Evento discute participação da mulher na ciência e na tecnologia


10/03/2005 20:31

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Debate reuniu deputadas e especialistas na Assembléia<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/03-2008/mul1.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

"É preciso que haja políticas públicas apropriadas para que as meninas desenvolvam suas habilidades na escolha de suas carreiras, rompendo com os papéis sociais pré-estabelecidos, desde a infância, inclusive com a divisão social do trabalho nas famílias, quebrando as resistências sociais", asseverou a professora titular da USP e coordenadora do Núcleo de Estudos da Mulher e de Gênero (Nemge), Eva Blay, no debate sobre o papel da mulher na ciência e na tecnologia, ocorrido na Assembléia Legislativa nesta quinta-feira, 10/3.

Segundo dados trazidos pela professora, em 2003 houve um aumento de 12,8% de mulheres universitárias. Entretanto, o aumento se deu em cursos como serviço social, orientação pedagógica, nutrição, secretariado e fonoaudiologia. Na avaliação de Blay, "cursos voltados para áreas que ensinam a cuidar e a ensinar, estão muito próximos do que a sociedade espera das mulheres".

Para ela, as mudanças estão se processando, apesar de lentamente. "Políticas públicas podem acelerar as mudanças. O Brasil desperdiça inteligências, quando exclui mulheres, negros e pessoas com necessidades especiais. Temos que criar mecanismos de inclusão", propôs.

A coordenadora do Departamento de Políticas Científicas e Tecnológicas da Unicamp e do Núcleo de Estudos da Mulher, Maria Conceição da Costa, chamou a atenção para uma pesquisa em andamento que procura indicar a participação das mulheres na ciência e tecnologia no Brasil e em São Paulo. Segundo ela, trabalhos sobre os indicadores científicos de gênero não foram implementados para políticas de ciência e tecnologia, sendo necessário um maior engajamento em discussões internacionais que respondam por que a participação da mulher nessas áreas é tão lenta.

"A mudança é cultural, está nas mentalidades e é um processo, sendo necessária a implementação de políticas pró-ativas, buscando a globalização de meios de maior inclusão tanto no que se refere ao gênero como também à raça", afirmou, citando como exemplo a proposta de abertura de creches nas universidades públicas que atendam não só os funcionários, mas também as alunas.

Opinião parlamentar

"Tenho notado que os conceitos masculinos muito arraigados têm mudado", falou a deputada Rosmary Corrêa (PSDB), propondo como estratégia "a adoção de posturas que conquistem os homens, levando-os a uma mudança de mentalidade, sensibilizando-os para os problemas femininos".

"Parece-me que há um estímulo a partir da própria casa, reafirmada na escola, que acaba por excluir as meninas de aptidões ligadas à ciência e à tecnologia", advertiu a deputada Maria Lúcia Prandi (PT). Para ela, "é necessária uma mudança de mentalidade, sem, contudo, perceber que tudo isso é um processo que se realiza de forma lenta".

Segundo a deputada Célia Leão (PSDB), o que há é uma questão cultural. "Vamos procurar uma maneira de globalizar a inteligência e a evolução da humanidade, começando por cuidar da mulher desde sua chegada à escola, preparando-a para esse campo vasto da ciência e da tecnologia", ponderou.

"É preciso tirar da exclusão as mulheres negras, pobres, domésticas e analfabetas", falou a deputada Ana Martins (PCdoB), observando que "a universidade avançou do ponto de vista da ciência e pesquisa, mas não conseguiu incluir o cotidiano da população nesses avanços".

alesp