Polski defende através da pintura o povo do Alto Xingu

Emanuel von Lauenstein Massarani
27/04/2004 14:00

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Ryszard Polski<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/hist/Ryszard polski.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Obra Orlando Villas Bôas<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/hist/RyszardPolskiOrlandoV.Boas.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

A habilidade e a exuberância artística de Ryszard Polski, que experimenta as múltiplas e mais interessante formas do figurativo, evidenciam sua forte personalidade e uma excelente maestria no uso das técnicas mais funcionais e mais expressivas da pintura contemporânea.

Suas figuras, nunca abundantes nas formas, sempre equilibradas nos claros e escuros e na luminosidade, cuidadosa distribuição da cor, nos tons quentes, demonstram quanto são felizes os resultados quando se sabe colocar a arte a serviço da natureza, do belo e de uma causa nobre como a defesa de um povo indígena, com o qual teve, apesar de curta, profunda convivência: o povo do Alto Xingu.

Artista de notáveis capacidades técnicas e expressivas não se deixa atrair por tentações vazias ou de problemáticas de uma presumida vanguarda: o fervor que transmite em suas atividades artísticas representa um empenho sério e coerente, além de denotar verdadeiro amor pela arte, o que atribui a suas obras uma validade iconográfica de indubitável importância.

Sua pintura, de empasto vigoroso e modelar preciso, demonstra a perícia do desenho, que é o fundamento e a substância da arte de pintar. Ryszard Polski entende repropor à nossa sociedade, denominada "civilizada", um incentivo e um meio para um repensar equilibrado, um modo de reencontrar aquela serenidade e aquela sensibilidade necessárias a construir um mundo melhor, onde os homens de todas as raças possam alcançar uma condição adapta e um desenvolvimento de sua personalidade.

Assumindo uma função de verdadeira ruptura com uma sociedade injusta, o artista nos oferece, através da série Olhar índio, uma contribuição de progresso e elevação para a cidadania do índio brasileiro e faz uma justa homenagem ao grande sertanista desaparecido com a obra Orlando Villas Bôas, doada ao Acervo Artístico do Palácio 9 de Julho.

O Artista

Ryszard Polski nasceu na Polônia em 1951 e transferiu-se para o Brasil em 1957, onde se naturalizou brasileiro em 1988. Desde pequeno interessou-se pelas artes plásticas. Cursou a Escola Livre de Artes Augusto Esteves em Guarulhos, especializando-se em bico de pena, e a seguir a Escola Pan-Americana de Artes, voltando-se para propaganda e ilustração. Nesse campo trabalhou como free lancer na ilustração de um livro de educação artística para crianças.

Na pintura, especializou-se em óleo sobre tela, dedicando-se a reproduzir retratos em tela. Nessa ocasião idealizou um tema específico sobre os índios brasileiros para uma coleção de quadros. A partir de fotos deixadas por seu tio, Tadeu Rumpel, datadas de 1956, da tribo dos índios Yanomamis, o artista fez vários quadros de seu cotidiano, de suas expressões, culminando com o nome dessa coleção de "alma yanomami". Em 1998, empreendeu uma viagem ao Amazonas, para o alto Rio Negro, tendo contato com lideranças indígenas da região. No ano seguinte viajou para o Alto Xingu, até a aldeia Yawalapiti, do grande cacique Aritana, de quem foi hóspede.

Participou em diversas exposições individuais e coletivas: Faculdades Integradas de Guarulhos, SP (1980); Escola Pan-Americana de Arte (1985); I Salão de Artes Plásticas do Atelier Roseli Ferreira (1993 e 1994); Salão Le Bougainvillee, Prefeitura Municipal de Barueri; V Cosap, Centro de Educação e Cultura Francisco Carlos Moriconi; Alma Yanomami, na Casa da Cultura de Itapevi, SP; Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo; Centro de Educação e Cultura Francisco Carlos Moriconi; Espaço Cultural Infraero - TAM (1998); Teatro Municipal de Osasco; Casa da Cultura da Aldeia de Carapicuíba (1999); "Alma de Gigante", Casa da Fazenda do Morumbi e Colégio Notre Dame, SP (2000); Europan, Granja Viana, SP (2001).

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