Litho comprova e justifica sua vocação poética guiado por um monocromatismo de efeito

Acervo Artístico: Emanuel von Lauenstein Massarani
08/12/2004 14:00

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A figura humana, sobretudo a expressão da face, é um tema sobre o qual, com extrema coerência e sinceridade, Litho vem comprovando e justificando a sua inata vocação pela poesia e pela fotografia, usando, entretanto o carvão e o lápis preto. Trata-se de uma poesia que não tem receio de se concentrar sobre o vulto melancólico de um "clown", de um apaixonado por um bom copo ou do olhar de felicidade de uma avó ao acariciar seu primeiro neto.

O todo é um contínuo jogo de claros e escuros que, de obra em obra, troca de expressão e intensidade, determinando numa continua sobreposição de rarefações gráfico-luministicas, soluções e propostas que movem nostalgias e espera de que todos temos ou podemos ter em mente.

Em trabalhos recentes, Litho fixa sobre o papel, com firmeza e equilíbrio, os pensamentos e os desejos que se aglomeram atrás do olhar, aparentemente fixo e impenetrável dos protagonistas dessa singular crônica lírica e moral.

Seu intento é o de tornar sempre mais dúctil e movimentada a aplicação dos "brancos" e dos "pretos", e dali avançar com graça e fantasia até a reinvenção de outras figuras. Esse monocromatismo - muito próximo de Rembrandt - reflete o temperamento exuberante do artista no momento da criação. Mesmo não se afastando da consistência objetiva que acende a cor e rende viva a figura enfocada, seu gestual exalta a narração de veio nitidamente lírico.

Na obra "Um hoje e outro sempre!", doada ao Acervo Artístico da Assembléia Legislativa, nota-se que a alma do artista vibra e comove sempre. Sobre a base de uma segura trama gráfica, Litho desenvolve um convincente discurso "espírito-matéria", guiado por um cromatismo de efeito magistralmente dosado e bem distribuído.

O Artista

Litho, pseudônimo artístico de Lazaro José Alves, nasceu em Itu, em 1941. Na sua trajetória, traz uma longa e sólida carreira desenvolvida como diretor de arte em agências de propaganda.

Nas agências, criou campanhas, marcas, programações visuais e embalagens para empresas como Volkswagen, Ford, Brastemp. Criação da atual marca e de toda a programação visual do Sal Cisne e da Bolsa de Imóveis do Estado de São Paulo, projeto de livro de arte como o dos 60 anos do Clube Harmonia entre outras.

Foi no mercado editorial que seu nome ganhou projeção, com trabalhos feitos para a Editora Bloch e a Editora Abril. Seus projetos gráficos de vanguarda, adotados por títulos modernos, como o redesign da revista Casa Cláudia, acabaram por chamar a atenção de designers internacionais, como foi o caso de Jan V. White, communication design, com especialização na área editorial ocupando o cargo de diretor de Arte da revista Time por 13 anos e, atualmente, dono de um influente estúdio de Design Editorial, que na sua passagem pelo Brasil realizou workshops, distinguiu o trabalho de Litho entre os melhores do mundo.

alesp