Barra Bonita: a hidrovia Tietê-Paraná

Quem já não ouviu dizer que as águas do rio correm para o mar? O rio Tietê, entretanto, contradiz esse dito.
25/08/2008 16:44

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Competicao de natacao no rio Tietê<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/08-2008/Barra Bonita Competicao de natacao no rioTiete.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Estação Ferroviária<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/08-2008/Barra Bonita est ferroviaria.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Orla turística de Barra Bonita <a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/08-2008/Barra Bonita OrlaTuristica.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Usina Hidroeletrica <a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/08-2008/Barra Bonita UsinaHidroeletricaBarraBonita.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Barcos saindo da eclusa<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/08-2008/Barra Bonita Barcos saindo da Eclusa.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Ponte de Ferro<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/08-2008/Barra Bonita ponte de ferro.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

Apesar de estar a apenas 22 quilômetros do litoral, nasce na Serra do Mar, mas suas escarpas obrigam-no a caminhar em sentido inverso ao que todo rio cursa. Assim, percorre e atravessa todo o interior do Estado de São Paulo no sentido sudeste-noroeste, até desaguar no rio Paraná, em Três Lagoas, no Estado do Mato Grosso do Sul, integrando a Hidrovia Tietê-Paraná.

Os transportes ferroviário e hidroviário, no Brasil, não são considerados de tanta importância como o rodoviário, diferenciando-se de outros lugares do mundo. Isto se deve a políticas adotadas no passado, que não se preocupavam com o consumo de combustível. Hoje, a situação é outra, embora ainda haja falta de integração da hidrovia e ferrovia. As vantagens do uso da hidrovia como meio de transporte são bem interessantes, como, por exemplo, no caso da soja: para cada tonelada transportada, gastam-se 8 dólares na hidrovia, 16 dólares na ferrovia e cerca de 30 na rodovia. Essas medidas valem para, praticamente, todos os produtos. Além disso, as embarcações não têm, como nas rodovias, a mesma freqüência de acidentes e desgastes.

A movimentação pela criação da hidrovia no Brasil vem acontecendo a partir da década de 40. A Tietê-Paraná, também chamada de Hidrovia do Mercosul, tem 2.400 quilômetros de vias navegáveis e conta com cerca de 6.000 quilômetros de margens lacustres e fluviais, passando por cinco estados brasileiros: São Paulo, Goiás, Paraná, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul, que, respectivamente são banhados pelos rios Tietê, Paraná e todos seus afluentes, integrando também Brasil, Paraguai, Argentina e Uruguai, e mais de 220 municípios, com uma área de influência de 800.000 km2 e 22.600 megavates instalados. Muitas barcaças fazem o transporte da produção da região a um custo menor do que o do transporte rodoviário. A hidrovia Tietê-Paraná permite a navegação numa extensão de 1.100 km entre Conchas no rio Tietê(SP) e São Simão(GO), no rio Paranaíba, até ltaipu, atingindo, no total, 2.400 quilômetros de via navegável. Segundo o Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes (DNIT), se forem computadas as cargas de pequena distância como areia, cascalho e cana de açúcar, a movimentação no rio Tietê aproxima-se de 2 milhões de toneladas.

Além da navegação e transporte de cargas e de passageiros, o rio também oferece alto potencial de aproveitamento para geração de energia elétrica, o que motivou a construção, ao longo do rio, de várias barragens. A Companhia Energética de São Paulo (CESP), construiu usinas hidreléticas e, por delegação do governo do Estado, é a administradora da Hidrovia. Desde sua implantação em 1966, intimamente ligada ao seu desenvolvimento, a CESP é a maior empresa de produção de energia elétrica do Estado e a terceira maior do país.

Apesar de o Tietê ser um rio de grande navegabilidade foi necessária a construção de barragens, para o aproveitamento de seu potencial energético. A construção de barragens forma desníveis na água. Sendo assim, em diversas das barragens, foram implementados sistemas de eclusas que viabilizaram a manutenção da navegação fluvial.



Barragens e eclusas



As barragens foram, desde o início da história da humanidade, fundamentais ao seu desenvolvimento. O princípio de construção da barragem é devido à necessidade do armazenamento da água da chuva em épocas de sua escassez. Porém, a revolução industrial, ao expandir a economia e exigir muita energia, tornou necessária a construção de um crescente número de barragens, o que permitiu o progressivo aperfeiçoamento das técnicas de projeto e construção. As barragens criam desníveis entre a água represada e a que se escoa delas. Um sistema de eclusas viabiliza a passagem pelos desníveis.

Eclusas funcionam como degraus ou elevadores para navios: há duas comportas separando os dois níveis do rio. Quando a embarcação precisa subir o rio, entra pela comporta da eclusa e fica no reservatório que recebe água até elevar a embarcação ao nível da camada superior da represa. Quando a embarcação precisa descer a eclusa é esvaziada, baixando a embarcação até o nível inferior do rio permitindo a navegação, que tem custo menor do que outros modais de transporte. Barra Bonita é um desses casos. A cerca de 300 quilômetros de São Paulo, conta com barragem e eclusa.



Barra Bonita: uma estância turística



Atributos próprios para lazer como recreação, recursos culturais e naturais que apresentem um bom potencial para o turismo são qualidades definidas por lei estadual para autorizar recursos financeiros, destinados a desenvolver essa atividade nas cidades que pretendem explorar esse segmento como fonte de receita.

Barra Bonita é uma das 29 estâncias turísticas do Estado por reunir os requisitos legais para a denominação, dos quais fazem parte a barragem, a eclusa e a ponte móvel, além de ser uma região de grande beleza natural.

A denominação de Barra Bonita deve-se ao fato de suas terras se constituírem numa barreira natural às águas do Rio Tietê e afluentes da região. Por volta de 1883 ou 1886, antes um povoado, a cidade obteve a denominação de Barra Bonita.



Economia



Desde o tempo das colonizações, o rio Tietê permitiu o fluxo de bandeirantes à região, graças às facilidades de navegação que oferece, e que, assim, facilitou o desbravamento do interior do Estado.

Considerado o ouro verde no final do século XIX e início do século XX, o café se constituía na promessa de uma nova vida de sucessos. O plantio de café e a criação de gado atraíram imigrantes italianos e espanhóis, época do início da formação do povoado e da Vila de São José da Barra Bonita.

Paralelamente ao plantio do café surgiram as primeiras olarias formando mais uma fonte de renda para o povoado, graças à abundância de argila na região ribeirinha. Grande centro ceramista no passado, a exploração indiscriminada da argila exigiu maior controle da atividade, visando a preservação daquela matéria-prima.

Com a integração de Barra Bonita ao ciclo da cana-de-açúcar, no início do século XX foi criada uma usina para seu beneficiamento. Mais precisamente, em 1935, imigrantes italianos compraram terras e construíram a Usina Costa Pinto Ltda. Em 1943, a empresa comprou uma fazenda de 340 alqueires, no município. Foi o início da Usina da Barra, iniciando-se um novo período de prosperidade na região.



Usina da Barra



Atualmente o turismo ocupa importante lugar na arrecadação da região, contando com grande rede de hotéis confortáveis. E, mesmo com a predominância das atividades agrícolas canavieiras, a indústria é forte na fabricação de pisos cerâmicos e equipamentos eletrônicos.



Barragem



Foram construídas seis barragens ao longo do percurso do Tietê. Com o auxílio das eclusas que viabilizaram a manutenção da navegação fluvial. Muitas barcaças fazem o transporte da produção da região a um custo menor do que o do transporte rodoviário. Na Barragem de Barra Bonita funciona uma usina hidrelétrica.

A marina local guarda embarcações de pequeno e médio porte. Sua capacidade máxima é de 80 embarcações.



A eclusa



A Eclusa de Barra Bonita é utilizada para que as embarcações transponham os desníveis entre os patamares superior e inferior da barragem. Foi a primeira da América do Sul a ser explorada turisticamente, possuindo 142 metros de comprimento, 12 de largura e 25 de desnível máximo. O tempo de eclusagem, tanto para subir, como para descer é de 12 minutos. Além do turismo, exerce uma função de valor econômico por viabilizar a Hidrovia Tietê-Paraná.



Abertura da eclusa no nível superior



Ponte Campo Salles



Os produtos da região, café, cereais, madeiras e outros, eram transportados via Rio Tietê. Antes das barragens, durante as enchentes, fez-se necessária a construção de uma ponte, que, na época, foi considerada obra de grande modernidade, graças ao alçapão que, ao ser suspenso, permitia a passagem de embarcações, facilitando o transporte, constituindo-se em atração até hoje.

Cartão de visitas da cidade e um de seus mais significativos patrimônios, também conhecida como a Ponte dos Arcos, a ponte Campos Salles é bastante conhecida no exterior. Importada da Alemanha e inaugurada em 1915, tem uma estrutura inteiramente metálica, foi importada da Alemanha durante o governo do presidente Campos Salles e inaugurada em 1915. Possui entre os pilares centrais um alçapão que dá passagem às embarcações. Conta com um eficiente sistema de iluminação, o que valorizou o aspecto paisagístico noturno.



Abertura da Ponte Campo Salles



A ponte une Barra Bonita a Igaraçu do Tietê. Hoje sua largura é insuficiente para que passem dois carros simultaneamente. Ao atravessar a ponte, no município vizinho, o visitante pode conhecer a praia Maria do Carmo Abreu Sodré, primeira praia artificial de lazer às margens do rio Tietê.



Conhecendo a região



O passeio de barco é uma atração imperdível. A navegação tem como ponto forte a parada na eclusa, um elevador de águas que permite que a embarcação alcance a parte superior da represa. O passeio possibilita conhecer toda a margem do rio, em modernas e confortáveis embarcações, com passeios pela região e pela eclusa de Barra Bonita.



O Museu Histórico Municipal Luiz Saffi ocupa o prédio da antiga estação ferroviária.



Ao lado da barragem de Barra Bonita há uma estação de piscicultura que tem como missão a criação de peixes para repovoar, manter e equilibrar a população do rio. A visita precisa ser previamente agendada e o grupo é acompanhado pelo técnico responsável.

Aberto diariamente, das 8 às 22 horas, a Casa da Cultura Fernando Morais funciona no Centro Administrativo "Ary Francisco Maia" e consiste em um centro de convivência social, oferecendo cerca de 30 cursos para o desenvolvimento técnico e para o lazer da comunidade. O espaço também abriga exposições dos trabalhos desenvolvidos pelos alunos.

A Praça do Artesanato localiza-se em frente aos guichês de venda das passagens do porto de embarque para a viagem da eclusa. Os expositores são artesãos e artistas locais, como fotógrafos, designers, pintores, escultores e outros artistas.

Fundado em 8 de junho de 2000, o Memorial do Rio Tietê é um local onde se realizam exposições de fotos, livros, artesanato, maquetes, peças de embarcações e outros itens que contam um pouco da história do rio e das populações ribeirinhas.

Como todas as cidades que cresceram sob os auspícios da igreja católica, Barra Bonita conta com uma igreja, a Matriz de São José, localizada no meio da praça principal, que lhe dá nome. Sua construção de linhas góticas é valorizada por ricos altares e vitrais doados pelas famílias de Barra Bonita. Foi construída próxima à primeira capela, só demolida após a sua inauguração. Sua primeira missa foi rezada em 19/03/26.

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