Apoiar Roberto Rodrigues

Opinião
06/10/2005 18:49

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Arnaldo Jardim<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/03-2008/ajardim.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

"Estamos à beira da maior crise da agricultura brasileira em tempos recentes". O alerta foi dado por ninguém menos que o próprio ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues. Em se tratando de uma unanimidade, suprapartidária, entre todos aqueles que têm compromisso com o desenvolvimento do nosso agronegócio, o desabafo do ministro destoa do discurso oficial.

Em meio a uma política econômica cunhada por uma visão meramente monetarista, pautada pelo contingenciamento de investimentos e pela adoção de altas taxas de juros para combater a inflação, o seu discurso contundente em defesa do agronegócio já lhe rendeu o apelido de "ministro cricri".

Os motivos desta crise anunciada no setor agrícola há muito são conhecidos " principalmente, por aqueles que acompanham o dia-a-dia no campo, e estão baseados em um tripé formado por câmbio valorizado, falta de recursos e a adoção de altas taxas de juros.

O resultado desta equação é uma queda significativa na renda agrícola, da ordem de R$ 17 bilhões, entre 2004 e 2005, o que refletiu diretamente nos investimentos no campo. Com isso, registramos recuos de 40% no uso do calcário, 16% no uso de fertilizantes, redução de 25% no uso de semente e 20% de diminuição do uso de defensivos agrícolas. A única coisa que aumentou foi à inadimplência no setor, que mesmo contando com a rolagem da dívida de R$ 4 bilhões, deve encarar juros ainda maiores na próxima safra.

Teremos uma redução de 5% do volume físico da produção agrícola em 2005, devido à seca no Sul e da quebra de 10 milhões de toneladas de soja. Para 2006, se chover de forma satisfatória, a expectativa é de que a safra fique entre 115 milhões e 120 milhões de toneladas de grãos, mas qualquer contratempo climático pode derrubar o volume para 110 milhões. Vale lembrar que a estimativa inicial do Ministério da Agricultura para este ano era de 132 milhões de toneladas de grãos.

Essa redução significativa da produção agrícola poderá, segundo o próprio ministro, colocar o Brasil num paradoxo " "o País poderá chegar à contradição de ser temido no exterior como uma potência agrícola e ter de importar alguns alimentos em 2006". Afinal, atravessamos o ano passado com 11% de estoques sobre o consumo nacional. Este ano, a proporção será de 6%. Caso 2006 seja um ano ruim para a agricultura, podemos zerar os estoques e nos transformarmos em importadores de alguns produtos agrícolas.

Com se não bastasse, existe ainda a instabilidade promovida pelo próprio Governo Lula.

Passamos por dificuldades em relação ao plantio de transgênicos, em que o governo hesitou e demorou por uma definição, atrasando o plantio e gerando uma incerteza desnecessária nos produtores de soja.

Além disso, não se posiciona diante da temerária e crescente influência do Movimento dos Sem Terra (MST) no âmbito do Ministério do Desenvolvimento Agrário, o que tem fomentado instabilidade e apreensão no setor produtivo em todo o País.

Diante de tantos impasses, o agronegócio avançou e o ministro Roberto Rodrigues foi, e tem sido, fundamental para isto. Está discussão não é uma disputa entre oposição e situação, não é uma querela política, é uma escolha entre produção e desenvolvimento em detrimento de uma visão meramente monetarista, que ainda prevalece no governo federal. Por conta disso, é de fundamental demonstrarmos nosso apoio o ministro Roberto Rodrigues nesta luta de titãs.

*Arnaldo Jardim

Engenheiro e Deputado Estadual (PPS-SP)

arnaldojardim@arnaldojardim.com.br

www.arnaldojardim.com.br

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