Acusado de golpe contra Ruth Escobar depõe na CPI

Advogado de Ivan Yung o orientou a permanecer calado durante o depoimento (com foto)
17/04/2002 18:08

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DA REDAÇÃO (com foto)

Ivan Yung, o principal acusado de desviar dinheiro da conta do HSBC pertencente à ex-deputada Ruth Escobar, compareceu nesta quarta-feira, 17/4, à reunião da CPI das Financeiras, presidida pelo deputado Claury Alves da Silva (PTB).

O depoente seguiu orientação de seu advogado, Edson Torihara, de não responder às perguntas formuladas pelos integrantes da CPI, conforme lhe assegura dispositivo constitucional.

Entretanto, para que ficasse consignado nos autos da CPI, os deputados decidiram efetuar os questionamentos mesmo sem obter respostas. Ivan Yung foi inquirido se era o principal representante do HSBC, no Brasil, no período entre 1980 e 1986; se é proprietário de empresas com sede nas Ilhas Jersey; se confirma que foi processado por crime financeiro na Bahia, em 1999; se esteve impedido pelo Banco Central de atuar em instituições financeiras; se pertence à máfia chinesa; se efetuou operações bancárias para o juiz Nicolau dos Santos Neto ou para Paulo Maluf; e se informou a Ruth Escobar que o dinheiro dela havia desaparecido na Rússia, em virtude de crise financeira naquele país, dentre outras indagações.

Segundo seu advogado, Yung está respondendo a inquérito policial e já teve a prisão preventiva solicitada. "Ele pode ficar calado como lhe confere a Constituição, pois qualquer pronunciamento de sua parte pode causar presunção de culpa", afirmou o advogado, lembrando que o depoente figura no processo como acusado e não como testemunha.

A CPI aprovou a quebra do sigilo fiscal e bancário de Ivan Yung.

Esclarecimentos

A Comissão ouviu ainda os esclarecimentos de Nicolas Agostiniano, ex-funcionário do Hong Kong Bank e do Hexabanc, instituições financeiras de propriedade de Ivan Yung.

Nicolas conhece Yung desde a década de 80. "Eu era o encarregado da área de mercado de capitais e no período que trabalhei não notei irregularidades naqueles bancos."

Apesar de conhecer Ruth Escobar, o depoente desconhece detalhes de seus investimentos no banco.

O ex-funcionário do HKB afirmou que Yung não pode assumir a diretoria financeira, mesmo sendo o proprietário do banco, porque havia exercido função similar no falido Comind. Nicolas também reconheceu que Yung é proprietário de duas empresas com sede nas Ilhas Jersey, a Universal e a Axens.

Segundo Nicolas, o representante do HSBC no Brasil que mantinha atividades com Yung era Antonio Prado, já falecido.

alesp