Acervo Artístico

A percepção visual de Mario Brandão e a distorsão da geometria de Euclides
24/07/2003 16:14

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Clique para ver a imagem " alt="O artista plástico Mario Brandão, autor de "Ciranda Número Quatro", quadro doado ao Acervo Artístico do Palácio 9 de Julho Clique para ver a imagem "> Clique para ver a imagem " alt=""Ciranda Número Quatro", obra de Mario Brandão Clique para ver a imagem ">

Emanuel von Lauenstein Massarani

Os quadros de Mario Brandão são quase sempre de grandes dimensões. Dois metros constituem um tamanho proporcional alcançável pelo braço humano. É uma escala suficiente, onde eventuais distorções de figuras geométricas mais finas ou sutis são difíceis de serem descobertas.

As obras desse artista são o resultado de combinação de duas ou três figuras geométricas divididas. Uma é externa e constitui o perímetro do quadro, a outra é interna.

Se o espectador segue com os olhos a borda do quadro, os pontos de encontro entre o traçado interno e os limites da superfície se tornam variações e mutações ao longo de um itinerário visual que serve de apoio à percepção do todo.

A cor é aplicada com um rolo de pintar para que a superfície permaneça anônima. As cores são escolhidas de maneira que tenham o justo contraste com as linhas, possibilitando uma identidade à superfície. Elas não derivam nem de razões de gosto, nem de teorias cromáticas. Mario Brandão está interessado nos fundamentos da linguagem pictórica, nos problemas da percepção visual e na geometria de Euclides, cuja perfeição ele distorce.

A geometria em si mesma, com sua bagagem de associações lógicas e históricas, transforma-se em suas mãos como um "readymade" retificado, fórmula aliás, inventada por Marcel Duchamp para descrever objetos por ele encontrados e retocados por meio do acréscimo de alguma coisa.

Concordamos com o professor Álvaro Machado, quando afirma: "À proposta neo-concretista de expansão da obra no espaço, Mario Brandão dá-se liberdade de conjugar, ainda, certa estésia cinética e fértil tradição óptica sul-americana. Para tanto, serve-se de um minimalismo de formas básicas combinadas em possibilidades infinitas, como nas cirandas atômicas da física moderna e suas premissas de dimensões filosóficas".

Salvo melhor juízo - como diriam os juristas - um dos fatores de sua pintura, a que Mario Brandão mais valoriza, é a economia de meios. Assim é a obra "Ciranda número quatro", doada ao Acervo Artístico do Palácio 9 de Julho, onde combina vibração lúdica e prazer experimental.

O Artista

Mario Brandão, nasceu em 1970, na cidade de Araraquara. Formou-se arquiteto pela Faculdade de Belas Artes de São Paulo, em 1995. Realizou cursos de pintura a óleo com Origenes Ribeiro (1981 e 1982) e com Regina Gandini (1983); linguagem arquitetônica com o prof. Rondino (1989); pintura acrílica com Luiz R. Lopreto (1992-1994); pintura a óleo na School of Visual Arts, (New York/EUA) (1996); técnicas de pintura com o artista Ubirajara Ribeiro (1997); e história da arte no Instituto Moreira Sales, São Paulo (2001).

Participou de diversas exposições, destacando-se, entre elas: Café Columbia, São Paulo (1994); Casa de Cultura de Matão (1995); "International Salon" na Galeria Ward-Nasse (New York/EUA - 1996 );"Mapa Cultural do Estado de São Paulo" (1996); XII Salão de Artes Plásticas de Araraquara (1998); "Paisagens Internas", Araraquara, (1998); Senac de Campos do Jordão (2001); "Ciranda" na Galeria Mercúrio, São Paulo (2003).

Foi selecionado também para participar da I Bienal de Humor de Natal, RN (1996); do "Projeto Arte na Rua" (murais) em Matão (1997 e 1998); executou trabalhos de pó de vidro tingido para a procissão de Corpus Christi em Matão (1997,1998 e 1999) e Mundo Mix, São Paulo (2001).

alesp