Comissão de Defesa dos Direitos do Consumidor discute caso Bancoop


10/06/2008 20:26

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Comissão de Defesa dos Direitos do Consumidor debate questão a aquisição de imóveis irregulares por cerca de três mil mutuários<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/06-2008/COM DIR CONSUM GERAL 21 ZE.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Mutuários da Bancoop lotam o auditório Franco Montoro na expectativa de que a comissão atue em favor da solução do problema que enfrentam<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/06-2008/COM DIR CONSUM  PUBL.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Alex Manente, Valter Picazio Jr e José Carlos Blat <a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/06-2008/COM DIR CONSUM  Manente_Valter Picazio Jr_J.Carlos Blat ZE.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> José Carlos Blat <a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/06-2008/COM DIR CONSUM  jcarlosblat2 ZE.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Reunião da Comissão de Defesa dos Direitos do Consumidor<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/06-2008/COM DIR CONSUM  MESA 2 ZE.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

Mutuários da Cooperativa Habitacional dos Bancários (Bancoop) lotaram o auditório Franco Montoro da Assembléia Legislativa, nesta terça-feira, 10/6, na expectativa de que a Comissão de Defesa dos Direitos do Consumidor atue em favor da solução do problema que enfrentam. A questão envolve a aquisição de imóveis irregulares por cerca de três mil mutuários. Dos 53 empreendimentos previstos pela Bancoop, apenas 18 foram finalizados; 16 encontram-se inacabados e 13 sequer foram iniciados. As unidades não existem perante o registro imobiliário. Além disso, está sendo cobrado dos mutuários um rateio que, em alguns casos, chega a 100% do valor contratado.

Para discutir o caso, por iniciativa do líder do PSDB na Assembléia, deputado Samuel Moreira, a comissão convidou o presidente da Bancoop, João Vaccari Neto; o advogado das Associações dos Mutuários da Bancoop, Valter Picazio Munior e o promotor de Justiça, José Carlos Blat. Vaccari Neto não compareceu e justificou sua ausência ao presidente da comissão, deputado Alex Manente (PPS), mas se dispôs a comparecer à Assembléia para prestar esclarecimentos sobre a questão no dia 23 de junho.

A Bancoop está sendo investigada pela Polícia Civil e pelo Ministério Público de São Paulo por apropriação indébita, estelionato, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha. As supostas fraudes chegariam a R$ 100 milhões, e teriam servido para alimentar campanhas político-partidárias.

Fundada em 1996, a cooperativa facilitaria o acesso, inicialmente apenas à categoria dos bancários, a imóveis a preço de custo, por meio de autofinanciamento. Sem receberem as chaves das unidades adquiridas, os cooperados reclamam do pagamento já efetuado e denunciam serem vítimas de pressão para quitarem suas dívidas, sob pena de perderem seus empregos com o nome sujo na praça.

Em 2004, a cooperativa, já com graves problemas financeiros, lançou o Fundo de Direitos Creditórios (FIDC), em que os participantes recebiam como garantia as dívidas dos mutuários mais juros de 12,5% ao ano. Com isso, a Bancoop arrecadou R$ 43 milhões. Outro problema seria a origem de parte desse dinheiro. Fundos de Pensão da Petrobrás, Caixa Econômica, Banco do Brasil e outros quatro fundos de estatais teriam sido os principais investidores: Petros - R$ 10,6 milhões; Funcef - R$ 11 milhões; Previ - R$ 5 milhões; outros R$ 16,4 milhões.



"Um nada jurídico"



Para Picazio Junior, houve descumprimento da Lei do Cooperativismo na transação, que ficara evidente após a comprovação de que dirigentes da Bancoop possuíam empresas, ditas prestadoras de serviços, que recebiam recursos da cooperativa. Segundo o advogado das associações dos mutuários, desde 2005, as obras diminuíram seu ritmo até serem abandonadas. Vaccari, alegando na época "estar arrumando a casa", passou a cobrar dos mutuários um resíduo de obra "resultante de erro de estimativa". Sobre a situação dos imóveis, disse: "é um nada jurídico", a situação dos mutuários é de extrema fragilidade.

O promotor Blat contou que o inquérito policial foi aberto em 2007, a pedido do Ministério Público. Até então, apurou tratar-se a Bancoop de entidade de fins privados e lucrativos. Os R$ 43 milhões arrecadados pela cooperativa sumiram das contas bancárias e depoentes ouvidos relataram casos de superfaturamento de notas direcionadas à conta corrente de Hélio Malheiros, irmão de um ex-dirigente da Bancoop, Luís Eduardo Malheiro, morto em um acidente de carro, e destinadas a campanhas político-partidárias.

Segundo Blat, o Ministério Público obteve a planilha de uma prestadora de serviços com anotações: "doações ao PT". Para Blat, as investigações apontam para a Bancoop como uma organização criminosa que visa obter dinheiro e poder às custas de famílias que acreditaram na lisura da entidade.

O líder Samuel Moreira considerou fortíssimas as colocações do promotor, o que justificaria uma apuração profunda por parte da Assembléia Legislativa. "Mas a questão principal é encontrar uma solução para garantir o direito dos cooperados", afirmou. Cerca de três mil famílias teriam sido lesadas. O deputado disse ainda que a bancada tucana vai continuar acompanhando as investigações do MP. Uma nova reunião da comissão está marcada para a próxima terça-feira, 17 de junho.

O deputado Rui Falcão (PT) elogiou a postura de Blat, que considerou técnica e politicamente isenta, mas defendeu a importância do contraditório para a conclusão dos debates. Falcão mencionou decisão expedida por um promotor de Justiça do Consumidor, em que 90 mutuários haviam sido condenados por litigância e má-fé. Questionou também se no âmbito das relações de consumo já não existe um acordo firmado entre as partes. O deputado também pediu ao advogado a confirmação de que Hélio Malheiro seria cooperado da Bancoop. Contra Malheiro, segundo Falcão, haveria uma ação de reintegração de posse por inadimplência. Outra fato mencionado por Falcão foi o financiamento de dois empreendimentos da Bancoop pelo Bradesco. "Estaria sendo o Bradesco induzido ao erro?", perguntou.

Falcão, entretanto, não assistiu às respostas dadas a seus questionamentos, já que o horário da reunião avançou o tempo regimental previsto e os trabalhos seguiram informalmente.

Os deputados Fernando Capez e Bruno Covas, ambos do PSDB, pediram informações sobre o caso, que, em seu entendimento, poderiam servir de subsídios para garantir a defesa dos interesses de pessoas lesadas em sua boa-fé. Alex Manente solicitou aos expositores relatórios com indicativos para dar apoio aos trabalhos da comissão.

Além dos parlamentares citados, participaram da reunião os deputados João Caramez e Paulo Barbosa, ambos do PSDB, Roberto Morais (PPS), Enio Tatto, Cido Sério e Adriano Diogo, os três do PT, Feliciano Filho (PV) e João Barbosa (DEM).

alesp