COWBOY COM SÍNDROME DE NAPOLEÃO - OPINIÃO
Geopolítica no mundo não é jogo de futebol onde se escolhe um time e passa-se a torcer fanaticamente, a despeito dos seus erros e acertos.
Principalmente após a queda do Muro de Berlim e do fim da Guerra Fria creio que aquela simplificação de divisão do mundo, entre bem e mal ou capitalismo e comunismo, está superada. Hoje, a questão colocada é a de promover o bem-estar interno nos países e ao mesmo tempo garantir o equilíbrio e a paz no mundo.
Sob este ponto de vista, a atuação dos Estados Unidos tem sido lamentável. George W. Bush tem ignorado olimpicamente as questões políticas, econômicas e sociais que permeiam as relações internacionais. Age movido por um nacionalismo pueril e pela incapacidade de assumir o papel de dirigente da nação mais poderosa do planeta e, portanto, com extrema responsabilidade pelos destinos da humanidade.
Vitimado por um desejo de se transformar em Napoleão do Século XXI, o presidente americano mexe as peças do xadrez internacional de forma atabalhoada: insiste no protecionismo à agricultura e ao aço americano; omite-se em relação aos conflitos Israel-Palestina; apoia a tentativa frustrada de golpe contra o presidente venezuelano, democraticamente eleito, Hugo Chávez; consegue a demissão do embaixador brasileiro José Maurício Bustani, diretor da Opaq - Organização para a Proscrição de Armas Químicas, da ONU; organiza um Estado policialesco que cerceia as liberdades individuais em seu próprio País.
Tenho muito medo dessa pretensão de Bush demonstrar ser o xerife do mundo, capaz de arbitrar e solucionar conflitos à luz de uma lógica provinciana onde o que vale é o interesse restrito e fragmentado do povo americano. Nesta lógica não existe mundo, não há preocupação com as desigualdades sociais entre os povos e nem contam as diferenças culturais ou a soberania dos outros povos.
Acho impossível construir a paz se este desejo não for transformado em ação concreta. Quem apenas subjuga não quer a paz, mas a capitulação. Na capitulação não há paz, mas o silêncio tumular dos cemitérios ou a lamúria das prisões.
Povo nenhum se submete feliz. Não se pode, portanto, exigir racionalidade quando não se é racional.
Voltemos a algumas questões já citadas.
O protecionismo à agricultura e ao aço americano significa uma bordoada muito forte em economias emergentes que dependem de novos mercados para gerar riqueza, combater as desigualdades internas e promover o desenvolvimento sustentado. É o caso do Brasil, por exemplo, que depende enormemente do fim das barreiras protecionistas aos produtos agrícolas e ao aço para sair do círculo vicioso da dependência externa e inaugurar um ciclo virtuoso de riqueza e prosperidade.
A omissão olímpica dos Estados Unidos em relação ao Oriente Médio alimenta o terrorismo e o radicalismo islâmico que culmina no torpe atentado de 11 de setembro de 2001 em Nova York e se estende num sangrento conflito Israel/Palestina, no qual o Estado de Israel lança mão da Lei do Talião, como forma de legitimar práticas terroristas condenáveis.
O apoio, mesmo que disfarçado, ao golpe contra o presidente eleito da Venezuela Hugo Chávez é um grave atentado contra a consolidação democrática da América Latina, algo tão caro aos habitantes do continente, cuja construção é acalentada pelo esforço de forças políticas de matizes ideológicas diferenciadas, mas imbuída da certeza da opção democrática como modelo estrutural.
A demissão de Bustani da Opaq é na verdade uma reação truculenta contra a postura independente do embaixador na questão da vistoria de armas químicas e tem muito a ver com o desejo cego dos EUA em invadir o Iraque.
Quem visita hoje os EUA percebe no dia a dia da vida dos cidadãos o crescimento de uma sociedade policialesca, de restrição aos direitos civis e de fomento à indústria bélica, o que nos remete a situações históricas semelhantes, de final nada feliz.
Dentro das nossas limitações cabe-nos aumentar a vigília e a indignação ante a voracidade imperialista do xerife Bush. Afinal, o que está em risco é a paz e o futuro da humanidade.
*Arnaldo Jardim, deputado estadual, é engenheiro civil, foi Secretário da Habitação (1993) e é Presidente Estadual do PPS.
Notícias mais lidas
- Alesp aprova aumento de 10% no Salário Mínimo Paulista, que passa a ser de R$ 1.804
- Alesp recebe audiência pública em defesa dos servidores do Tribunal de Justiça de São Paulo
- Lei que transformou dor de família em ações que salvam milhares de vidas completa 10 anos
- Encontro na Alesp define reivindicações de servidores da Polícia Civil ao Executivo
- Veículos híbridos de SP terão isenção do IPVA por dois anos; confira regras aprovadas pela Alesp
- Governo envia à Alesp projetos com diretrizes orçamentárias para 2026 e reajuste do mínimo paulista
- Reajuste salarial de servidores é tema da 56ª Sessão Ordinária da Alesp; assista à transmissão
- Dia Nacional do Café: como a pesquisa científica gera tecnologia no agro e desenvolvimento para SP
- Alesp aprova e estado de SP terá novo serviço de fiscalização de alimentos de origem vegetal
Lista de Deputados
Mesa Diretora
Líderes
Relação de Presidentes
Parlamentares desde 1947
Frentes Parlamentares
Prestação de Contas
Presença em Plenário
Código de Ética
Corregedoria Parlamentar
Perda de Mandato
Veículos do Gabinete
O Trabalho do Deputado
Pesquisa de Proposições
Sobre o Processo Legislativo
Regimento Interno
Questões de Ordem
Processos
Sessões Plenárias
Votações no Plenário
Ordem do Dia
Pauta
Consolidação de Leis
Notificação de Tramitação
Comissões Permanentes
CPIs
Relatórios Anuais
Pesquisa nas Atas das Comissões
O que é uma Comissão
Prêmio Beth Lobo
Prêmio Inezita Barroso
Prêmio Santo Dias
Legislação Estadual
Orçamento
Atos e Decisões
Constituições
Regimento Interno
Coletâneas de Leis
Constituinte Estadual 1988-89
Legislação Eleitoral
Notificação de Alterações