Renato Blaschi interpreta com eficiência a solidão do "Ser" por meio de linguagem realista

Emanuel von Lauenstein Massarani
03/05/2004 14:00

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Obra O Ser<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/hist/Renato Blaschi Ser.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Renato Blaschi<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/hist/Renato Blaschi.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Obra O Ser<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/hist/Renato Braschi Ser Costas.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

Manifestar a solidão como condição humana natural parece ser uma preocupação do jovem escultor Renato Blaschi. A dramaticidade de tal condição, manifestada em suas esculturas, é tanto mais clara porque não é expressa por intermédio de gestos abertamente provocadores mas por intermédio de uma tensão retida e comprimida dos próprios gestos. O olhar converge em direção a um ponto que não deve ser tragicamente inalcançável, mas conscientemente tomado em consideração como um fim onde a humanidade deve atentamente observar.

Renato Blaschi nos propõe, pela interpretação do ser humano, uma linguagem nova desvinculada do academismo e com vida autônoma. Preferindo o singular - a figura só e isolada -, ele exprime uma mensagem global com imperceptíveis mutações nesse "único".

Dentro dessa escolha e usando a modelagem no barro ou no cimento o artista cria formas humanas que tendem a sair da própria matéria por meio de uma tensão dirigida para dentro e valorizando os detalhes anatômicos que Michelângelo evidenciava realisticamente criando um movimento real. Esse movimento rotatório fechado o encontramos expresso com liberdade.

Trata-se de uma liberdade condicionada pela solidão da figura que se apresenta muitas vezes como uma elipse, isto é, numa genérica forma geométrica. Blaschi possui o culto da interiorização, da harmonia, da fé na arte, entendida no significado mais nobre. Nele predomina o significado transcedente pois sua escultura suscita emoção e palpita como um ser vivente.

Modelando o barro ou o cimento, consegue neles infundir em sua corposidade fermentos espirituais e tremores de luz. Seu potencial crescente o levará, sem dúvida, a realizações que repetirão o milagre obtido por grandes escultores do passado. Guiado por um intenso estado emotivo, sente a necessidade de modelar em profundidade, de desgastar até o menor extrato da matéria. O plasma a transforma até interiorizar a forma.

Não é o instante criativo que freneticamente mexe as fibras do homem nas figurações improvisas. Há necessidade de aprofundar as pesquisas, de aprofundar a matéria, dar-lhe movimento, revesti-la de sacralidade. A intenção de alcançar a perfeição diminui a tensão e a participação é total.

Na escultura em cimento intitulada "O Ser", doada ao Acervo Artístico do Parlamento Paulista, o artista contempla religiosamente a realidade, nela imbui sabedoria e faz emergir a fantasia para preencher os seus sonhos. É um contínuo chamamento introspectivo que o faz descobrir no íntimo insólitas capacidades criativas.

O Artista

Renato Blaschi, pseudônimo artístico de Renato Orlandi Blaschi, nasceu em Santos no ano de 1975. Reside atualmente em São Paulo onde se formou, com menção honrosa pela Escola Panamericana de Arte em 1991 e pela Escola Superior de propaganda e Marketing em 1996. No mesmo ano ingressa no mercado publicitário trabalhando com efeitos especiais e animação.

Tendo em vista sua vocação pelas artes, a partir de 2001 segue cursos de modelagem e escultura com o professor Israel Kislansky, talha de madeiro com Rubens Matuck e pintura realista com o consagrado artista Maurício Takiguthi.

Após completar seus estudos linguísticos, inglês e italiano na Universidade de Cambridge realizou diversas viagens de estudo pela Europa especialmente na França, Holanda, Itália e República Tcheca onde entrou em contato com a obra dos grandes mestres da arte bem como a arte contemporânea dos círculos alternativos. Tais contatos fizeram vir à tona o desejo de conhecer as técnicas e as tradições da arte ocidental e suas relações com a arte atual juntamente com outros campos de linguagem, como história em quadrinhos, filosofia e música.

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