Entidades discutem inclusão social de crianças e jovens com deficiência


27/04/2006 21:14

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Giovanna Maira<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/03-2008/Fraternid 917cint.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Assembléia Legislativa realiza evento alusivo à Campanha da Fraternidade 2006<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/03-2008/Fraternid 801cint.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Grupo de Teatro Eficiência<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/03-2008/Fraternid 823cint.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

Nesta quinta-feira, 27/4, por iniciativa do deputado Antonio Salim Curiati (PP), a Assembléia Legislativa realizou evento alusivo à Campanha da Fraternidade 2006, que este ano está voltada para a inclusão da pessoa deficiente e tem como tema "Levanta-te e vem para o meio". Participaram do evento representantes de diversas entidades que prestam assistência à criança e ao jovem com deficiência, bem como organizações de afrodescendentes e de idosos. A campanha visa conseguir meios que possam facilitar a inclusão das crianças e dos jovens com limitações físicas ou mentais na escola pública, em condições propícias, e eliminar qualquer tipo de preconceito. Também compareceram ao encontro o deputado Adriano Diogo (PT) e a deputada Ana Martins (PCdoB).

O deputado Salim Curiati disse que sem a presença do Estado não adianta haver campanha, porque são necessários recursos para a inclusão da criança e do jovem deficiente na sociedade. Segundo ele, o Conselho Estadual de Auxílio e Subvenção, que destinava dinheiro a todas as entidades assistencias para sua manutenção, aquisição de equipamentos modernos, construções e reformas, foi extinto. Curiati informou que apresentou um projeto que recria o conselho. "As entidades contam com o trabalho de voluntários e faz-se necessário que o Estado participe ativamente do processo."

O professor Luiz Antonio de Souza Amaral, coordenador estadual da Campanha da Fraternidade, comentou a importância do trabalho da Igreja Católica em prol da causa. "Graças a essa campanha, podem ser trazidas à luz situações de injustiça, abrindo caminho, por meio de discussões, para que se criem metodologias que possam solucionar os problemas encontrados." Uma das necessidades é facilitar a aprendizagem do deficiente na escola pública. Ele citou o testemunho de mais de 300 educadores na zona leste que se dizem incapazes de ajudar por não terem condições de trabalho.

Segundo Souza, ainda não há como avaliar os resultados obtidos, mas a campanha está tendo excelente repercussão: "Em maio, reunir-se-ão pessoas das 41 dioceses do Estado de São Paulo, que trarão suas experiências e resultados. Tudo será registrado e levado a Brasília para avaliação".

Luiz Antonio comentou, ainda, a iniciativa do senador Flávio Arns (PT-PR) que tramita no Congresso Nacional e trata do estatuto que vai nortear as políticas para o segmento e dará novo ânimo às pessoas e aos grupos que trabalham com o deficiente.

Durante o encontro, representantes de entidades contaram suas experiências e reafirmaram a necessidade de melhores condições para vencer os problemas enfrentados pelos deficientes. Celso Alves, da Rede Vida, falou da mensagem que a Igreja está divulgando: "trazer o deficiente para o meio". Destacou também a necessidade de haver respeito e divisão do conhecimento.

Dançaterapia

O Grupo de Teatro Eficiência " Tempo para Tudo, sob a direção da professora Elaine Richter, apresentou seu trabalho de dançaterapia. "Cada um dos participantes se expressa à sua maneira. Todos nós estamos certos", disse Elaine.

A campanha contou com a presença da cantora Giovanna Maira, que deu seu depoimento incentivando os portadores de limitação física. Ela disse que a pessoa com deficiência é capaz de realizar seus sonhos. Giovanna ficou cega com um ano e dois meses, vítima de câncer. "As pessoas me perguntam se é triste viver no escuro. Não vivo no escuro. O mundo é mais iluminado quando damos vazão aos nossos sentidos e deixamos que o nosso coração enxergue o mundo com carinho e amor. Minha regra número um é sonhar." Giovanna participará do concurso Solista Deficiente, em Washington, no Teatro John F. Kennedy Center, no dia 23/5.

Depoimento de Giovanna Maira

"As pessoas me perguntam se é triste ser cega, viver no escuro.

Não sei o que é escuro, como vocês imaginam, porque eu não sei o que é claridade, o que é luz.

Não vivo no escuro. O mundo é mais iluminado quando damos vazão aos nossos sentidos e deixamos que o nosso coração enxergue o mundo com carinho, amor. O que trago comigo, como número um das minhas regras, é sonhar.

Sonhei que queria ser cantora profissional. Realizei. Que iria estudar como qualquer criança. Realizei. Que estudaria na USP, e hoje estou lá.

Todas as minhas vitórias foram criadas pelos meus sonhos e pela vontade de realizá-los, independentemente do que as pessoas me diziam. Tem pessoas que te dizem que você não vai alcançar seus objetivos porque você é deficiente, mas muitas pessoas, ao contrário, te ajudam a alcançá-los.

Se hoje estou indo para fora para representar o Brasil, não sou somente eu, a Giovanna, mas a brasileira, a paulista, a deficiente visual, a "osasquense": é por superar limitações.

Deus pode fechar seus olhos, seus ouvidos, pode não permitir que nossas pernas se movimentem, mas vai abrir milhões de portas em nosso caminho.

Sempre que encontrar empecilhos, obstáculos, lembre que os sonhos estão dentro do coração e nos podem impulsionar, muito, a encontrar a capacidade de vencer obstáculos."

Giovanna Maira

alesp