Contribuição das mulheres negras na construção da sociedade é tema de debate na Assembléia


05/10/2007 19:15

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SOS Racismo promove palestra As Mulheres Africanas e as Mulheres Brasileiras na Construção da Sociedade<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/03-2008/racismo4177marco.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Professora Deise Benedito, coordenadora da Área de Articulação Política e Direitos Humanos da ONG Fala Preta<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/03-2008/RACISMODeiseBenedito03marco.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

O SOS Racismo da Assembléia promoveu nesta sexta-feira, 5/10, a palestra As Mulheres Africanas e as Mulheres Brasileiras na Construção da Sociedade, ministrada pela professora Deise Benedito, coordenadora da Área de Articulação Política e Direitos Humanos da ONG Fala Preta. Participaram também do debate Cibele Martins Ribeiro, da Liga de Capoeira de Diadema; Márcia Regina D. Silveira, da Comunidade Negra Campanário; Letícia Stonchi Pereira dos Santos, estudante de Ciências Internacionais Diplomáticas e intercambista da USP; Enilda Lúcia Suzart M. Rodrigues e Sônia M. de S. Rarindo, da Educafro; Kinsam R. Oliveira, da Secretaria de Educação de Diadema e Aguinaldo Alves dos Santos, colaborador do SOS Racismo.

Deise Benedito apresentou slides com imagens de organizações criadas por mulheres negras ao longo do tempo como evidência da atuação social e política do segmento e sua participação na construção da sociedade brasileira. A Irmandade de Nossa Senhora da Boa Morte, exemplo pioneiro dessa organização, foi fundada por mulheres negras, em 1830, com o intuito de alforriar escravos ou favorecer sua fuga, no Estado da Bahia. Segundo a palestrante, a irmandade derivou-se de atividade relacionada ao comércio de rua realizado pelas "escravas de ganho". As integrantes da irmandade eram justamente mulheres oriundas desse trabalho que usavam os recursos assim adquiridos para comprarem suas cartas de alforria e a dos filhos. Para Deise Benedito, essa atividade das mulheres escravas em nada difere da venda feita por camelôs mulheres e negras, hoje em dia, nos terminais rodoviários e estações de metrô para conseguir recursos "para visitarem seus filhos na cadeia".

A professora deu outros exemplos dessa atuação e também da consciência sobre a importância da educação como meio de conquistar cidadania. A formação da Frente Negra Brasileira de Educação, em 1930, tinha justamente o objetivo de alfabetizar crianças e adultos negros para promover sua inserção na sociedade.

Deise Benedito também fez paralelo entre a bula papal que autorizou o rei de Portugal, dom Afonso, a invadir a costa da África, e capturar pessoas da raça negra por considerá-los fora da cristandade, com o extermínio de homens jovens e negros pelas forças de segurança no país, na atualidade.

Para reverter o quadro de discriminação, exclusão e morte precoce, as principais reivindicações do movimento negro feminino resumem-se na elaboração de políticas públicas afirmativas voltadas para mulheres negras como medida de reparação histórica (social, econômica e cultural). Dentre essas ações, Deise Benedito destacou que o Estado brasileiro tem que garantir o cumprimento da Constituição Federal que estabelece a eqüidade entre as diferentes raças. Mas também incluiu o estabelecimento de metas específicas para redução de mortalidade materna e oferta de serviços essenciais para evitar o óbito, como atendimento pré-natal e acesso à informação sobre direito sexual e reprodutivo, entre outros. A aprovação de legislação específica também foi defendida pela professora e o papel da Assembléia como pólo dessa discussão e elaboração recebeu destaque.

alesp